3 milhões de estudantes estão matriculados na EJA, educação de jovens e adultos
Por: Redação
Notícia
Publicado em 01.06.2020 | 22:13 | Alterado em 09.10.2020 | 22:21
Neste episódio, o “Em Quarentena” traz relatos de uma galera que está voltando a estudar pelo EJA, a educação de jovens e adultos, que antigamente era conhecido como supletivo. Segundo o Censo da Educação Básica, mais de 3 milhões de estudantes estão matriculados nessa modalidade de educação, na qual cada série pode ser concluída em módulos de seis meses.
Assim como todos os outros estudantes das periferias, por conta do coronavírus, esses alunos do EJA também estão enfrentando dificuldades para estudar em casa.
Cíntia Gomes, que é repórter da Agência Mural e trabalhou por anos na cobertura de educação, explicou o que é a modalidade EJA.
“Ela permite que o aluno retorne à sala de aula e conclua os estudos em menos tempo. As aulas acontecem no período noturno, principalmente, porque os jovens e adultos, em sua maioria, já estão no mercado de trabalho e não conseguiriam estudar em outro horário”. (ouça a partir de 01:00)
Gomes fez uma reportagem sobre o EJA e defendeu que falar sobre o ensino de jovens e adultos é tão importante quanto falar de educação infantil.
“Quando a gente busca entender a rotina da educação básica, a EJA também está inserida. Então, é sempre importante a gente ter esse olhar e lembrar que falar dessa modalidade é essencial também”. (ouça a partir de 02:03)
Durante a pandemia, para educação de jovens e adultos, a Secretaria Municipal de Educação preparou um material impresso que está sendo entregue aos alunos. Apesar disso, a repórter contou que alguns professores da EJA identificaram dificuldades entre os diferentes perfis de seus alunos que são jovens, adultos e idosos para acompanhar o ensino de casa.
“Há uma diversidade em relação à etapa escolar de cada um, que exige um contato maior e, principalmente, tirar dúvidas pessoalmente. Porque essas pessoas estão em processo inicial de alfabetização”. (ouça em 02:30)
Ela também enfatizou que os educadores relataram dificuldades para conseguir falar com todos os alunos, já que, geralmente, os professores não têm acesso a telefone e e-mail da turma toda.
“A grande maioria tem WhatsApp, mas é preciso que seja feito via áudio. Nem sempre o material escrito é indicado para esses alunos, então o professor tem que adaptar [tudo] muito individualmente”. (em 03:08)
A auxiliar de cozinha Ilma Flor tem 37 anos e estuda no CIEJA (Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos) no Campo Limpo, na zona sul de São Paulo. Ela disse que o apoio dos professores tem sido fundamental desde o início da pandemia.
“Eles estão sendo muito atenciosos. Enviam mensagens no grupo, atividades para fazermos e tiram dúvidas. Mas não é a mesma coisa como na escola. A gente tem o apoio deles, mas está sendo difícil. Não tem como dizer que está bom, porque na verdade não está”. (em 03:59)
Ela tem dois filhos, um de 11 anos e outro de 15, e contou que, como todos estudam, eles se organizam para dividir o único computador que tem em casa. Disse ainda que tem aprendido muito com seus filhos.
“Estou aprendendo muito com eles, porque estamos sempre estudando juntos. A gente tira um momento do dia para estudarmos algo, lermos um livro ou debater algum assunto. Para quando voltarmos não estarmos tão perdidos”. (em 05:13)
Ilma compartilhou também que está agoniada para saber quando poderá voltar para a sala de aula. “Quando a gente está em casa ou em algum lugar e tem data para voltar [a rotina] é uma coisa. Mas quando você vê que passam dias e que não tem previsão de retomar, vai batendo o desespero”. (em 05:50)
Cíntia Gomes encerrou o programa defendendo a existência da EJA. “É muito importante que ela exista para que esses [estudantes] que não conseguiram concluir o ensino básico regularmente, possam fazer posteriormente”. (em 06:35)
Para saber mais sobre o EJA é buscar no google, digitando “educação de jovens e adultos”. Logo vai aparecer o site da Prefeitura. Isso vale para quem está em São Paulo ou qualquer outra cidade ou estado.
No site Agência Mural você confere outras reportagens sobre educação.
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #44: Como jovens e adultos estão estudando de casa nas periferias.
Podcast Em Quarentena
Viver em meio ao coronavírus não deve estar sendo fácil para ninguém. Imagina então para quem vive nas periferias.
O “Em Quarentena” é o podcast especial que a Agência Mural de Jornalismo das Periferias criou neste momento da pandemia. Queremos informar, com notícias do dia a dia, quem mais precisa se virar meio a esse caos.
Você pode receber o podcast diretamente no seu Whatsapp, enviando um “Oi” para +55 11 9 7591 5260. Ouça também no Instagram, Youtube, Spotify, Deezer, Apple e Google Podcast.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.
Envie uma mensagem para [email protected]