O podcast da Agência Mural abre os bastidores de como tem sido contar as histórias de quem enfrenta o coronavírus nas periferias
Por: Redação
Notícia
Publicado em 25.05.2020 | 22:46 | Alterado em 22.11.2021 | 15:53
Exatos 62 dias em quarentena. Este é o período oficial desde que foi decretado o isolamento social no estado de São Paulo. E o “Em Quarentena”, podcast da Agência Mural, chegou ao episódio de número 40.
E para registrar o simbólico número, este programa foi dedicado aos bastidores da produção diária deste podcast: como ele surgiu, quantas histórias já foram contadas, como está sendo o retorno dos ouvintes e até como ele foi parar em rádios na Europa.
No final de todo programa, o apresentador Vagner de Alencar sempre compartilha o desejo de ‘que tudo isso passe logo’.
A Agência Mural, há quase 10 anos, vem cobrindo o cotidiano das periferias para mostrar que elas não são o berço do tráfico e da violência como você está acostumado a ver na televisão ou na banca do jornal. Com a pandemia, o foco de toda a equipe passou a ser a cobertura da Covid-19.
Desde o início, a missão deste podcast foi não só informar sobre o coronavírus com o número de casos ou mortes, por exemplo, mas trazer relatos de moradores, conversar com os especialistas e tentar mostrar soluções possíveis.
Ao longo desses 40 episódios, o programa entrevistou mais de 120 moradores de periferias. Além de moradores da Grande São Paulo, participaram moradores de Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Bahia e Pará. “A gente tem apenas um barco hospital, que faz atendimento às populações de 72 comunidades”. (ouça a partir de 01:35) “Nós trabalhamos com diversas formas de conscientização, através de paródias e também palestras”. (a partir de 01:43)
O podcast também contou com a participação de médicos, terapeutas, psicólogos, educadores e enfermeiros. “Propor brincadeiras na realização das próprias tarefas”. (ouça em 01:55) “A primeira indicação é que os comerciantes não tenham contato físico entre os funcionários e os clientes”. (em 01:59)
O “Em Quarentena” mostrou que a pandemia impactou a vida dos jogadores de futebol de várzea e dos cantores de forró. Falou também sobre a falta de internet, das dificuldades para conseguir o auxílio emergencial e de como está sendo dar e ter aulas à distância.
“O que temos visto são dois Brasil. O do home office, da quarentena, do álcool gel e da máscara e um Brasil das pessoas que a fome já está chegando, de que mora em cima dos córregos, que está sendo demitido. E muitos que não foram demitidos continuam lotando os ônibus”. (em 02:23)
Este programa começou no quintal da casa do apresentador Vagner, um dia antes do decreto oficial da quarentena em São Paulo, em 23 de março. A ideia foi de Anderson Meneses, que é o diretor de negócios da Mural.
“Quero dizer como governador do estado de São Paulo, que a partir da próxima terça-feira, dia 24 de março, nós decretamos quarentena”. (em 02:47)
“São medidas importantíssimas, no tempo adequado, que consistem com o melhor que nós estamos vendo”. (em 02:58)
E desde então, ao longo dos dias, Vagner passou a gravar, do seu quarto mesmo, quando o cachorro do vizinho dava uma trégua ou quando a molecada parava de gritar “pega ladrão” na rua.
A Agência Mural sempre se preocupou em levar para você, ouvinte, com todos esses diferentes sotaques, problemas e soluções, angústias e alternativas que só quem mora na periferia entende.
A repórter Ana Beatriz Felício, moradora de Carapicuíba, na Grande São Paulo, é responsável pela produção incrível deste trabalho. Ela fez todas as entrevistas que o podcast apresentou.
Ingrid Fernandes, social media da Mural, é responsável por fazer chegar esse áudio aos seus ouvidos.
O “Em Quarentena” é fruto de um trabalho coletivo. A Agência Mural conta com quase 80 correspondentes espalhados pela região metropolitana de São Paulo.
E ele foi parar na rádio alemã Deutsche Welle, que produz reportagens em 30 línguas. A Europe 1, uma das principais emissoras de rádio da França, também fez com que este programa fosse conhecido por todos os franceses.
Ao longo desses episódios, o podcast compartilhou conversas com vários jornalistas daqui do Brasil e até inspirou um cursinho popular do Grajaú a criar seu próprio programa.
São muitas as mensagens de ouvintes. Uma delas é de uma professora que disse que está usando o “Em Quarentena” em suas aulas online.
E tem até quem melhorou a alimentação depois de ouvir um dos nossos episódios, que, inclusive, estão sendo transmitidos em programações de rádios. Sendo quatro em São Paulo, uma no Pará e outra no Rio Grande do Sul. Uma delas é a rádio CBN, abaixo está um trechinho do exato momento da transmissão.
“A gente está acompanhando bem de perto o trabalho do pessoal da Agência Mural. Eles tem feito diariamente um podcast, Em Quarentena, trazendo o relato de pessoas que estão vivendo a pandemia nas áreas periféricas da Grande SP”. (em 05:20)
Como a Agência Mural quer que todas essas histórias sejam espalhadas por aí, o “Em Quarentena” está em todo lugar. No Spotify, no Youtube, no Instagram e no Facebook. Só no WhatsApp, são mais de 1000 pessoas que acompanham o programa de segunda à sexta-feira.
A Agência Mural agradece a todos vocês por nos acompanhar durante todo esse tempo.
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #40: Como contamos mais de 100 histórias sobre as periferias do Brasil.
Podcast Em Quarentena
Viver em meio ao coronavírus não deve estar sendo fácil para ninguém. Imagina então para quem vive nas periferias.
O “Em Quarentena” é o podcast especial que a Agência Mural de Jornalismo das Periferias criou neste momento da pandemia. Queremos informar, com notícias do dia a dia, quem mais precisa se virar meio a esse caos.
Você pode receber o podcast diretamente no seu Whatsapp, enviando um “Oi” para +55 11 9 7591 5260. Ouça também no Instagram, Youtube, Spotify, Deezer, Apple e Google Podcast.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.
Envie uma mensagem para [email protected]
Artesão do Grajaú, Miltão Pipas deixa legado sobre as brincadeiras infantis nas quebradas
Grupo de rock negro leva Candomblé e ancestralidade para letras
‘Merecemos mais dignidade que a escala 6X1’, diz trabalhadora negra periférica
‘Quero retratar corpos que não são vistos como belo’, diz artista do Grajaú
Narrando cotidiano das periferias, escritor atípico de Itaquera denuncia desigualdade
Artesão do Grajaú, Miltão Pipas deixa legado sobre as brincadeiras infantis nas quebradas
Grupo de rock negro leva Candomblé e ancestralidade para letras
‘Merecemos mais dignidade que a escala 6X1’, diz trabalhadora negra periférica
‘Quero retratar corpos que não são vistos como belo’, diz artista do Grajaú
Narrando cotidiano das periferias, escritor atípico de Itaquera denuncia desigualdade
