Correspondente de Itaquaquecetuba fala sobre a situação no bairro Cidade Kemel, que pertence a quatro cidades
Andressa Menezes/Arquivo Pessoal
Por: Redação
Notícia
Publicado em 10.08.2020 | 13:34 | Alterado em 22.11.2021 | 16:00
Desde o dia 06 de julho, a cidade de São Paulo passou para fase amarela de flexibilização na retomada da economia, o que autoriza estabelecimentos como bares, restaurantes e salões de beleza reabrirem. Porém, algumas cidades da região metropolitana seguiram na fase laranja, o que gerou questionamentos sobre a eficácia da medida.
Algumas passaram para a fase amarela e depois voltaram para a laranja, caso da região de Osasco e Barueri no dia 8 de agosto.
Desde o começo da flexibilização, questionamentos ligados a proximidade das cidades da Grande São Paulo têm sido feitos e, para moradores, não está sendo levada em consideração pelo governo quando realiza atualizações do Plano São Paulo.
Um dos locais que viveu situação mais complexa é o bairro Cidade Kemel. O “Em Quarentena” ouviu Lucas Landin, correspondente de Itaquaquecetuba da Agência Mural, para entender como está a situação no bairro Kemel, onde tem ocorrido muita confusão por causa da proximidade das cidades.
“Eu sou vizinho de um bairro que se chama Cidade Kemel e para quem não conhece, esse é um bairro que tem uma geografia bastante peculiar porque ele é dividido entre quatro cidades. Uma parte do bairro pertence à capital, ao distrito do Itaim Paulista, outra parte pertence à cidade de Itaquaquecetuba, outra pertence à Poá e outra à Ferraz de Vasconcelos. Três cidades do Alto do Tietê”. (ouça a partir de 02:00)
Antes do início oficial da nova fase da flexibilização na Grande São Paulo, Lucas esteve na principal avenida da Cidade Kemel para verificar como estava o clima por lá e ficou surpreso com o que viu.
“Apesar da proibição da prefeitura, o que estava valendo mesmo era a palavra do estado, porque já estava tudo aberto. Conversando com lojistas e com alguns moradores, o que eu via, não era nem má fé. Era mesmo confusão. As pessoas estavam confusas porque era tanta informação […] elas não sabiam em qual confiar. (a partir de 02:38)
O correspondente comentou ainda sobre o sentimento de indignação que notou na população que vive nas cidades do Alto Tietê. “Um dos rapazes que entrevistei, que é morador da parte de Poá, fez questionamentos que não saíram da minha cabeça. Ele disse ‘poxa mas o coronavírus não atravessa a rua? Por que de um lado da avenida está liberado o comércio e do outro não?’ Mas na prática a gente vê que os lojistas abriram também do outro lado”. (a partir de 03:17)
Landin compartilhou também sua preocupação com o fato dos comerciantes estarem dando um ‘jeitinho’ para manter suas lojas abertas. “A população está burlando as regras e a minha preocupação é que o vírus está circulando”. (em 04:10)
Os moradores de Osasco, Carapicuíba e Barueri também estão vivendo uma situação parecida. Quem falou sobre essa situação foi Ana Beatriz Felício, nossa produtora aqui do “Em Quarentena”, que mora nessa região e recentemente escreveu um texto de opinião sobre o assunto para a Agência Mural.
“Analisando esse cenário e também conversando com pessoas que vivem nas cidades daqui, a sensação que eu tenho é de que o governo esqueceu que as cidades vizinhas são muito influenciadas pelo que acontece em São Paulo”. (em 07:47)
Ana compartilhou seus questionamentos sobre a forma como a flexibilização vem acontecendo. “Faz sentido para o morador que vai para São Paulo todos os dias, numa jornada de horas no transporte público para trabalhar, ver bar, restaurantes e salões de beleza perto da casa dele fechado, mas na rua onde ele trabalha tá tudo liberado? Faz sentido, literalmente, da ponte pra cá ser uma regra e da ponte pra lá ser outra?”. (em 08:33)
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #68: Reabertura na capital ignora proximidade das cidades da Grande São Paulo.
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