Desde janeiro de 2017, 15 subprefeitos foram exonerados ou demitidos pelo ex-prefeito João Doria e pelo atual, Bruno Covas, ambos do PSDB
Por: Redação
Publicado em 28.08.2018 | 17:58 | Alterado em 28.08.2018 | 17:58
De acordo com levantamento enviado ao 32xSP pela Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB), em um ano e oito meses do governo Doria-Covas, 15 subprefeitos foram exonerados ou demitidos. O que leva a média de uma saída a cada 40 dias.
Em maio deste ano, já durante a atual gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB), a dança das cadeiras dos subprefeitos incluiu Roberto Arantes, que administrava Santo Amaro; Benedito Pereira, de Sapopemba; e Paulo Victor Sapienza, do Butantã.
No fim de junho, a então subprefeita da Penha, Fernanda Maria de Lima Galdino foi demitida. No mês seguinte, mais gestores locais perderam seus cargos: Jacinto Reyes (Itaquera) e Heitor Sertão (Campo Limpo).
O governo municipal estabelece a função de subprefeito como cargo de confiança. Como não há necessidade de concurso público, a escolha fica sobre responsabilidade da prefeitura do município.
Segundo a Secretaria das Subprefeituras, cabe à gestão decidir quais os critérios para a escolha, e quando há dispensa não há obrigação em informar o motivo.
O modo fechado como é feita a nomeação dos administradores locais colabora para a sensação de falta de clareza. Prova disso, 85% dos paulistanos acham a administração pouco ou nada transparente, segundo a pesquisa ‘Transparência e Participação na Cidade’, divulgada neste mês pela Rede Nossa São Paulo em parceria com Ibope.
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RELAÇÃO COM O BAIRRO
Para a cabeleireira Roseli Gomes, 48, moradora do Parque São Rafael, a Prefeitura deveria eleger subprefeitos que vivam nas regiões administradas. “Um morador do bairro lutaria pelo lugar onde mora e saberia melhor dos problemas da vizinhança, o que realmente precisamos”.
A proximidade aos moradores facilitaria outro aspecto necessário à política: a comunicação. “Alguém que todos conhecem na vila é mais fácil de encontrar. A gente teria o direito de cobrar as coisas diretamente dele”, diz o aposentado Halid Drages, 64, morador há 20 anos do Jardim Colonial.
“Desde quando vim pra cá, nunca soube quem é o subprefeito. Entra um e tira esse daqui. É sempre a mesma coisa”, comenta o aposentado sobre a troca de nomes pelas gestões municipais.
Mudanças que acontecem desde 2002, quando as sedes administrativas foram instituídas.
VOTO DIRETO
Eleições para subprefeito poderiam ser a chance de aproximar os moradores das decisões administrativas, porém, é o prefeito da cidade de São Paulo quem decide cada um dos 32 gestores locais da capital paulista.
No entanto, oito de cada dez paulistanos são favoráveis à votação popular para eleger esses profissionais, ainda conforme a pesquisa ‘Transparência e Participação na Cidade’.
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“Uma política mais próxima às pessoas pode interessar”, reforça o estudante Matheus Xavier, 17, morador de São Mateus, na zona leste.
“Nós estamos saturados com a política. No dia a dia ninguém discute. Só reclamamos da corrupção e acabamos esquecendo que é isso que molda a nossa sociedade”, completa ele, que este ano votará pela primeira vez.
PROJETO
Há um projeto em tramitação na Câmara Municipal de São Paulo para que a população eleja os subprefeitos. Os três nomes mais votados em cada regional, conforme a proposta parlamentar 61, de 2015, seguiriam para o prefeito local. O chefe do executivo tomaria a decisão final.
Ainda sem meios diretos para escolher quem administra mais de perto o lugar onde mora, a cabeleireira Roseli não desanima.
“Muda tanto [os subprefeitos] que eu nem sei, fica uma bagunça que você acaba se perdendo no meio do caminho. Mesmo assim, o voto é a arma que temos.”
http://32xsp.org.br/2017/10/07/quanto-ganha-um-prefeito-regional-de-sp/
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