Por: Paulo Talarico
Notícia
Publicado em 25.03.2024 | 11:54 | Alterado em 25.03.2024 | 14:44
Distrito que concentra a favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, a Vila Andrade ganhou 41 mil moradores em 12 anos – uma média de nove habitantes novos por dia. A Brasilândia viveu quase que o oposto. Por dia, cinco pessoas deixaram o distrito da zona norte da capital e que é o segundo com mais favelas no município.
As duas regiões exemplificam a mobilidade dos habitantes da cidade em 12 anos, de acordo com o Censo 2022 realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na quinta-feira (21), a entidade publicou pela primeira vez os dados sobre os distritos das cidades – antes havia apenas informado o valor total de cada município.
No caso de São Paulo, o Censo já havia indicado que a cidade havia ganhado menos moradores do que havia sido estimado nos anos anteriores, num crescimento de 1,8%, chegando a 11,4 milhões. As novas informações mostram como esse acréscimo foi concentrado em áreas da cidade.
Dos 198 mil novos habitantes, 149 mil são da zona sul e outros 70 mil são da parte oeste da cidade, enquanto as regiões norte e leste registraram queda no número de moradores.
A cidade de São Paulo é dividida em 96 distritos, que são administrados por 32 subprefeituras.
Proporcionalmente, a Subprefeitura de Parelheiros, no extremo sul paulistano, foi a que mais cresceu – 18%. É por lá, contudo, que está a área menos habitada da cidade, com boa parte do território sendo destinada à preservação ambiental.
Um dos distritos de lá é Marsilac, onde havia 3 mil habitantes em 2010 e agora a região conta 11 mil, enquanto Parelheiros chegou a 153 mil moradores.
Ainda na zona sul, o Grajaú segue como o distrito mais populoso da capital – são 384 mil moradores, ante 360 mil. O valor, contudo, é bem abaixo de estimativas que colocavam quase 500 mil moradores na região.
Jardim Ângela, com 311 mil e Capão Redondo 270 mil, completam a lista dos distritos da sul que são os mais habitados da cidade. Mas neste último, houve praticamente uma estagnação no número de habitantes – alta de 0,76%.
No outro extremo de São Paulo, na região norte (ou noroeste como costumam chamar os moradores), a Subprefeitura de Perus alcançou 165 mil habitantes, um aumento de 11%. A alta foi impulsionada pela região de Anhanguera, distrito que saiu de 65 mil para 75 mil habitantes.
Outra área da zona norte com alta é Pirituba, região onde tem ocorrido um grande boom de novos condomínios residenciais. A subprefeitura da área chegou a 480 mil moradores, quase 10% a mais do que 12 anos antes.
Mas o crescimento na zona norte ficou apenas nessas áreas. As subprefeituras da @Casa Verde@ (-1%), Jaçanã (-2%), Freguesia do Ó/Brasilândia (-6%), Vila Guilherme (-7%) tiveram redução na quantidade de habitantes no período.
Fato parecido ocorreu em várias regiões da zona leste paulistana. O distrito de Cidade Tiradentes caiu de 211 mil habitantes para 194 mil. Itaim Paulista, São Miguel Paulista, Sapopemba e Ermelino Matarazzo também seguiram o padrão de queda.
Procurada sobre esse resultado, a Prefeitura de São Paulo disse que a responsabilidade sobre os dados é do IBGE. O IBGE, por sua vez, não respondeu até a publicação desta reportagem se há algum motivo aparente para essa redução.
Em contrapartida, a Subprefeitura de São Mateus cresceu 6%, em especial por conta do distrito do Iguatemi, onde 22 mil pessoas passaram a morar nesses 12 anos. A Subprefeitura de Itaquera também teve alta na região.
Quando se leva em conta apenas os distritos, a Barra Funda, na zona oeste, é o território que mais ganhou habitantes proporcionalmente – mais do que dobrou o número de moradores no local, saindo de 14 mil para 33 mil. No entanto, o bairro segue como um dos pontos menos populosos.
Diretor de Treinamento e Dados e cofundador, faz parte da Agência Mural desde 2011. É também formado em História pela USP, tem pós-graduação em jornalismo esportivo e curso técnico em locução para rádio e TV.
Para este texto, utilizamos a última atualização dos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e a atualização sobre os distritos publicados em 21 de março. Nesta página, baixamos uma planilha sobre a população e domicílios em distritos de todo o Brasil. A partir dela, filtramos a cidade de São Paulo e os dados disponíveis sobre o tema. Para comparar a evolução, usamos dados disponíveis no site da Prefeitura de São Paulo sobre as últimas décadas. A partir daí, foi possível escrever sobre a evolução e criar gráficos sobre cada um dos territórios. Os dados finalizados apenas da cidade podem ser consultados aqui.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
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