Após uma consulta no Hospital Dia da Vila Guilherme, na zona norte de São Paulo, o contador Davison Rodrigues, 51, não encontrou, na farmácia local, a medicação receitada pelo cardiologista: Furosemida e Enalapril.
“Moro em Itaquera [na zona leste] e é a primeira vez que venho aqui. Vou no posto do meu bairro para tentar conseguir, mas, se não tiver, o jeito é pagar. O pior é que tenho vários exames pra fazer e acho que também vai demorar”, lamenta ele a falta de medicamentos na rede municipal.
O contador desconhecia que os medicamentos em falta, assim como outros indicados para hipertensão, diabetes e asma, podem ser encontrados, gratuitamente, na rede Farmácia Popular do Brasil, e nas drogarias e farmácias particulares, credenciadas pelo Ministério da Saúde. Remédios para outras doenças também estão disponíveis, com descontos de até 90% do preço normal.
Para ter acesso ao benefício, basta levar a receita e um documento com foto, que tenha o número de CPF, às unidades do programa ou aos estabelecimentos com a faixa “Aqui Tem Farmácia Popular”.
Na região da subprefeitura Vila Maria/Vila Guilherme, a loja própria da rede fica na avenida Guilherme Cotching, nº 1061. A cidade de São Paulo tem mais 12 unidades espalhadas pelos bairros de Campo Limpo, Freguesia do Ó, Penha, Pirituba, Santana, Santo Amaro, Saúde, Sé, Tatuapé, Vila Mariana, Vila Prudente e Vila São José. O Disque Saúde – telefone 136 – dá informações gerais sobre o programa.
Saúde sem remédio
Embora a saúde seja o fator de qualidade de vida mais importante para os paulistanos, com média 8,0, a pesquisa IRBEM 2016 também revela que a maioria não aprova os serviços de saúde pública do município. O nível de satisfação tem caído, e a nota em 2016 foi de 4,5, a mais baixa dos últimos sete anos.
O site e o aplicativo Aqui Tem Remédio, criados para auxiliar a população, mostra a gravidade da situação na capital. O 32xSP realizou pesquisa no site e confirmou a falta de medicamentos de uso contínuo nas 570 farmácias municipais, de todas as regiões.
Entre eles, está o Omeprazol, para tratamento de gastrite; o Losartana, para hipertensos; Sinvastatina 10 mg, para controle do colesterol; e Alendronato de Sódio, para osteoporose. No levantamento, a informação é de que os medicamentos estão “em processo de compra pela Prefeitura de São Paulo”.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde justificou a falha. “Houve aumento de 30% no consumo de medicamentos e insumos este ano em relação a 2015, resultado do aumento de pacientes na Rede Municipal e da crise econômica.”
“A média mensal de pessoas que retiram remédios e insumos passou de 520 mil para 676 mil. Isso alterou os estoques e o planejamento de compras e, por isso, novas aquisições estão em andamento.”
Além disso, a secretaria alega que “a falta de medicamento também está associada ao não cumprimento dos contratos por parte dos fornecedores que, neste caso, são multados pela prefeitura.”
A secretaria também informou que a Sinvastatina 20 mg está com o estoque regularizado na rede e as demais posologias estão em processo de compra. O Alendronato de Sódio 70 mg está em fase final de compra. Este medicamento é de alto custo e a responsabilidade de fornecimento é do governo estadual, porém o município também fornece.
O Omeprazol está em processo de compra e também é disponibilizado pelo programa Aqui Tem Farmácia Popular.