Quantos moradores deixariam a cidade e o que mais gostam nela são algumas das perguntas respondidas no estudo lançado pelo Rede Nossa São Paulo e Ibope
Por: Redação
Publicado em 22.01.2020 | 15:32 | Alterado em 22.01.2020 | 15:32
Morar perto do trabalho, ter momentos de lazer, uma biblioteca próxima, saúde e segurança garantidos foram algumas das respostas que o 32xSP recebeu de diversos moradores sobre suas percepções do que é qualidade de vida na cidade de São Paulo.
Este é o tema da pesquisa divulgada nesta quarta-feira (22) pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência.
Primeira da série “Viver em São Paulo” deste ano, o estudo aborda diversos fatores sobre a percepção da qualidade de vida dos paulistanos, tanto baseado em características pessoais, como infraestrutura, acesso e direitos na cidade.
Segundo o levantamento, para maioria da população, a qualidade de vida se manteve estável no último ano, e que 4 em cada 10 pessoas sentem pelo menos um pouco de orgulho em morar na cidade.
Apesar disso, repetiu a percepção dos anos anteriores em relação ao futuro, mostrando que 6 em cada 10 paulistanos sairiam da cidade se tivessem oportunidade.
Este é o caso da professora Maria Aparecida da Silva, 54, moradora do Jaraguá, na zona norte de São Paulo. “Já planejo que, quando aposentar, vou procurar um lugar onde tenha sol o ano inteiro”, conta.
Para ela a qualidade de vida está totalmente relacionada à questão do tempo. Maria Aparecida já chegou a levar cinco horas diárias dentro do transporte público no trajeto entre sua casa e o trabalho, em Osasco, na Grande São Paulo.
Eram seis conduções, que somadas a carga horária de aulas, fazia com que ficasse 15 horas por dia fora de casa.
“Você não vai conseguir fazer nada na sua vida se não tiver tempo, só vai sofrer. Sair do trabalho, correr para casa e trabalhar de novo. A qualidade de vida vai embora sem tempo”
Maria Aparecida da Silva, professora e moradora do Jaraguá
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Já para Giovanna Sabino Dória, 25, qualidade de vida inclui também outras questões. “É a prática de atividades físicas, psicológicas e espirituais, que contribuem para que eu viva com maior plenitude”, diz a oficial de manutenção elétrica, moradora de Perus, na zona noroeste da cidade.
PONTOS NEGATIVOS E POSITIVOS
A pesquisa mostra que, dentre os pontos mais positivos de São Paulo, o acesso ao lazer, diversão e entretenimento está em segundo lugar, atrás apenas do quesito “oportunidades”.
Oscar Bardelli Junior, 24, mora na Vila Matilde, zona leste, e celebra a variedade de opções de entretenimento na cidade.
“Se um filme tiver a estrear em uma cidade do Brasil, vai ser em São Paulo. Se uma peça tiver que escolher um lugar para ficar em cartaz, este lugar vai ser São Paulo. Sem falar na variedade de bares e espaços noturnos”, opina.
Para ele, qualidade de vida se relaciona diretamente com momentos de lazer constantes balanceados à rotina.
Por outro lado, entre os problemas da cidade, a violência e a criminalidade lideram o ranking, seguidos pelo trânsito e pela desigualdade.
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Eu gosto da diversidade de mundos que a cidade me proporciona. Em contrapartida, há desigualdade, pois nem todos podem desfrutar das mesmas oportunidades”, comenta Giovanna.
Morador do Grajaú, no extremo sul da capital, o estagiário Dennis León, 22, representa os 5% dos entrevistados da pesquisa que falaram sobre preconceito.
“O que realmente me entristece é o fato de uma cidade com tanta diversidade ter um índice tão grande de intolerância e preconceito contra praticamente tudo que contradiz a ‘família tradicional brasileira’”
Dennis León, morador do Grajaú
Além de ser um indicador sobre a percepção das pessoas, para Carol Guimarães, coordenadora da Rede Nossa São Paulo, a pesquisa demonstra ainda os diversos fatores e desafios que impactam na qualidade de vida dos paulistanos, e pode ser um dos reflexos do trabalho da gestão municipal.
“Se muitas pessoas que moram em São Paulo não estão felizes, isso mostra que há muitos problemas e desafios complexos. A ideia é que um gestor público faça com que a cidade fique melhor do que estava em quatro anos”.
O morador do Jardim Ester Yolanda, na zona oeste, Victor Pinas Arnault, 29, associa a falta de bibliotecas com wi-fi perto de casa como algo que poderia melhorar sua percepção de qualidade de vida.
“Não existem muitas bibliotecas perto de onde eu moro. Gostaria de ter um espaço para estudar, sem precisar usar ônibus para ir até o local. Isso seria um começo para melhorar minha qualidade de vida”, conta.
Além dos dados gerais sobre qualidade de vida, a pesquisa mostra ainda como os paulistanos avaliam a gestão pública e participam da vida política da cidade. Separamos alguns dos principais dados neste quiz.
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