Em um dos distritos mais afetados pela Covid-19, família dividida na escolha entre candidatos realça panorama das eleições
Cleber Arruda/Agência Mural
Por: Cleber Arruda
Notícia
Publicado em 29.11.2020 | 16:11 | Alterado em 29.11.2020 | 16:31
Na casa do professor de história Gabriel Moreno, 22, no Jardim Damasceno, na Brasilândia, zona norte de São Paulo, a família está dividida. Gabriel votou neste domingo (29) em Guilherme Boulos (PSOL) e diz que a escolha foi por causa das propostas relacionadas à área de educação.
No entanto, a mãe dele optou por Bruno Covas (PSDB), atual prefeito que disputa a reeleição, enquanto o pai decidiu anular tanto no primeiro quanto no segundo turno das eleições da capital.
A situação da casa retrata um pouco do panorama da cidade, segundo as últimas pesquisas eleitorais. No Datafolha, Boulos lidera entre os mais jovens, com 67% das intenções de voto contra 33% de Covas. No entanto, o público a partir dos 35 anos é mais favorável ao tucano – entre 35 e 44 anos, 59% preferem o atual prefeito.
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A mãe de Gabriel, a padeira e confeiteira Adriana Dias, 48, votou no gestor e citou uma área como a que motivou a escolha. “Ele vai investir em saúde pública”, resume.
A pandemia de Covid-19 esteve no centro da disputa este ano e foi utilizada pelos dois candidatos. A Brasilândia foi um dos distritos mais afetados na cidade com 366 mortes (além de 126 óbitos em investigação) e promessas como novas unidades de saúde são aguardados há décadas por moradores.
Outro impacto da pandemia está na educação e a incerteza sobre a volta às aulas. Gabriel, por outro lado, crê que Boulos pode trazer novas perspectivas.
“Como educador, espero que a educação seja valorizada, os professores sejam valorizados e as escolas possam receber mais recursos, pois hoje em dia faltam professores, materiais, inclusive de limpeza, e merenda para os alunos. Espero que tudo isso mude”, diz Gabriel.
Covas lidera a pesquisa na cidade como um todo, enquanto Boulos tentou na reta final mudar votos entre indecisos e que votaram em branco e nulo.
O ator e cuidador social Cristiano Costa, 36, saiu da Praia Grande, no litoral de São Paulo, onde mora atualmente especialmente para participar da eleição na capital. É o segundo fim de semana de eleição que ele aproveita também para visitar a família que vive no Damasceno.
“O voto é um instrumento para escolher representatividades. É importante escolher alguém que de fato vai contribuir com as causas que você luta”, diz.
Costa também não mudou e votará no mesmo candidato escolhido no primeiro turno. “Meu critério foi em primeiro lugar optar por alguém que não tenha nenhuma linha de pensamento homofóbica, racista, fascista, misógina”, avalia.
A atendente Daniele Lopes, 33, moradora da Cohab Brasilândia, recorreu às redes sociais e indicações de amigo para mudar de opinião na escolha de um candidato para o segundo turno.
No primeiro, votou apenas para o vereador e anulou o voto para prefeito. “Vi muitos status de whatsapp e matérias sobre o candidato que escolhi para o segundo turno. Dei uma pesquisada e vi alguns projetos que ele quer fazer e outro não”, diz.
Para ela, a saúde obteve o peso maior na sua decisão. “Tudo é necessário, mas a saúde é mais, por conta da pandemia, e o que estamos precisando são mais hospitais”, afirma.
Prometido desde a gestão Fernando Haddad (PT), o Hospital da Brasilândia foi uma das obras que se arrastaram na região nos últimos anos. Ele foi aberto este ano com leitos para tratar de pacientes com Covid-19.
Cofundador, correspondente da Brasilândia desde 2010 e editor em projetos especiais. É jornalista do Valor Econômico e voluntário do projeto Animais da Aldeia. Canceriano, gosta de cachorros e de viajar por aí.
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