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Wi-fi livre ajuda imigrantes a matar a saudade da terra natal

Moradores utilizam conexão gratuita em duas praças da região. Em plano de metas, gestão Doria prometeu duplicar pontos de wi-fi em toda a cidade

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Por: Redação

Publicado em 02.02.2018 | 12:27 | Alterado em 02.02.2018 | 12:27

Tempo de leitura: 3 min(s)
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Imigrantes aproveitam wi-fi gratuito para se comunicar com familiares dos países de origem (Lucas Veloso/32xSP)

É domingo em Guaianases, extremo leste da capital paulista. Os 30°C parecem convidar os moradores a se reunirem na Praça Jesus Teixeira da Costa, no centro do bairro. Mas engana-se quem acha que o verde ou o canto dos pássaros são os principais atrativos. E sim, o ponto gratuito de wi-fi.

Habitantes locais e imigrantes se dirigem à praça para baixar músicas e aplicativos, mandar áudios e mensagens via celular.

“Não tenho internet em casa, pois não tem espaço para colocar os fios e a antena, aí eu venho para cá. Falo com minha família, vejo vídeos”, explica o haitiano Ytorique Charles, 29, que mudou-se para o Guaianases há cinco anos com a esposa.

A conexão gratuita ajuda o servente de pedreiro a minimizar a saudade do pai e do filho que ficaram no Haiti. Enquanto não consegue trazer os familiares para perto.

LEIA MAIS: Passageiros reclamam de wi-fi e USB ruins em novos ônibus de SP

Morador do bairro, Rogério Dias, 19, afirma estar satisfeito com a conexão, também usada para enviar e receber mensagens de amigos e familiares. “Eu vim aqui usar, e acho que tem que aumentar o número [de pontos de wi-fi], porque nem todo mundo consegue fazer isso em casa. Então a solução é vir pra praça”, relata o jovem, reforçando a importância da democratização do acesso à internet, já que nem todas as pessoas da região têm banda larga em casa.

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Atualmente, segundo a Prefeitura de São Paulo, existem 120 pontos de wi-fi gratuito espalhados pela cidade por meio do programa Wi-Fi Livre SP, administrado pela Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia. A iniciativa foi lançada em 2014 com o objetivo de levar internet gratuita e de qualidade, disponibilizando um sinal wi-fi nas principais praças/parques de cada distrito da capital.

Em Guaianases, além do ponto gratuito na Jesus Teixeira da Costa, a pouco mais de 2 km, na Praça Cecília Marques de Araújo, está outro acesso livre.

CONEXÃO

O 32xSP visitou os dois locais  para verificar o funcionamento da internet e testar a velocidade e a capacidade de realizar alguns downloads.

Na Praça Jesus Teixeira da Costa, a internet estava mais lenta. Foi possível enviar e receber mensagens via aplicativo, mas não realizar downloads, mesmo após cinco tentativas. Além disso, a rede caía com frequência durante o uso, sendo necessário reconectar algumas vezes. A lentidão também foi percebida pelo haitiano Charles, que afirmou não ser possível carregar alguns vídeos.

Já na Praça Cecília Marques de Araújo, a utilização foi mais rápida em virtude do número de usuários conectados. O aplicativo de fotos Instagram foi baixado em pouco mais de dois minutos. As mensagens foram enviadas e recebidas rapidamente. A rede também não registrou nenhuma queda durante o uso.

Segundo a Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia, a velocidade mínima de conexão é de 512kbps, o que, na teoria, deve atender de 50 a 250 usuários simultaneamente. A velocidade e a qualidade da conexão são controladas pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (Nic.BR), em parceria com a SMIT por meio do Sistema de Medição de Tráfego de Última Milha (Simet), instalados em cada uma das localidades.

VEJA TAMBÉM: Sapopemba terá mais duas praças com wi-fi gratuito até fim de 2018

PLANO DE METAS

Duplicar os pontos de wi-fi livre está no Programa de Metas (2017-2020) do governo Doria (PSDB), que prometeu duplicar os pontos gratuitos de internet no município. Ainda segundo a programa, além da expansão quantitativa, a iniciativa prevê melhorar a qualidade do serviço oferecido, entregando uma conexão com velocidade mínima de 512kbps.

O plano de expansão deve contemplar, além de praças e parques, outros equipamentos públicos, como CEUs (Centros Educacionais Unificados), UBSs (Unidades Básicas de Saúde), bibliotecas, clubes municipais, espaços de atendimento ao cidadão e pontos turísticos. 

Ao todo, a zona leste conta com 36 pontos de internet disponíveis, sendo que Mooca lidera com seis, depois Itaquera com cinco; em seguida, Penha e Itaim com quatro cada um– contra os 23 que estão localizados no centro da cidade, no distrito da Sé.

Em nota, a Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia informa que a escolha dos novos espaços leva também em consideração critérios de distribuição espacial, vulnerabilidade social e densidade populacional.  

Ainda esclarece  que os pontos citados nesta matéria têm números máximo de acessos simultâneos diferentes. A Praça Jesus Teixeira da Costa consegue comportar 100 usuários ao mesmo tempo. Na Praça Cecília Marques de Araújo, 50 pessoas conseguem navegar simultaneamente. Contabilizados, os locais somam mais de 105 mil acessos no mês (total que representa não a quantidade de usuários únicos, mas de acessos).

Como o acesso costumeiro de Charles que, ao ar livre da praça, navega nas lembranças de sua terra natal. “Além de mandar mensagem, eu vejo vídeos de Compas [tradicional dança haitiana]”, enfatiza. “Esse ritmo não é nem samba, nem funk, porque é mais devagar”, explica o haitiano, enquanto procura um vídeo no celular para mostrar como é a dança.

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