Por: Cleberson Santos
Notícia
Publicado em 24.08.2022 | 19:17 | Alterado em 26.08.2022 | 19:25
Começou como uma formação, deu origem a uma página no Instagram e agora a um livro. Esse é o caminho percorrido pelos jovens que participam do coletivo Vozes Periféricas, projeto que une poesia e artes visuais. Neste sábado (27), o coletivo realizará um sarau para lançar o livro que leva o nome do projeto.
O Instagram e o livro surgem como produto final das trocas entre os artistas. O poeta escreve versos que serão “traduzidos” em desenho pelo ilustrador. Ou vice versa. Todos os colaboradores do livro são jovens que vieram de comunidades ao redor da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) e Jaguaré, na zona oeste de São Paulo, Heliópolis, na zona sul, e na cidade de Carapicuíba, na Grande São Paulo.
O perfil do Instagram, que hoje tem mais de 1.600 seguidores, surgiu como solução para dar continuidade ao projeto depois da pandemia de Covid-19. É lá onde esses artistas se manifestam por meio da arte sobre temas como racismo, afetos, solidão, falta de perspectiva, além de detalhes do dia a dia de cada um.
“O Vozes é formado por uma diversidade grande de pessoas, com objetivos diferentes na vida”, explica Jovana Basílio, 22, assistente administrativo e uma das produtoras do coletivo.
“Foi muito rico conhecer histórias de outros jovens que, apesar dos preconceitos que passamos por sermos negros, LGBTQIA+ e viver em comunidades, continuamos vivos e buscando espaços de fala fora do nosso núcleo”
Jovana Basílio, 22, produtora do Vozes Periféricas
Karoline Aparecida, 22, é um exemplo dessa diversidade. Além de poeta, ela é vestibulanda de medicina e atua como coordenadora de um projeto sobre HIV/Aids e IST’s (infecções sexualmente transmissíveis) na Unas (União de Núcleos e Associações de Moradores de Heliópolis e região).
“Antes escrevia apenas para mim, a sensação de estar no Vozes é de liberdade e acolhimento”, conta Karoline. “Me sinto contemplada em ter minhas poesias no livro, isso era algo distante para mim”.
Já Gabriel Ferreira, 20, é animador e atualmente é responsável por cuidar da página do Vozes no Instagram. Ele, que vive na região da Ceagesp, define como “surreal” a experiência de ver os desenhos dele impressos em um livro.
“É muito bom ter onde expor meus trabalhos, em conjunto com outros artistas, fazendo essa troca. Eu nunca havia feito nada para um livro, e ver meu desenho na capa foi um momento de apreciação e realização. É possível alcançarmos o patamar de autores mesmo sendo periféricos”, afirma.
O Vozes Periféricas começou em 2019 como uma formação em leitura, literatura e produção de registros escritos e gráficos a partir de uma parceria dos institutos Çarê, Acaia e a Unas.
Além do livro “Vozes Periféricas”, o evento também terá o lançamento do livro “Favela: A Flor em Resistência/O Lugar Ausente”, da escritora Adriele Oliveira.
Endereço: Instituto Çarê (Rua. Dr. Avelino Chaves, 138, Vila Hamburguesa)
Horário de funcionamento: Sábado (27), 15h.
Correspondente do Capão Redondo desde 2019. Do jornalismo esportivo, apesar de não saber chutar uma bola. Ama playlists aleatórias e tenta ser nerd, apesar das visitas aos streamings e livros estarem cada vez mais raras.
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