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Agência de Jornalismo das periferias
32xSP

População em situação de rua cresce na região de Santana/Tucuruvi

A regional da zona norte supera apenas Sé, Mooca e Lapa em número de pessoas em situação de rua

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Por: Redação

Publicado em 13.06.2017 | 19:17 | Alterado em 13.06.2017 | 19:17

Tempo de leitura: 3 min(s)

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Jonas Lima é uma das milhares de pessoas em situação de rua em São Paulo (Sidney Pereira/32xSP)

“Já fui dependente de cocaína, mas consegui largar. Agora, não tenho lugar para morar, nem família, mas muita fé no futuro.” As revelações são do desempregado Jonas Lima, 31, uma das milhares de pessoas em situação de rua na cidade, população que tem crescido a cada ano.

Os últimos números do Observatório Cidadão mostram um dado surpreendente: a prefeitura regional de Santana/ Tucuruvi, detentora de bons índices em outros quesitos de avaliação, é a quarta pior no ranking, que considera o percentual de moradores de rua em relação ao total de habitantes da região. A regional da zona norte supera apenas a central Sé, a Mooca, na zona leste, e a Lapa, na oeste.

Nascido no Tucuruvi, Lima parece se recusar a abandonar a região onde cresceu e, hoje, embaixo da linha elevada do metrô, em Santana, mora e garimpa os trocados para viver, vendendo balas no semáforo.

Seu perfil – sozinho, sem emprego fixo, sexo masculino, idade entre 31 e 49 anos e baixa escolaridade – é idêntico ao da maioria das pessoas nessa condição em São Paulo, de acordo com o censo realizado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas, em 2015.

Há seis anos sem um teto pra morar, o desempregado acredita ter uma explicação para o aumento da população em situação de rua na região: a abertura do Centro de Acolhida Zaki Narchi, a menos de dois quilômetros da estação de metrô Santana e na área da prefeitura regional Vila Maria / Vila Guilherme. Ele diz que já ficou abrigado naquela unidade, mas prefere as ruas.

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“Tem horário pra entrar, sair, tomar café. Às vezes tinha que sair cedo e não sabia o que fazer. Sinto mais segurança na rua. Lá [no Centro de Acolhida] tem muito nóia e brigas, não durmo tranquilo com medo de ser roubado”, diz.

O rapaz admite que “ainda” não parou com a bebida. Ele vive de bicos e, além de balas, vende panos de prato e água mineral nas esquinas. “Acabaram de roubar meu estoque e agora preciso juntar dinheiro pra comprar mais. Foi gente de outras quebradas”, lamenta.

Moradores reclamam da vizinhança incômoda do Centro de Acolhida Zaki Narchi. O aposentado João, que prefere não informar o nome completo, mora no conjunto habitacional em frente à unidade da prefeitura. “Sempre tem confusão e batidas da polícia. Há um acampamento na entrada e o cheiro da droga chega até em casa”, afirma.

Questionada sobre a concentração em frente ao Centro de Acolhida, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social alegou que “orientadores sociais abordam essas pessoas, mas o acolhimento parte da aceitação de cada um. Mesmo assim, o trabalho de convencimento é diário.”

Segundo o órgão, a unidade possui um bagageiro para guardar os itens pessoais dos abrigados. A secretaria não permitiu a visita da reportagem do 32xSP às instalações do complexo.

Já a prefeitura regional de Santana/ Tucuruvi afirma que realiza “rotineiras ações de zeladoria” na região da linha do metrô.

Os serviços são antecedidos por “abordagens aos moradores de rua, tentando encaminhá-los aos equipamentos da região”, feitas pela Coordenadoria de Assistência Social. Após essa etapa, “as equipes, com apoio da GCM”, fazem a apreensão de materiais (sofás, armários e outros), preservando “os artigos pessoais, como cobertores, remédios, alimentos e documentos”.

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