Educadores da rede pública contam como estão se adequando a quarentena
Por: Redação
Notícia
Publicado em 27.03.2020 | 18:29 | Alterado em 16.12.2020 | 18:32
Com as escolas fechadas, por causa do coronavírus, professores precisam se adaptar a uma nova realidade para seguir orientando seus alunos no período de recesso, que foi iniciado em 23 de março e no primeiro momento se estendeu até 9 de abril.
O “Em Quarentena” ouviu alguns educadores que relataram os principais desafios do momento.
A professora Letícia Camilo leciona aula de português e inglês em duas escolas públicas. Uma em São Miguel Paulista e outra em Guarulhos. Ela falou sobre as suspensão das aulas. “Na prefeitura fomos dispensados a partir de sexta-feira. Esse é o oficial. Agora, quanto a escola do estado a gente está de férias”. (ouça a partir de 00:38)
Quem também falou sobre o recesso foi Maria das Graças, professora de geografia no Guarapiranga, no extremo sul de SP. “Os dias de julho que a gente teria, entre aspas de férias, que na verdade é o recesso escolar, foi antecipado para agora”. (a partir de 01:08)
O professor de história, Reginaldo Lima, que dá aula em Pirituba, compartilhou sua preocupação com o futuro do calendário escolar, já que o governo não sabe o que virá pela frente e nem como será a reposição dessas aulas. “Essa semana, [o governo] mandou orientações para alguns professores que nós devíamos encontrar um meio de tentar falar com os alunos e oferecer algum tipo de orientação. Mas sem nos oferecer nenhuma estrutura”. (ouça em 01:41)
Edson Paiva, que ensina biologia no Jardim Ângela, contou para o podcast da Agência Mural como ele e alguns colegas estão se virando diante da situação.
“Nós estamos tentando contato com os alunos pelo WhatsApp e a direção da escola forneceu e-mail para que os pais pudessem entrar em contato. Montamos uma plataforma, que é o google classroom, e tentamos mandar material para que eles possam fazer em casa”. (em 02:10)
A professora Graça contou como se precaveu antes das escolas fecharem. “Deixei algumas atividades na escola, caso algum pai procurasse. Os gestores estão trabalhando e os inspetores de alunos estão sendo obrigados a ficar na escola, pelo menos dois, para proteger o patrimônio”. (em 02:35)
E o professor de história, Guilherme Ferraz, que dá aula em Osasco, explicou porque para ele é inviável trocar aulas presenciais por ensino a distância. “Nem todos os alunos possuem uma boa internet. Alguns não possuem acesso nenhum à internet”. (em 03:05)
Guilherme também exemplificou essa dificuldade de acesso à internet. “Tem um caso de um aluno na minha escola que é simbólico nisso. Ele era um excelente aluno, que até tinha acesso à internet pelo celular, mas que ele não podia ter uma banda larga em casa pela própria condição financeira da família e também porque ela não chegava na favela em que ele morava”. (em 03:23)
Ele ainda deixou uma reflexão. “Talvez o ponto positivo dessa quarentena para a escola, seja uma reflexão e maior consciência do que ela representa para nós. E que a gente precisa tratá-la com mais carinho do que a gente tem tratado até então”. (em 03:51)
E representando os alunos, Alana, de 11 anos, encerrou o episódio. “Eu sinto muita falta de ir pra escola e dos meus professores. Quando eu ia à escola, era a melhor coisa do mundo, mas agora com esse coronavírus não pode nem isso. Mas logo esse vírus vai embora, espero, e eu vou poder voltar para a escola porque educação é muito importante para todo mundo”. (em 04:03)
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #04: Professores falam do recesso antecipado e temem aulas a distância.
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