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Plataforma registra mais de 720 ocupações irregulares na capital paulista

Plataforma desenvolvida pela FAU USP também identifica casos de ameaças e remoções, reintegrações de posse e despejos

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Por: Redação

Publicado em 09.03.2017 | 14:46 | Alterado em 09.03.2017 | 14:46

Tempo de leitura: 3 min(s)
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Crédito: Agência Brasil Fotografias

Uma das maiores ocupações da capital, a Água Espraiada possui dezenas de favelas e passa por diferentes distritos, como Itaim Bibi, na zona oeste, Campo Belo e Jabaquara, na zona sul. Segundo Karina Leitão, professora da FAU USP, e uma das coordenadoras do Observatório de Remoções, as ocupações da Água Espraiada estão em uma área de 9 km de extensão. Além disso, calcula-se que haja na região, 8.500 famílias sob ameaça de remoção.

Os interesses para desocupar a área também são diversos, como a construção de um parque linear e a construção da linha 17-Ouro, do Metrô. Os conflitos ocorrem desde o começo da década de 90 e algumas favelas já sofreram com incêndios.

A ocupação Água Espraiada foi mostrada no último sábado (4), durante a apresentação do Observatório de Remoções, projeto desenvolvido pela FAU USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) e pela Universidade Federal do ABC.

Nessa plataforma, um mapa participativo mostra 720 ocupações irregulares na cidade de São Paulo, identificando os casos de ameaças e remoções, reintegrações de posse e despejos. Casos da Grande São Paulo também são apontados.

A apresentação foi acompanhada por discussões sobre o direito à moradia e ilustrada pelas ocupações acompanhadas pelos pesquisadores do Observatório desde 2015.

Outro caso apresentado foi o da ocupação Douglas Rodrigues, na Vila Maria, zona norte. Ela nasceu em 2013, já passou por incêndios e vive sob ameaça de reintegração de posse. A área é particular, mas estava abandonada, argumentam os moradores e o Observatório.

De acordo com Raquel Rolnik, professora da FAU USP e coordenadora do Observatório, a função do mapa participativo não é apenas registrar uma ocupação. “Isso é importante, mas o que mais interessa é entender o que está acontecendo e quem está envolvido”, diz.

Uma das questões destacada no evento foi o motivo do crescimento das ocupações. “O problema de renda é o principal fator de chegada na ocupação”, afirma Carolina Sacconi, arquiteta, urbanista e pesquisadora do Observatório.

“Muita gente vai para o movimento porque não pode pagar o aluguel. Se pagar, não tem como se alimentar”, ressalta Luciana Bedeschi, advogada e pesquisadora.

A história da auxiliar de limpeza Cíntia Lúcia Castilho, 43, ilustra as falas das pesquisadoras. Há quatro anos, ela se mudou com o marido e os filhos para a ocupação Aristocrata, no distrito do Grajaú, zona sul, pois não tinha condições de pagar o aluguel que custava R$ 400. “Achei ótimo. Quando chegar em casa, já vou entrar”, diz Cíntia ao ser questionada sobre o mapa.

Ao acessar a plataforma, é possível conhecer mais das histórias de outras ocupações, ver o status delas – se houve remoção, se está sob ameaça, quantas famílias vivem no espaço – e por qual motivo há interesse de retirar os moradores do local. Os dados são abertos e qualquer pessoa pode baixar um arquivo com todas as informações.

O 32xSP verificou que até o dia 6 de março havia 885 registros, sendo 720 somente da capital paulista. Desse número, 82,2% indicam ameaça de remoção, 10,3% são locais que já sofreram remoções, 7,1% tiveram remoção parcial e 0,4% está com status “mediar”. O principal motivo para as remoções é a urbanização de favelas. A plataforma já está ativa desde o segundo semestre de 2016.

Avaliação sobre habitação em São Paulo

De acordo com o Irbem 2017 (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município de São Paulo), pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope, a área de habitação apresenta uma avaliação baixa. No quesito políticas de reurbanização das favelas, a média é de 2,8. Já para oferta de planos habitacionais para todas as faixas salariais, a média não passa de 3.

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