No dia 13 de abril o Ministério da Saúde incluiu as mulheres grávidas e aquelas com recém-nascidos no grupo de risco da Covid-19
Por: Redação
Notícia
Publicado em 28.04.2020 | 10:23 | Alterado em 21.08.2020 | 23:31
Como medida de segurança, no dia 13 de abril, o Ministério da Saúde passou a considerar mulheres grávidas e puérperas (o popular resguardo) como grupo de risco do coronavírus.
O “Em Quarentena” ouviu mulheres grávidas e outras que deram à luz recentemente para entender o que mudou no período e quais são as dificuldades do cuidado com o bebê e com a própria saúde.
Raquel Pereira é mãe da Helena, de apenas 18 dias. Elas moram em Guaianases, na zona leste de São Paulo. Embora por agora esteja tudo bem, Raquel contou que durante o nascimento da filha passou por um momento conturbado.
“Teve um caso gravíssimo de Covid-19. Uma gestante chegou já toda entubada e acabaram dispensando a gente porque a sala estava completamente contaminada”. (ouça a partir de 01:10)
A professora de enfermagem Maria Claudia Moreira da Silva falou sobre a medida do Ministério da Saúde de incluir as mulheres grávidas e aquelas com recém-nascidos no grupo de risco da Covid-19.
“Não há estudos, até o momento, suficientes que comprovem [o risco]. Mas mesmo assim elas foram incluídas por medida de precaução. Os bebês também são vulneráveis porque possuem o sistema imunológico mais imaturo”. (a partir de 01:37)
A moradora de Osasco, Natasha, grávida de sete meses, relatou que as gestantes que dependem da saúde pública estão enfrentando dificuldades para conseguirem atendimento no município.
“Antes o posto marcava [consultas], mas agora as UBSs não estão mais marcando consultas, nem ultrassons, não colhem exames e nem dão vacinas”. (ouça em 02:08)
Natasha contou ainda que não teve nenhuma orientação do seu médico para se proteger da Covid-19. “Ele não me alertou nada. Na última consulta que tive, ele só disse que meu nenê estava bem. Escutou o coração dele e disse que estava tudo bem. E foi uma consulta de meia hora”. (em 02:35)
Mayara é jornalista e também está à espera de uma menina, Aurora. Ela quer um parto humanizado e participa de um grupo de apoio às gestantes na Casa Ângela, um centro especializado no assunto. A jornalista falou sobre sua maior preocupação no atual momento.
“Me preocupo em parar em um ambiente hospitalar e ficar ali por horas expostas, não só Covid-19, mas a uma possível violência obstétrica, ainda mais agora nessa época de pandemia, em que está tudo atribulado para eles [médicos]”. (em 03:04)
No Brasil, desde 2005 é assegurado por lei o direito da mulher de ter um acompanhante no momento em que vai dar a luz. Apesar disso, Raquel, que teve a filha recentemente, relatou que não pôde contar com a presença do marido por causa dos casos de Covid-19 no hospital Waldomiro de Paula.
“A equipe que me socorreu no momento foi muito boa, eles me passaram muita segurança, apesar de eu ficar sozinha na sala de parto. No berçário, só quem entrava e saía para visitar minha filha era meu esposo ou eu. Fiquei dois dias sem vê-la e sem poder amamentá-la, pois a cirurgia foi de alto risco”. (em 03:52)
Danielle Lobato é repórter na Agência Mural e foi entender com a Secretaria Municipal de Saúde como fica a questão do acompanhante. Ela compartilhou o que apurou.
“O direito continua valendo desde que o acompanhante não tenha sintomas gripais e também é importante que não esteja no grupo de risco. Já nos procedimentos de cesarianas, alguns hospitais só vão liberar o acompanhante dentro da sala do centro obstétrico se houver disponíveis equipamentos de proteção individual”. (em 04:22)
Natasha, de Osasco, disse que já foi avisada que se as coisas continuarem como estão, também não terá o direito garantido. “Eu vou sozinha porque eles já avisaram que se prolongar [a quarentena] terá que ser assim. Mas não foi a UBS que me avisou, foi o próprio pronto socorro”. (em 05:04)
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #24: Mães com bebês recém-nascidos, grávidas e o cuidado na quarentena.
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