Localizada na zona sul, no distrito do Sacomã, na Cidade Nova Heliópolis vivem cerca de 200 mil pessoas, em um milhão de metros quadrados
Por: Redação
Notícia
Publicado em 11.11.2020 | 18:04 | Alterado em 22.11.2021 | 16:00
Neste episódio o “Em Quarentena” foi até o distrito do Sacomã, na zona sul, conversar com moradoras da Cidade Nova Heliópolis, a maior favela da capital.
As moradoras falaram sobre os desafios enfrentados por cerca de 200 mil pessoas que vivem por lá, em um milhão de metros quadrados. Para se ter uma ideia, o número de morador na região é maior do que a população de algumas cidades, como Poá, na grande São Paulo, por exemplo.
Antônia Cleide Alves e Patrícia Rodrigues, que vivem na região, abriram o programa descrevendo Heliópolis, respectivamente.
“Eu descreveria [Heliópolis] como uma cidade bem alegre, que está sempre movimentada e uma cidade muito animada. O que eu mais gosto são as pessoas, esse movimento mesmo que tem. Eu gosto do nome, Heliópolis, muito acolhedor, é sol, lembra o sol”. (ouça a partir de 00:01)
“O bairro aqui é bem tranquilo, calmo. Têm muitas ONGs, muitas coisas que gostam de ajudar as pessoas. Apesar do pessoal de fora achar que aqui dentro é perigoso, mas não tem nada a ver”. (a partir de 00:21)
Recentemente a Agência Mural foi até Heliópolis conhecer a UNAS, a União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região, uma ONG que existe desde 1978.
A moradora Antônia é presidente da associação e contou quais são os principais desafios para quem mora na região.
“O que eu vejo que a gente tem problema aqui é a questão do lixo, a gente não tem assim uma coleta seletiva, então a quantidade de entulho e lixo é muito grande”. (ouça em 01:29)
Ela mencionou também a falta de um espaço para juventude. “Um espaço cultural onde eles possam fazer as festas e as danças deles. E vejo também que falta muito aqui dentro, por ser uma cidade tem pouco investimento, por exemplo, é necessário também ter investimento para juventude nessa questão de formação, capacitação, geração de renda e empregabilidade”. (em 01:43)
De acordo com o mapa da desigualdade da Rede Nossa São Paulo, a taxa de emprego formal no distrito do Sacomã é de 1,5 posto de trabalho formal a cada dez habitantes em idade ativa, enquanto a média da cidade é de 4,8.
Outro desafio da região é a saúde pública. Ele foi apontado pela moradora Patrícia.
“Médicos. Mais médicos, principalmente pediatra. A gente que tem criança pequena, muitas vezes, chega lá e não tem pediatra. E remédios, porque até um medicamento simples como o dipirona, quando você chega lá, não tem”. (em 02:34)
No distrito do Sacomã, o tempo médio de espera para consultas na atenção básica é de 39 dias. A espera está acima da média da cidade, que é de 28. Já no distrito do Cambuci, no centro, esse tempo cai para 5 dias. Uma diferença enorme.
Durante a passagem por Heliópolis, a Agência Mural conheceu também duas moradoras muito especiais, a Eloá Carvalho, de 8 anos, e a Débora Moraes, de 11.
Elas compartilharam que na região o que mais gostam são dos amigos, das famílias e de brincar de queimada e futebol.
Questionadas sobre o que fariam para melhorar a vida das crianças de Heliópolis caso fossem as próximas prefeitas elas responderam.
“Colocar piscina, brinquedo, deixa eu ver, e cesta básica”, disse Eloá . (em 03:31)
Já Débora respondeu: “Eu iria entregar cesta básica na casa das famílias, dar brinquedo no dia das crianças e dar todo apoio que as famílias precisam”. (em 03:41)
Para saber mais sobre o distrito do Sacomã e outros subprefeituras de São Paulo, acesse o site 32xsp.org.br.
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #55 – Segunda Temporada – Em Heliópolis, moradores contam como é viver na maior favela de SP.
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