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Ponto viciado de lixo por 20 anos, muro no Ipiranga pode virar painel de arte

Conhecido como ponto viciado de lixo, o paredão da rua Abagiba, no Sacomã, na zona sul da capital, mudou a paisagem no último mês. O costumeiro entulho no local foi retirado pela Prefeitura Regional do Ipiranga e novos descartes foram empedidos após ação da GCM (Guarda Civil Metropolitana).

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Por: Redação

Publicado em 29.06.2017 | 11:08 | Alterado em 29.06.2017 | 11:08

Tempo de leitura: 3 min(s)

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Conhecido como ponto viciado de lixo, o paredão da rua Abagiba, no Sacomã, na zona sul da capital, mudou a paisagem no último mês. O costumeiro entulho no local foi retirado pela Prefeitura Regional do Ipiranga e novos descartes foram empedidos após ação da GCM (Guarda Civil Metropolitana).

“Há mais de 20 anos a rua Abagiba é alvo de descartes. Passamos a realizar operações noturnas para coibir a irregularidade”, afirmou o subinspetor Ricardo Cataldo, da GCM, ao prefeito local em vídeo publicado na página da regional. “Logramos êxito em pegar um dos caminhões filmados realizando descarte na via pública”, completou o guarda.

Segundo o morador Lucas André Martins, 23, a prática no local é antiga e, apesar da ação da polícia, reincidente. “Creio que por ser uma região majoritariamente de classe média, os pontos de descarte são mais pontuais e normalmente em locais mais periféricos.”

“Costumam ser os mesmos e a política de abordagem não muda, é deficiente. Normalmente são paredões”, assegura o estudante de técnico em meio ambiente.

A ação que apreendeu o descarte irregular ocorreu no fim de maio. Após a apreensão dos veículos, o prefeito regional do Ipiranga, Armandio Martins, visitou e filmou o local, acompanhado de dois subinspetores que participaram da detenção.

Para o jovem André Martins, no entanto, a ação é paliativa. “Eles mencionam 20 anos, mas não existe nenhuma visão diferente para tratar isso foi pensada”. Segundo o estudante, é preciso repensar o modo como está sendo abordado o problema, já que a área, considerada árida, contém um paredão que facilita o despejo de entulho.

Para Marli Jorge, 60, que trabalha no Seminário Nossa Senhora das Mercês, na rua Abagiba, o local foi limpo após passar na televisão sobre o problema. “Um jornal de tevê veio aqui mostrar a sujeira. No dia seguinte, já estava tudo limpo. Espero que não seja apenas em situações como essa”, afirma a funcionária do centro religioso.

Questionado pelo prefeito regional sobre a possibilidade de instalar uma guarnição da GCM no local, o subinspetor Cataldo explicou ao gestor, no vídeo, que a guarda civil não atua apenas na irregularidade do descarte de lixo.

“A GCM tem uma gama de atendimento a população de São Paulo que envolve vários outros fatores. Nós temos a proteção escolar, a proteção ao patrimônio público. Infelizmente fica muito difícil viabilizar uma equipe da guarda para ficar especificamente num ponto.”

Segundo ele, são feitas rondas periódicas para tentar inibir as irregularidades. “Quando se intensifica o crime no local, montamos uma operação de inteligência para conseguir eliminar o problema”, assegura Cataldo.

MUDA IPIRANGA

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“Se eles reconhecem a dificuldade de coibir as práticas, que seja repensado o modo de abordagem. Mas, é aquilo, eles sabem, eles decidem, eles estão certos… É complexo”, retruca André Martins.

Para combater o problema, segundo o jovem, é possível desenvolver alternativas fáceis de ser implementadas. “Dava para plantar árvores, não na calçada, e sim na própria rua, intercalando entre vagas para carros e árvores. Um lugar bem cuidado, com o apoio da comunidade, podem facilmente coibir as práticas”, afirma o jovem, que propôs uma atuação conjunta por meio de seu projeto, o Muda Ipiranga.

A iniciativa foi inspirada em um coletivo semelhante, que atua na Mooca há 15 anos, na zona leste, com o objetivo de fiscalizar, educar e plantar árvores. “Iniciei o projeto por motivação de um conhecido. O assunto ambiental juntamente a comunidade sempre me interessou bastante”, diz.

Na postagem feita pelo prefeito regional, a prefeitura local demonstrou interesse em conversar com o jovem, mas o contato não foi levado adiante, segundo André Martins. “Até me surpreendi com a suposta vontade de interação. Encaminhei meu contato, mas até agora nenhum retorno”, afirma.

“Não adianta divulgar ações sem escutar quem reside no distrito e verificar suas necessidades ou ideias, principalmente os moradores ao redor do local. Esse espaço pode ser ocupado com muita cultura e vida, visto que o local é de baixa passagem, seja de carro ou transeunte”, explica o jovem.

OCUPAÇÃO

O 32xSP visitou a rua Abagiba e não existe acúmulo de lixo na via. De acordo com moradores e comerciantes, a redução chega a 90% e agora é pontual o descarte irregular. 

Em uma publicação no último dia 12, o prefeito regional Armandio Martins garantiu que a rua será “emblemática para a região”. Segundo ele, o local será “ocupado” e conterá com uma série de ações. Entre elas, a pintura do muro–  autorizado pela proprietária para ser pintado de branco. Depois da pintura, ainda sem data prevista, a proposta é que grafiteiros transformem o paredão em um imenso painel de arte. 

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