Léu Britto/ Agência Mural
Por: Jacqueline Maria da Silva
Notícia
Publicado em 12.10.2023 | 10:47 | Alterado em 12.10.2023 | 11:44
Já ouviu falar do Dia Internacional da Menina? A data foi criada em 2012 pela Organização das Nações Unidas a partir de uma proposta da organização não governamental Plan Internacional, do Canadá, na Assembléia Geral das Nações Unidas. A partir daí ela passou a ser celebrada no mundo todo na data de 11 de outubro.
Apesar disso, nem todos os países aderiram à comemoração, inclusive o Brasil. Nesta semana, porém, o país deu um passo a mais no reconhecimento da data: o governo do estado de São Paulo sancionou uma lei que cria o Dia da Menina.
O Projeto de Lei é de autoria da deputada estadual Marina Helou (Rede) e teve a contribuição do Projeto Escola de Liderança para Meninas, da Plan Internacional Brasil. A sanção foi publicada no Diário Oficial de São Paulo na última segunda-feira.
A resposta é tão simples quanto preocupante: em São Paulo, as meninas concentram os piores indicadores de desenvolvimento humano quando comparadas aos meninos. Para se ter uma ideia, o estado lidera o ranking percentual de meninas em situação em situação de trabalho infantil (9,4%), quando comparado ao estados de Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Pará e Maranhão.
Elas também são as mais vulneráveis a violências. Sete em cada dez meninas conhecem outra menina que já sofreu violência, e quase 4 a cada 10 acham que meninos e meninas não têm os mesmo direitos na prática. Os dados são do o estudo “Por ser menina no Brasil” da Plan Brasil,
Esta crítica desigualdade de gênero ocorre desde cedo. Globalmente, meninas entre 5 e 14 anos passam 40% mais tempo em atividades domésticas não remuneradas em comparação com meninos da mesma faixa etária, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Por isso, para a ONU, o Dia das Meninas reforça a importância de governos investirem na liderança, no potencial e na garantia de direitos das meninas em todas as fases do desenvolvimento.
No estado de São Paulo, a expectativa é que o reconhecimento da data incentive e contribua com debate sobre gênero. “É uma oportunidade das meninas, vítimas de toda e qualquer violação de direitos, serem olhadas e ouvidas de forma respeitosa. Queremos que todos entendam que entre nascer criança e ser mulher, existe uma menina que precisa ser reconhecida e ter seus direitos garantidos”, pontuam em nota meninas participantes do Projeto Escola, da Pan Internacional Brasil.
No mesmo dia da sanção da lei que criou o Dia da Menina no estado de São Paulo, o governo sancionou também a Lei 17.786/23, que cria o Dia Estadual da Mulher Indígena, que passa a ser comemorado no dia 5 de setembro.
O Projeto de Lei é de autoria da deputada estadual Monica Seixas, do Movimento Pretas, do Psol, com a justificativa de reconhecer e promover a valorização dessa população.
Com informações da Assembléia Legislativa de São Paulo, Lei 17.788 e ONU.
Repórter da Agência Mural desde 2023 e da rede Report For The World, programa desenvolvido pela The GroundTruth Project. Vencedora de prêmios de jornalismo como MOL, SEBRAE, SIP. Gosta de falar sobre temas diversos e acredita do jornalismo como ferramenta para tornar o planeta melhor.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.
Envie uma mensagem para [email protected]