Durante os anos 1990, quando Osasco completou 30 anos de emancipação, o município ganhou um monumento na entrada da cidade da Grande São Paulo. O cartão de visita para quem vinha da capital era um letreiro gigante com o nome do município e ficava no bairro da Vila Yara.
Essa história recente foi deixada de lado nas últimas semanas, quando a prefeitura autorizou a destruição do monumento para a realização das obras de ampliação de um terminal e a passagem de um corredor de ônibus, trabalho subsidiado pelo governo do estado.
As letras não foram retiradas para uma futura colocação, pois os tratores as destruíram. Além disso, 114 árvores do espaço foram cortadas para o empreendimento – há a promessa de replantio e houve autorização da Cetesb.
Para completar, a obra foi destruída, menos de três anos após ser reformada. Em 2015, a gestão anterior divulgava que o local se tornava uma “obra de arte” num projeto denominado “Ação de Valorização do Espaço Público”.
“Sempre que uma obra, monumento ou qualquer outra homenagem histórica da cidade necessita ser substituída, manifesta uma perda importante para história e memória dos osasquenses”, afirma o presidente da Ordem dos Emancipadores de Osasco, José Geraldo Setter.
“Destruir um pedaço da história não representa a única alternativa. É sempre preferível explorar meios de transportar para outros locais, preservando a obra original”, ressaltou.
PREFEITURA
Segundo a prefeitura, não havia alternativa para o seguimento da obra. “A estrutura do letreiro era em concreto armado. Portanto, foi necessária a destruição para dar continuidade às obras, já que a área por ele ocupada integrará o novo complexo viário das linhas de ônibus que circularão pelo terminal”, diz a gestão.
De acordo com a prefeitura, depois da obra ser concluída, o espaço terá uma nova identidade visual “de acordo com a padronização do município”.
A obra de ampliação do Terminal da Vila Yara faz parte de um importante projeto do Corredor Metropolitano Itapevi – Osasco, que atenderá os moradores de Osasco e região. O projeto prevê a ampliação das plataformas que atendem as 39 linhas metropolitanas e municipais.
As árvores que faziam parte da praça também foram cortadas para o processo. A EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), do governo do Estado, solicitou autorização para a supressão das árvores.
Segundo a Cetesb, o Termo de Compromisso prevê a compensação ambiental de 20 mil metros quadrados de mudas nativas na cidade, em áreas a serem definidas pela Prefeitura, que pode ser o corredor viário da avenida dos Autonomistas, praças ou parques.
“A EMTU assumiu o compromisso de realizar a compensação florestal de 1,976 ha em Unidade de Conservação gerida pela Fundação Florestal”, diz a nota.
Paulo Talarico é correspondente de Osasco
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