Pessoas que vêm passado por mudanças por causa do impacto do coronavírus relatam o que têm feito para equilibrar o orçamento
Por: Redação
Notícia
Publicado em 15.04.2020 | 18:11 | Alterado em 22.11.2021 | 16:00
A renda de muita gente diminuiu por causa da quarentena. Mas os boletos não param de chegar. E quais as medidas vêm sendo tomadas em relação às contas de luz e de água?
Para o meses de abril, maio e junho, a Agência Nacional de Energia Elétrica decidiu não cortar a luz de quem estiver devendo esses meses; o governo federal isentou o pagamento de quem é beneficiário da “Tarifa Social” e tem consumo mensal de energia elétrica de até 220 quilowatts hora; e a Sabesp isentou o pagamento de água e esgoto dos clientes das categorias Residencial Social e Residencial Favela.
Apesar dessas medidas, a população ainda segue correndo atrás de equilíbrio financeiro. Para saber como os moradores das periferias estão organizando as contas durante essa crise, o “Em Quarentena” conversou com algumas pessoas que têm passado por mudanças desencadeadas pela chegada do coronavírus.
O podcast da Agência Mural também bateu um papo com um educador financeiro que compartilhou dicas que podem ajudar a melhorar a saúde financeira de todos.
Jéssica, que mora em São Lourenço, em Minas Gerais, perdeu o emprego e disse que precisou mudar a vida do avesso para manter as contas em dia. “Voltei a morar com meus sogros, para poder poupar aluguel. Mas aqui ainda ajudo nas despesas”. (ouça a partir de 01:01)
Luane, de Osasco, na Grande São Paulo, disse que ainda não está passando perrengue, mas já está aflita. “Estou preocupada com meu futuro financeiro porque sou estagiária e com a crise não sei se a empresa estará em boas condições para me efetivar. Não sei se a empresa daqui a alguns meses vai sobreviver e se não, quem será cortado?”. (a partir de 01:16)
O psicólogo Ronny, que perdeu pacientes desde que a pandemia começou, também compartilhou estar inseguro com o futuro financeiro. “Está bem difícil. No mês passado consegui pagar minhas contas em dia. Nesse mês, não sei como será. As minhas contas vencem mais para o final do mês, então vamos ver como vai ficar”. (ouça em 01:51)
Ele contou também que está tentando negociar algumas contas. “Houve uma redução drástica na minha renda. Com isso fui obrigado a pedir também redução no meu aluguel. Tive que entrar em contato direto com a proprietária e negociar. Consegui uma redução mínima, de uns 10%”. (em 02:07)
Murilo Duarte, vive na zona norte de São Paulo. Ele é educador financeiro e tem um canal no youtube chamado “Favelado Investidor” que é voltado para os moradores das periferias. Ele compartilhou a primeira coisa que deve ser feita por quem deseja iniciar uma organização financeira.
“Identificar gastos excessivos e supérfluos, que são aqueles que a pessoa não precisa consumir, que é mais por questão de desejo do que necessidade. Eu acredito que nessa fase de quarentena a gente tem que priorizar a questão de necessidade, como alimento”. (em 02:47)
O educador financeiro enfatizou que reduzir o tempo no banho é uma boa maneira de economizar na energia elétrica. “Se uma pessoa demora 20 minutos por dia no banho, ela consome mais ou menos 100 reais [por mês]. Isso, sendo três pessoas [na casa]. Só de cortar para sete ou cinco minutos o banho, a economia é de pelo menos de 30 a 35% na conta de energia elétrica”. (em 04:13)
Ele reforçou também a importância de tentar manter uma reserva de emergência. “Ela é fundamental para esses momentos de crises. O recomendado é a que a pessoa junte seis meses do seu custo mensal de vida. Vamos supor que a pessoa recebe 1.200 reais e tem um custo de vida de 1 mil. Ela teria que ter na reserva 6 mil reais”. (em 05:16)
No caso dos empreendedores e microempreendedores informais, Murilo disse que o cálculo deve ser o mesmo, porém o período de reserva salta para 12 meses.
A moradora de Osasco, Luane, confessou que não controlava muito bem sua vida financeira, mas recentemente resolveu mudar isso. “Comecei a botar meta na minha vida e que começaria a me organizar financeiramente, para limpar meu nome e reduzir meus gastos. Hoje, tenho planilhas mensais de quanto eu recebo e quanto gasto, num aplicativo. E assim, consigo me organizar melhor e não extrapolo”. (em 05:56)
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #17: Os boletos e a pandemia.15
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Viver em meio ao coronavírus não deve estar sendo fácil para ninguém. Imagina então para quem vive nas periferias.
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