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'Tratam os LGBTs como lixo', diz irmã de travesti assassinada

Na zona leste, 78% da população diz que há pouco ou nada sendo feito pela administração municipal para combater a violência contra população LGBT+

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Por: Redação

Publicado em 29.05.2018 | 20:06 | Alterado em 29.05.2018 | 20:06

Tempo de leitura: 4 min(s)

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Centro de Cidadania LGBT Laura Vermont Zona Leste (Prefeitura de São Paulo/ Secretaria de Direitos Humanos)

“A prefeitura não faz nada para ajudar os travestis e transexuais. A violência aqui na zona leste é muito grande”, diz a comerciante Rejane Laurentino de Araújo Neves, de 36 anos. Moradora do bairro Parque Santa Rita, ela se apresenta como Rejane Vermont, sobrenome usado pela sua irmã, a travesti Laura Vermont, assassinada aos 18 anos, na região, em junho de 2015.

A opinião de Rejane sobre a ausência de políticas públicas para combater a violência contra a população LGBT+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e outros gêneros) coincide com 36% dos moradores da zona leste; outros 42% consideram que pouco tem sido o empenho da prefeitura neste sentido.

A região é onde a crítica foi maior a atuação da administração pública, segundo a pesquisa “Viver em São Paulo: Diversidade”, de 2018, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência.

“Quando eu andava com a minha irmã, os policiais olhavam com diferença, com pouco caso, com nojo. Em um hospital, a tratavam como lixo e não como um ser humano, com uma opção diferente”, diz Rejane.

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Em 2016, um ano após o crime, a Prefeitura inaugurou um Centro de Cidadania LGBT, localizado na avenida Nordestina, 496, no bairro São Miguel Paulista, e batizou com o nome de Laura Vermont.

Apesar da instalação, Rejane considera que as ações para garantir a segurança precisam ser melhoradas. “A prefeitura precisa dar mais visibilidade aos LGBTs. No centro da cidade é diferente. As travestis podem andar normalmente, enquanto aqui tratam com indiferença.”

Dos 200 entrevistados, apenas 5% avaliaram positivamente a atuação da prefeitura e disseram há muito sendo realizado. É importante ressaltar que 17% não souberam responder ou não responderam. Somados representam menos de um terço da população da região.

Ainda segundo a pesquisa, aspectos socioeconômicos explicam o maior criticismo em relação à atuação da Administração Municipal: entrevistados(as) com menor renda, instrução e classe tendem a avaliar de forma mais crítica o empenho do poder público municipal para combater a violência contra a população LGBT+.

O comerciante Peterson Ribeiro, 41, morador da Vila Matilde, também na zona leste, avalia e compara as atuações de segurança.

“Creio que a percepção desses mais de três quartos desacreditados mostrados na pesquisa é a mesma que eu tenho. Ação zero por parte do poder municipal aqui na zona leste. Pelo menos, eu não tenho conhecimento. Aqui não se vê nem homens de mãos dadas como na Paulista”, diz.

MENOS DESACREDITADA

Segundo o levantamento, diferente da zona leste, o centro é onde a percepção pública das ações da prefeitura se saiu melhor. Apenas 17% consideram que nada é feito, na outra ponta da qualificação 13% acham que a administração faz muito pela segurança.

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Laura Vermont e sua mãe Zilda Vermont (Arquivo pessoal)

“A zona leste está uma porcaria. A violência cada vez aumenta mais e não existe punição para os agressores. Eles sempre ficam impunes. Até hoje os assassinos da minha filha estão na rua”, diz a comerciante e ativista Zilda Laurentino, 60, mãe de Laura Vermont. Ela também se apresenta como Zilda Vermont à reportagem.

“Foi preciso eu perder a minha filha para ter um centro cidadania na região”, reitera ela, que atualmente faz parte do coletivo Mães pela Diversidade.

O grupo é formado por mães de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, espalhado pelo Brasil, com objetivo de lutar por direitos civis, conscientizar a sociedade para evitar o ódio e a intolerância e apoiar pais e mães de LGBTs.

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Para o analista financeiro Lucas Malimpensa, 34, morador da região central, a concentração do público LGBT+ pode explicar essa diferença de percepção.

“Acho importante considerar que a região central é tida como reduto LGBT. Logo, a concentração se torna muito maior, o que gera maior visibilidade. E a prefeitura, obviamente, concentra o pouco esforço dedicado, nessa região, que ao meu ver, pode gerar ‘falsa ilusão’ de que algo significante tem sido feito.”

Onde ficam os Centros de Cidadania LGBTI na cidade*:

Centro de Cidadania LGBTI Claudia Wonder (zona oeste)
Avenida Ricardo Medina Filho, 603 – Lapa
Segunda a sexta-feira, das 9h às 18h
Telefone: (11) 3832-7507
[email protected]

Centro de Cidadania LGBTI Laura Vermont (zona leste)
Avenida Nordestina, 496 – São Miguel Paulista
Segunda a sexta-feira, das 11h às 20h
Telefone: (11) 2032-3737
[email protected]

Centro de Cidadania LGBTI Luana Barbosa dos Reis (zona norte)
Praça Centenário, 43 – Casa Verde
Segunda a sexta-feira, das 9h às 18h
Telefone: (11) 3951-1090
[email protected]

Centro de Cidadania LGBTI Edson Neris (zona sul)
Rua: Conde de Itu, 673 – Santo Amaro
Segunda a sexta-feira, das 9h às 18h
Telefone: (11) 5523-0413 / 5523-2772
[email protected]

Centro de Referência e Defesa da Diversidade Brunna Valin (CRD)
Rua Major Sertório, 292/294 – República
Segunda a sexta-feira,das 13h às 22h
Telefone: 11 3151-5786 / 5783
[email protected]

*Fonte: Site da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo. Os horários de funcionamento podem sofrer alterações devida à pandemia da Covid-19.

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