No Dia da Visibilidade Bissexual, separamos alguns mitos e verdades que você precisa saber para ser um aliado no combate à bifobia
Por: Nathália Nunes
Notícia
Publicado em 23.09.2021 | 14:02 | Alterado em 22.11.2021 | 16:11
O Dia da Visibilidade Bissexual é celebrado em 23 de setembro há 22 anos. Apesar disso, a letra B da sigla LGBTQIA+ ainda é invisibilizada.
Enquanto mulheres bissexuais são fetichizadas, os homens que se identificam como bi são lidos como “gays que ainda não saíram do armário” por muitos. Nesse caso, o que homens e mulheres têm em comum é a invalidação da sua orientação sexual.
Em 1999, três ativistas dos direitos bissexuais, Wendy Curry, Michael Page e Gigi Raven Wilbur, deram origem a essa data. Desde então, diversos coletivos e ações de ativismo surgiram para amplificar as vozes dos bissexuais, reivindicar seus direitos e combater a bifobia (os preconceitos contra bissexuais).
Reunimos dez informações valiosas que você precisa saber para não ferir nenhuma pessoa bissexual sendo preconceituoso.
É comum que bissexuais escutem, ao se assumirem, que eles só estão confusos, com medo de se declararem homossexuais ou passando por uma fase, e logo vão “se decidir” sobre gostar de pessoas do mesmo gênero ou do gênero oposto.
Porém, isso não é verdade. A bissexualidade existe, e é sim possível sentir atração sexual e afetiva por mais de um gênero. Ao pensar que uma pessoa bissexual “ainda não se decidiu”, você está negando a bissexualidade.
Não há uma régua para fazer essa medida. Existem sim pessoas bissexuais que se interessam igualmente por todos os gêneros, mas não é uma regra. É possível que exista mais interesse sexual e afetivo por um gênero em específico, o que também pode mudar com o tempo, afinal, a sexualidade pode ser fluída.
No fim, mesmo se existisse uma porcentagem pré-definida, não seria importante. O quanto uma pessoa bissexual se interessa pelos demais gêneros não é o que valida a sua orientação sexual.
Outro mito muito comum é o de que bissexuais só se relacionam com homens e mulheres, e há até quem diga que essas relações só acontecem com homens e mulheres cisgêneros. Na verdade, bissexuais são capazes de se atrair por pessoas trans, não-binárias (que não se identifica com os gêneros masculino e feminino) e de qualquer outra identidade de gênero.
Quando uma pessoa bissexual está em um relacionamento com alguém do gênero oposto, ela não passa a ser heterossexual, assim como não passa a ser homossexual ao se relacionar com uma pessoa do mesmo gênero. Bissexuais continuam sendo bissexuais independente da relação sexual ou afetiva que estejam vivendo.
Há quem diga que pessoas bissexuais têm o dobro de chances de trair e, por sentirem atração por mais de um gênero, logo vão querer “pegar todo mundo”. O que não é verdade. Traição não tem relação com orientação sexual, assim como a quantidade de pessoas pela qual alguém irá se interessar pode variar, não existe um padrão para nenhuma sexualidade.
Assim como uma pessoa bissexual que está em um relacionamento com alguém do gênero oposto não passa a ser heterossexual, bissexuais não precisam se relacionar na mesma medida com todos os gêneros. Também é mito que para se sentirem “completos” os bissexuais precisam estar se relacionando com gêneros diferentes ao mesmo tempo.
Nem mais fácil, e nem mais difícil, são experiências diferentes. A verdade é que esse pode ser um momento complicado para bissexuais, lésbicas, gays, panssexuais e pessoas que se identificam com qualquer orientação sexual que foge da heteronormatividade.
Isso porque a LGBTfobia é real, e apesar de poder se manifestar de formas diferentes para cada letra da sigla, sair do armário continua sendo um risco para a comunidade LGBTQIA+.
Os termos costumam ser associados a mulheres bissexuais que beijam outras mulheres em festas e baladas. Para quem costuma usar esses termos preconceituosos, essas mulheres só se envolvem com pessoas do mesmo gênero nesses ambientes pela empolgação do momento ou para chamar a atenção.
Ninguém precisa que outras pessoas fiscalizem a sua própria sexualidade. Se alguém quis beijar uma outra pessoa do mesmo gênero em qualquer ambiente que esteja, isso só diz respeito às pessoas envolvidas, desde que haja consentimento de ambas as partes.
Como já citado no começo do texto, é comum que homens bissexuais sejam encarados como gays que ainda não tiveram coragem de se assumir. A bissexualidade das mulheres também é invalidada não só quando usam os termos “bi de balada” ou “bi festinha” como falamos no tópico acima, mas também quando não as levam a sério simplesmente por fetichizarem suas relações com outras mulheres.
Apesar da invalidação de maneiras diferentes para homens e mulheres, a raiz é a mesma: o machismo, que sexualiza mulheres e dá origem à masculinidade tóxica. Homens e mulheres bissexuais existem e a sua orientação sexual deve ser respeitada, e não questionada.
Não são só pessoas heterossexuais que invalidam a bissexualidade. O estereótipo de que o bi tem mais possibilidades de trair também ocorre na comunidade LGBT. Por isso, é importante falar sobre isso evitar o preconceito.
Jornalista, nascida e criada na Cidade Tiradentes. Gosta de estudar sobre sociedade e cultura, além de ser apaixonada por rap, cinema e fotografia. Correspondente de Cidade Tiradentes desde 2021
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