Imigrante Jordan Fields vive há 4 anos no Capão Redondo, na zona sul de São Paulo
Arquivo Pessoal
Por: Redação
Notícia
Publicado em 06.07.2020 | 17:59 | Alterado em 16.12.2020 | 18:35
O “Em Quarentena”, podcast da Agência Mural, conversou com Jordan Fields, professor de inglês e rapper estadunidense que mora no Capão Redondo há quase quatro anos e, mesmo com a pandemia, não cogitou voltar à periferia dos EUA.
Jordan nasceu e foi criado em Newark, em Nova Jersey, periferia dos Estados Unidos. Ele contou como eram as coisas por lá. “Na verdade Newark, em Nova Jersey, é um dos piores lugares que você poderia estar nos Estados Unidos. Não se você é brasileiro. Os brasileiros têm outra visão de Newark porque eles têm um bairro brasileiro-português […] e lá é muito bom. Eles não têm que atravessar os trilhos para chegar onde eu morava. Onde só tem preto, periférico e pobre” (ouça a partir de 01:07)
O professor falou, inclusive, sobre a violência na periferia onde nasceu e cresceu. “Aqui tem, tipo, facções criminosas que têm regras do que você pode fazer ou não. Lá é cada um por si. Se o cara não vai com a sua cara, quer dar um tiro em você. Se ele não gostar do jeito que você olhou, se você está com a roupa ou a cor errada, simplesmente, ele te dá um tiro. Isso é verdade. Isso acontece. Lá, todo mundo conhece alguém que morreu por besteira”(a partir de 01:52)
Ele também destacou coisas que gosta no Brasil. “Um churrasco vira um mini-show, as pessoas cantando, todo mundo ouvindo música, todo mundo junto até altas horas da noite. (em 02:24)
Como todos, o rapper também teve a rotina afetada pela pandemia do novo coronavírus e relatou porque preferiu passar por esse momento difícil na periferia de São Paulo do que na de Newark. “Seria pior do que aqui. E lá, eu não tenho convênio médico. Se eu ficasse doente lá, eu morreria ou quebraria. Seria curado, mas teria que pagar uns 5 mil dólares para usar um respirador. Então é melhor ficar aqui, onde tem SUS”. (em 06:16)
A mãe de Jordan mora nos Estados Unidos, em uma região, que segundo ele, é bastante afetada pela Covid-19. Ele falou um pouco sobre como está sendo para ela esse período. “Ela trabalha numa clínica que atende pessoas soropositivas. Ela tem 73 anos e ainda está trabalhando porque lá, a aposentadoria é muito difícil. É diferente daqui. E mesmo ela tendo trabalhado a vida inteira, não tem como pegar uma boa aposentadoria. Então, ela segue trabalhando, se arriscando na rua, enfrentando todas essas coisas”. (em 08:19)
A história do Jordan também está no site da Agência Mural em uma matéria feita pelo correspondente do Capão Redondo, Cléberson Santos, que escreveu sobre professores imigrantes.
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #67: Como é viver na periferia nos Estados Unidos?
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