Carlos Pires/Agência Mural
Por: Ana Claudia Silva | Carlos Pires
Notícia
Publicado em 10.12.2025 | 8:08 | Alterado em 08.12.2025 | 23:14
Enquanto grandes operadoras de internet apostam em campanhas milionárias e planos promocionais, uma empresa de bairro vem conquistando espaço e fidelidade entre os moradores da zona leste de São Paulo.
A história da TCA Internet, porém, começou anos atrás, com uma mudança inesperada na vida profissional do casal fundador.
Priscila Miranda, 35, então bancária, voltou da licença-maternidade e foi demitida após apenas um mês de retorno. Ela, então, começou a trabalhar na área administrativa de um provedor de internet.
Na mesma época, o marido, Luiz Lafite, 33, mantinha um lava-rápido, mas a combinação de chuva e frio reduzia a demanda. Priscila acabou trazendo o companheiro para trabalhar com ela no setor de telecomunicações.
Foi nesse ambiente que o casal conheceu um vendedor com carteira consolidada de clientes, interessado em abrir o próprio negócio. Ele propôs uma parceria: ficaria com a área comercial, Priscila cuidaria da parte administrativa e Luiz da técnica. Assim nasceu a TCA Internet.
A empresa de provedor TCA Internet se consolidou como referência em banda larga residencial na zona leste @Carlos Pires/Agência Mural
Fundada em 2017 na Vila Carmosina, distrito de Itaquera, a empresa iniciou as operações focada no público corporativo. “Atendíamos só empresas, tínhamos cerca de 100 clientes”, lembra Luiz. O início, segundo ele, foi relativamente tranquilo do ponto de vista técnico e administrativo, já que os três já atuavam no setor.
O maior desafio era conciliar o emprego no antigo provedor com a empresa recém-criada. “A gente fazia tudo dobrado. Era trabalhar para eles e trabalhar para nós ao mesmo tempo.”
Até então, a TCA não tinha rede própria: contratava internet de outros provedores, entregava ao cliente e fazia a configuração e o suporte final. Isso mudou com a pandemia, em 2020.
Luiz, responsável pela operação técnica da TCA acompanha as demandas dos moradores por internet e oferece atendimento @Carlos Pires/Agência Mural
“O mercado empresarial ficou saturado”, explica Luiz. “A demanda explodiu. Todo mundo foi para dentro de casa e a internet virou um serviço essencial.”
Com home office, videochamadas e aulas online, o consumo residencial se tornou prioridade e a TCA decidiu montar a própria rede para atender moradores e condomínios. A mudança impulsionou o negócio.
Hoje, a TCA soma mais de 2 mil clientes ativos, todos atendidos por uma estrutura pequena, técnica e próxima, com suporte direto por WhatsApp e, quando necessário, visitas presenciais no mesmo dia.
“Quando o cliente manda mensagem, ele fala comigo ou com alguém que ele conhece. Isso faz toda a diferença. A gente está perto, conhece as ruas, o bairro e até o jeito das pessoas”, afirma Luiz.
Por muito tempo algumas regiões das periferias ficaram fora do mapa das grandes operadoras. Segundo Luiz, o movimento de expansão começou há pouco tempo. “Elas só começaram a olhar para cá nos últimos dois ou três anos. Antes disso, quem levava internet para as pessoas éramos nós, os provedores locais”, afirma.
A Agência Mural procurou operadoras como Vivo e Claro para entender quando essas empresas passaram a atuar na região.
A Vivo informou que já oferece banda larga de fibra óptica em bairros como Itaquera, São Mateus, Penha, Vila Matilde e Vila Prudente e apresentou números de cobertura na capital e no país, mas não detalhou em que ano iniciou a operação nesses locais, dado central para a reportagem.
Os servidores da empresa de provedor @Carlos Pires/Agência Mural
A Claro comunicou em nota que atua há mais de duas décadas na cidade de São Paulo e que vem ampliando e modernizando a rede de forma contínua, inclusive na zona leste. No entanto, também não informou quando passou a operar especificamente nesses bairros.
Com ofertas e planos combinados com TV ou celular, a TCA mantém uma base fiel. O plano intermediário da empresa custa R$99 por mês, enquanto as opções variam entre R$69 e R$159, apenas com internet.
“O preço é competitivo, mas o que segura o cliente é o relacionamento. Quando ele precisa, resolvemos no mesmo dia. Não tem fila, nem espera de 40 minutos no telefone”, diz o empresário.
Diferente das grandes operadoras, que investem pesado em expansão nacional, a TCA cresce de forma gradual e planejada. A empresa mantém uma rede própria em Itaquera que atende além do bairro regiões como, São Mateus, Penha, Ferraz de Vasconcelos, Vila Matilde e Vila Prudente, e só avança para novas áreas quando a operação anterior se paga.
“Cada base precisa se sustentar antes de a gente pensar no próximo passo. Assim conseguimos manter qualidade e estabilidade”, explica Luiz.
Luiz e a funcionaria Janaina, ela recebe as demandas de atendimento ao cliente @Carlos Pires/Agência Mural
O plano da empresa é chegar ao centro da cidade com uma rede independente, o que permitiria reduzir custos de conexão e competir em novas frentes.
Nos bastidores, o que garante a agilidade da TCA é o conhecimento do território. A equipe lida diariamente com desafios como fiação sobrecarregada, endereços desatualizados e infraestrutura. Mesmo assim, consegue manter a operação ativa e estável.
“Sabemos por onde passar e conhecemos as brechas. É o tipo de coisa que só quem vive aqui entende”, diz Luiz.
Segundo dados da Anatel, pequenas empresas como a TCA, classificadas como Prestadoras de Pequeno Porte (PPP), já respondem por 56,4% da base de banda larga fixa do país, consolidando o domínio no setor.
O relatório de Monitoramento da Competição (2º trimestre de 2025) aponta que o mercado de banda larga fixa é o mais pulverizado das telecomunicações brasileiras, com 22,5 mil prestadoras ativas, embora apenas 8 mil reportem dados regularmente à agência.
Jornalista e assessora de comunicação na Giusti Creative PR, agência do maior ecossistema de comunicação corporativa da América Latina. Formada com láurea acadêmica pela Universidade Cruzeiro do Sul. É correspondente de Itaquera desde 2021.
Apaixonado pela cultura Hip-Hop, quadrinhos, audiovisual e futebol. Como jornalista das ruas e fotojornalista, uno minhas paixões para destacar a realidade da quebrada e promover a visão periférica. Correspondente de Guaianases desde 2023.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
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