As duas maiores favelas de São Paulo, com 100 e 200 mil moradores, respectivamente
Por: Redação
Notícia
Publicado em 09.04.2020 | 23:07 | Alterado em 16.12.2020 | 19:19
Paraisópolis e Heliópolis são as duas maiores favelas de São Paulo, com 100 e 200 mil moradores, respectivamente. O “Em Quarentena” foi conferir o que a população está fazendo para enfrentar a Covid-19.
“A palavra favela sequer tem sido pronunciada. É como se 13 milhões de brasileiros não existissem neste país. Então o que temos visto são dois brasis. Um do home office, da quarentena, álcool gel e da máscara. E outro Brasil das pessoas que a fome já está chegando, que moram em cima dos córregos e que estão sendo demitidas”. (ouça a partir de 00:01)
Quem abriu este episódio com esta fala acima é Gilson Rodrigues, líder comunitário de Paraisópolis, que fica na zona sul e é a segunda maior favela de São Paulo, atrás apenas de Heliópolis.
“Criamos um comitê das favelas, uma rede de solidariedade. A cada 50 casas, nós temos um morador voluntário que é presidente de rua. Ele é responsável por fazer a distribuição de doações que chegam, mas principalmente, por pedir socorro acionando as ambulâncias”. (a partir de 01:23)
O líder explicou que como o SAMU não atende a comunidade, o comitê contratou ambulâncias. “São três, sendo duas básicas e uma UTI. E um grupo de sete profissionais, com dois médicos, que ficam 24 horas aqui na comunidade para atender a população que mais precisa”. (ouça em 01:48)
Além de garantir o acesso ao socorro, eles estão construindo hospitais de campanha em duas escolas estaduais. “Elas vão abrigar 500 pessoas, para que elas possam fazer isolamento. São pessoas que testaram positivo e que no grupo familiar tenham idosos ou doentes crônicos”. (em 02:15)
Preocupados em fortalecer a imunidade das pessoas eles ainda têm distribuído diariamente duas mil marmitas, com planos de aumentar o volume.
Sueli é uma das criadoras da ONG “Costurando Sonhos”, que capacita mulheres em situação de vulnerabilidade social e vítimas de violência doméstica. “Emprestamos as máquinas da oficina para as meninas. Quando transportamos essas máquinas, descobrimos que na casa de algumas a energia elétrica não comportava uma máquina industrial. Tivemos que substituí-las por máquinas caseiras”. (em 03:32)
Ela também compartilhou que com a iniciativa, o projeto alcançou outras comunidades que estão produzindo máscaras para serem distribuídas. (em 04:06)
Karoline é moradora de Heliópolis, também na zona sul de São Paulo, e falou sobre a solidariedade entre os moradores. “Muitos têm trabalhado, voluntariamente, na organização das arrecadações que temos recebido. A gente está tentando se ajudar. Uma mão lava a outra”. (em 04:43)
Ela também reforçou as dificuldades financeiras que as famílias têm enfrentado com a chegada do coronavírus. “Deu um baque na renda familiar de muitas famílias, inclusive na minha. A firma do meu pai não está pagando e da minha irmã demitiu. A minha está pagando, ainda bem. Mas, ainda assim, fica difícil, aqui em casa são oito pessoas”. (em 05:05)
Aluízio Marino é educador social e faz parte do projeto “Observatório De Olho na Quebrada”, que desenvolve pesquisas sobre a região onde está a comunidade. Ele ajudou a desenvolver um estudo que mostra que 65% das famílias de Heliópolis já deixaram de trabalhar ou estudar depois das orientações de isolamento.
“A gente percebe que quanto menor a renda, maior o impacto das medidas de isolamento social. Maior os impactos relativos à economia dessas famílias. Isso reforça a necessidade das políticas emergenciais de uma renda básica”. (em 06:07)
Tanto Paraisópolis quanto Heliópolis criaram vaquinhas virtuais para arrecadar dinheiro.
As doações para Paraisópolis podem ser feitas pelo site esolidar.com. É só buscar o nome da favela no campo de pesquisa.
Já para Heliópolis, as contribuições podem ser realizadas pelo site benfeitoria.com/helipa ou pelo UNAS, ligando (11) 2272-0140.
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #13: Como Paraisópolis e Heliópolis estão combatendo o coronavírus.
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