Moradores da zona leste da capital do Ceará falam como estão as coisas por lá em meio à pandemia e comentam o uso de máscaras com o calorão da cidade
Por: Redação
Notícia
Publicado em 28.07.2020 | 18:50 | Alterado em 29.07.2020 | 12:18
O “Em Quarentena” viajou mais uma vez para saber como estão as coisas em meio à pandemia em outro estado. Desta vez, a conexão online percorreu 3 mil quilômetros e chegou ao bairro Engenheiro Luciano Cavalcante, periferia de Fortaleza, capital do Ceará.
Durante a quarentena, entre os dias 8 e 14 de maio, o bairro, que fica na zona leste da capital cearense, registrou uma das maiores taxas de isolamento social do município.
Em conversa com três moradores da região, o podcast da Agência Mural descobriu que o calorão do nordeste está tornando mais difícil o uso de máscaras de proteção. E que, assim como em São Paulo, lidar com o isolamento social e a flexibilização da quarentena está sendo desafiador.
A diarista Ana Lúcia Romão falou sobre o clima da cidade que chegou a marcar 30°C em alguns dias de junho. “Tem dia que não tem vento. É muito calor. Então se você pudesse, para onde fosse, quando tá quente, andaria com um ventilador. Porque você toma banho e ainda usa ventilador. E nesse calor, usar essas máscaras é sufocante”. (ouça a partir de 00:50)
Fortaleza também está avançando no plano de flexibilização da quarentena, e com isso, muitas pessoas já retornaram ao trabalho desde o início de junho. E quem falou sobre a dificuldade do uso de máscaras durante o expediente foi Marving Romão, filho de Ana Lúcia, que trabalha como repositor numa loja no centro da cidade.
“Usar máscara é bem difícil porque o calor é muito grande. A gente acaba suando muito. E quem trabalha no centro de Fortaleza, nem todos [os comércios] têm ar condicionado. As lojas são muito quentes, são só ventiladores. É difícil ter uma loja que tem ar condicionado. O calor acaba aumentando mais e mais. Sem falar que a gente também usa a proteção de plástico na frente. Tudo isso para se sentir mais seguro” (a partir de 01:32)
Marving também contou como ficou a rotina da capital cearense com a quarentena e o lockdown, isolamento mais rígido adotado pelo governo do estado entre os dias 8 e 31 de maio. “Fortaleza parou. Porque bares eram abertos 24h. Churrascarias. Fora os shoppings que tiveram que fechar. Nas praias eram muita gente, todo final de semana” (em 03:59).
Ele também comentou como estão as coisas com a flexibilização que tem permitido a reabertura da economia aos poucos. “As praias ainda estão proibidas, mas acaba que sempre tem um pessoal querendo tomar banho e são dispensados pela fiscalização. Fortaleza mudou muito. O trânsito também mudou. Era muito trânsito, muita gente nas ruas”. (em 04:28)
Até 24 de junho, Fortaleza concentrava o maior número de infectados por Covid-19 no Ceará, com 3.173 mortes e 33.908 diagnósticos positivos da doença. Por isso, muitos dos trabalhadores da cidade que precisam sair de casa para trabalhar, ainda sentem muito medo.
Quem falou sobre isso foi Katiana Rodrigues, que é operadora de caixa em uma loja de utensílios doméstico. “O medo maior que eu tenho é de me contagiar. Onde eu trabalho, muitas pessoas passam pelo caixa. Quando eu olho aquela fila, nossa senhora eu fico imaginando, esse povo que pode ficar em casa, poderia estar em casa, daí não fica e eu tenho que estar ali, atendendo todo mundo, então o medo maior mesmo é de me contagiar”. (em 05:24)
E além de falar sobre medo, os entrevistados comentaram sobre o que está sendo mais difícil em meio à pandemia. Para Ana Lúcia, a saudade de seus familiares é algo que está batendo forte. “Muita saudade da família que mora no interior. A gente não pode ir lá para vê-los. Nem eles podem vir aqui. Está sendo muito difícil”. (em 06:53)
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #60: Calor em Fortaleza dificulta o uso de máscaras.
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