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Professores de cursinhos motivam alunos nas periferias e apontam limitações no ensino a distância

Em meio à pandemia e as incertezas sobre o Enem e o vestibular, educadores têm buscado alternativas para apoiar alunos que querem entrar no ensino superior

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Arquivo Pessoal

Por: Matheus Oliveira

Notícia

Publicado em 09.07.2020 | 13:19 | Alterado em 17.07.2020 | 14:28

RESUMO

Em meio à pandemia e as incertezas sobre o Enem e o vestibular, educadores têm buscado alternativas para apoiar alunos que querem entrar no ensino superior

Tempo de leitura: 3 min(s)

Em Santo André, na Grande São Paulo, as aulas do cursinho comunitário EP-UFABC (Escola Preparatória da Universidade Federal do ABC) estavam previstas para 1º de abril. 

“Estava muito otimista que depois da Páscoa iria começar”, diz Giovanna Toledo, 23, coordenadora de linguagens e professora de história da arte.

Passou a Páscoa e as aulas da EP-UFABC começaram, mas só virtualmente. A tecnologia foi a saída que os cursinhos comunitários encontraram para levar os conteúdos previstos aos pré-vestibulandos.

Os professores encaminham o material por e-mail e acompanham os alunos à distância por um aplicativo de voz, o que cria problemas. 

Segundo a professora de história da arte, a monitoria não supre a aula, principalmente nas matérias de exatas. “Imagina como vou ensinar o passo a passo de uma conta se eles não estão enxergando o que estou fazendo”.

Além das questões de múltipla escolha os vestibulares cobram uma boa escrita. Para acompanhar a evolução dos estudantes a EP criou um formulário digital em que os alunos compartilham as redações.

“Os alunos enviam a redação para a gente, a equipe faz a correção e devolve para eles por e-mail. A gente optou em fazer dessa forma para que eles tenham acesso a correção e a correção melhore a escrita deles”, afirma Gabrielly de Paula, 22, coordenadora de redação e gramática e professora de português da EP-UFABC.

Professores ouvidos pela Agência Mural também deram conselhos para quem segue estudando e com receios sobre o futuro.

“Que os estudantes se ajudem e não vejam como competição entre eles. Nesse momento isso vai ser essencial. E que eles coloquem a saúde mental deles acima dessa pressão do vestibular”, aconselha Giovanna Toledo

Do outro lado da Grande São Paulo, o cursinho comunitário Dandara, em Cotia, também teve que se adaptar. 

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Amanda, do Cursinho Dandara, em Cotia, aponta mudanças nas aulas durante a pandemia @Arquivo Pessoal

Coordenadora e professora de sociologia do cursinho Dandara, Amanda Santos, 23, explica que antes do isolamento social preparava as aulas de acordo com a estrutura da sala disponível e com a realidade dos alunos. Toda a dinâmica mudou com a pandemia de Covid-19.

Ela reorganiza os planos de atividades no classroom (plataforma na internet) e avisa o grupo que tem novas atividades. Mas a relação é mais distante. “Não consigo ficar cobrando um por um da atividade. Agora quando estava presencialmente dava para falar”.

Amanda ressalta que a pandemia trouxe mais preocupações neste momento pré-vestibular, que já é estressante para os estudantes. “Muitos deles os pais perderam o trabalho ou quem fazia alguma atividade informal teve de parar e agora eles não tem mais grana. Aí eles não conseguem estudar direito”.

“Tem gente aí trabalhando e que vai apoiar vocês nesse momento também. Se vocês se sentirem sozinhos, por favor, conversem com os seus professores, com os seus pais, com os seus amigos e a gente vai seguir aí e vamos fazer isso acontecer”, aponta Amanda

Os estudantes estão preocupados em se alimentar, estudar e em não pegar a Covid-19 e ainda enfrentam problemas com a educação digital. 

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Alunos do cursinho Dandara antes da paralisação @Arquivo Pessoal

Zé Henrique, 61, professor de biologia do núcleo Ocupação Nove de Julho, da Uneafro, faz críticas de como as tecnologias foram implementadas.

“Nós somos favoráveis ao uso da tecnologia na educação só que isso não pode vir de uma forma intempestiva. Por exemplo, muitos alunos não têm computador, celular, wi-fi”.

Para o professor de biologia a educação no Brasil vive um processo de segregação forte e que afeta os mais pobres. “Quem tem recurso consegue ter acesso a educação melhor de quem não tem. Essa pandemia conseguiu aprofundar ainda mais esse abismo social”.

“Uma das características dos pobres, pretos, periféricos é a disposição de superar as dificuldades indo à luta de forma coletiva com os seus iguais. Os nossos jovens vão superar isso e procurar construir uma sociedade melhor do que essa que eles estão vendo”, diz Zé Henrique

A situação se complica ainda mais com a incerteza sobre as datas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Nesta semana, o MEC (Ministério da Educação) marcou o exame para os dias 17 e 24 de janeiro de 2021 para as provas físicas. 

Antes, foi feita uma consulta aos inscritos sobre a da que preferiam. Apesar da maioria ter votado em maio, a posição foi ignorada pelo governo. Já as provas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e da USP (Universidade de São Paulo) serão dia 22 e 29 de novembro, respectivamente.

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Matheus Oliveira

Jornalista, educomunicador e correspondente de São Mateus desde 2017. Amante de histórias e de gente. Olhar sempre voltado para o horizonte, afinal, o sol nasce à leste.

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