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Promessa de obras de combate às enchentes na Vila Itaim já dura 4 anos

Equipamento que minimizaria alagamentos deveria ser instalado em 2014, mas só deve chegar à região no primeiro semestre de 2018; mais de 100 famílias serão removidas

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Por: Redação

Publicado em 06.10.2017 | 3:50 | Alterado em 06.10.2017 | 3:50

Tempo de leitura: 2 min(s)
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Moradores da Vila Itaim, na zona leste de SP, convivem com enchentes há 15 anos (Danielle Lobato/32xSP)

Quatro anos se passaram desde a promessa da construção de um pôlder na Vila Itaim, em São Miguel Paulista, no extremo leste da capital paulista. O equipamento, que capta a água da enchente por meio de um sistema de microdrenagem e joga dentro do reservatório, ajudaria aliviar a vida da população que sofre com os constantes alagamentos.

Há três meses, no entanto, foi divulgada uma decisão liminar que obriga a Prefeitura de São Paulo a remover e reassentar 130 famílias que ocupam a área irregular onde será construído o pôlder. A previsão é que o equipamento seja instalado no primeiro semestre de 2018. Com isso, serão desapropriados 47 imóveis, erguidos irregularmente em 72.000 m².

Um deles pertence a Joilson Braga, 55, que está preocupado com o processo de retirada das famílias. “Se for para sair daqui, que seja com dignidade, que trate a gente como cidadãos. Eu tenho medo de como será feita essa retirada”, afirma o tapeceiro.

A medida faz parte de uma ação civil pública da Defensoria Pública do Estado de São Paulo (DPESP), requerida da última decisão. Antes, o projeto não trazia nenhum plano estratégico de habitação das famílias atingidas.

Ao 32xSP a Secretaria Municipal de Habitação (SEHAB) afirma que a prefeitura “vai incluir as 130 famílias no programa de auxílio aluguel, para posterior atendimento habitacional definitivo em um novo empreendimento do Programa Minha Casa Minha Vida, localizado na mesma região”.

LUTA

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Alagamentos no Jardim Helena preocupam moradores no verão (Euclides Mendes/Reprodução)

Há 15 anos, Patrícia Alves, 35, tenta encontrar soluções próprias para não perder os móveis com a invasão as águas. “Aqui não faltam tijolos nem andaime de construção para colocar nossos móveis em cima. Às vezes, não é o suficiente”, afirma ela, emendando a prioridade maior: “Tudo que posso fazer é salvar meus dois filhos”.

Viajar no fim do ano, que deveria ser um momento de lazer e descanso, se tornou apenas preocupação para a família de Patrícia.

“No verão, já começamos a nos preparar para lidar com as cheias. Já saímos para confraternizar com amigos, mas quando voltamos  a casa estava tomada pela água. Comida e roupas haviam sido perdidos”

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A situação não é diferente para a estudante de enfermagem Carla Aguiar, 20. Na última enchente, ela perdeu todo o material didático. “Quando chega o verão, guardo meus materiais e até levo algumas roupas na casa de amigas. Foi muito difícil reaver todo o gasto perdido”, lamenta.

A construção do pôlder pretende minimizar os alagamentos que, desde 2009, tornou em São Miguel Paulista “famoso” por ficar quase dois meses alagado sob as águas do Rio Tietê.

A região está rodeada por bairros que sofrem com as cheias, como o Jardim Pantanal, a Chácara Três Meninas e o Jardim Romano, mais propensos aos alagamentos por estarem localizados em uma área de várzea.

A localização, no entanto, não justifica o descaso por parte dos órgãos públicos. As cobranças por melhorias já ocorrem há anos, como em fevereiro de 2010, quando moradores de São Miguel Paulista manifestaram em frente à porta da Prefeitura de São Paulo.

“Nós, moradores, ainda estamos esperando por tudo que foi prometido naquele encontro”, diz Euclides Mendes, 46, um dos organizadores do ato, na época.

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