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Por: Artur Ferreira
Notícia
Publicado em 09.08.2024 | 16:37 | Alterado em 09.08.2024 | 16:51
Violeta é uma adolescente de 13 anos que ama skate e punk rock. Até que um dia, ao tocar uma fita cassete em seu toca-fitas ao contrário, ela ganha superpoderes e começa enfrentar “monstros” da sua escola e do seu bairro. E ela não está sozinha: Alan, seu amigo, podcaster e detetive, vai ajudá-la a desvendar grandes mistérios.
Este é o enredo de “Superpunk”, quadrinho nascido nas periferias de São Paulo que ganhará uma animação feita pela produtora audiovisual Chatrone. O livro foi lançado na convenção nerd PerifaCon 2024, realizado em 27 e 28 de julho, em Diadema.
A personagem nasceu em um zine independente em 2017, lançado pelo quadrinista Guilherme Petreca, 33, e hoje publicado em uma versão ampliada em parceria com a roteirista Mirtes Santana, 30, do Jardim Lucélia, no Grajaú, zona sul da capital paulista.
Ela é roteirista de TV e coleciona no currículo roteiros de “Turma da Mônica: a Série” e “O Menino Maluquinho”. “Superpunk”, porém, será a primeira experiência dela na roteirização de um quadrinho.
Guilherme Petreca, nascido em Santo André, na Grande São Paulo, já é um quadrinista premiado, vencedor do Troféu HQMix de Melhor Desenhista Nacional (2019) com o quadrinho Ye. Outras produções de destaque são Ogiva e Shamisen.
Mas “Superpunk” tem um ponto especial: dialoga diretamente com quem nasceu e cresceu nas periferias, em especial nos anos 1990 e 2000. De referências de bandas punks até as capas de álbuns dos Racionais MC’s, diversos elementos ajudam a compor a narrativa.
‘Eu sempre amei grafite, rap, punk, skate, e quis colocar tudo isso no quadrinho’
Guilherme, quadrinista
Além das referências, Mirtes explica que o quadrinho “carrega muito de uma vivência e do vocabulário periférico”. Nas páginas roteirizadas por Mirtes e desenhadas por Petreca também estão as fachadas das escolas onde estudaram e lugares especiais dos bairros onde cresceram.
Os autores também declaram que parte da trama do quadrinho carrega um teor autobiográfico. “Eu amava skate, e a Violeta, como eu era, é uma péssima skatista”, conta Petreca sorrindo ao lembrar de quando começou a frequentar as suas primeiras pistas de skate na pré-adolescência.
“Eu me vejo muito no Alan, com o podcast dele e por querer ser detetive, ter aquela coisa infantil de contar histórias e aumentar algumas”, brinca Mirtes. A roteirista também pontua que como esse foi seu primeiro trabalho em quadrinhos, foi importante contar a parceria de Petreca para adaptar seu estilo da TV para as páginas de um gibi.
Aos jovens que sonham em ser roteiristas ou quadrinistas, Mirtes e Petreca não titubeiam nas dicas: consumam e leiam de tudo, busquem suas próprias referências, frequentem os eventos e conversem com os artistas. “Às vezes, o pessoal fica muito ansioso nesses encontros, mas basta conversar tranquilamente com o artista que você acompanha”, aconselha Petreca.
Por fim, os autores pontuaram a importância de existirem mais iniciativas que incentivem as produções artísticas das periferias, em especial os editais públicos. “Eu não estaria aqui hoje se não fosse o PROAC, foi com a grana do edital que eu fiz meu primeiro quadrinho longo, o Ye”, Lembra Petreca.
Endereço: Editora Pipoca e Nanquim
Autores: Guilherme Petreca e Mirtes Santana
Páginas: 156
Para comprar: https://pipocaenanquim.com.br/superpunk.html
Jornalista e redator. Atuou nas redações do Observatório do Terceiro Setor e Rádio CBN. Adora livros, cinema, podcasts e debater sobre política internacional. Palmeirense. Correspondente do Jardim São Luís desde 2022.
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