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29 de 96 distritos da cidade de SP não possuem leitos hospitalares

Situação é mais crítica nas zonas sul e leste, com sete distritos, cada, com indicadores zerados; população aguarda conclusão de obras

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Por: Redação

Publicado em 17.12.2018 | 18:13 | Alterado em 17.12.2018 | 18:13

Tempo de leitura: 4 min(s)
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Em fase de conclusão, Hospital Municipal de Parelheiros funciona parcialmente (Vagner Vital/32xSP)

Segundo dados divulgados pelo Mapa da Desigualdade 2018, da Rede Nossa São Paulo, 29 dos 96 distritos da cidade de São Paulo não possuem leitos hospitalares. Ao todo, cerca de três milhões de pessoas têm que se deslocar para distritos vizinhos para procurar atendimento médico, em casos de internação.

Em comparação ao ano anterior, houve leve melhora, de 32 distritos para 29 com indicadores abaixo de zero. Para o cálculo, a pesquisa leva em consideração o número total de leitos dividido pelo número total de habitantes x 1.000, e não considera equipamentos estaduais.

Os distritos São Rafael (0,04), Lajeado (0,55) e Tremembé (1,83) tiverem seus índices elevados, mas ainda baixos, quando a referência para a meta é de 2,5 a 3 leitos para cada mil habitantes.

ÍNDICE ZERADO NA ZONA SUL

Com uma população de 146 mil pessoas, o distrito de Parelheiros, no extremo sul da cidade, tem seu índice zerado desde o início do levantamento, em 2005, ao lado do vizinho Marsilac, também com índice zerado.

Na outra ponta da zona sul, com uma população de 280 mil pessoas, o mais populoso entre os índices zerados, Cidade Ademar conta com o auxílio de hospitais em distritos vizinhos, como é o caso do Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya, no Jabaquara.

No entanto, segundo moradores, a unidade acaba não suportando a demanda extra, causando superlotação e demora no atendimento.

“Meu padrasto sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e foi levado pelo Samu para o Saboya. Ele foi atendido rápido na emergência, mas ficou na maca no pronto-socorro”, conta a corretora de imóveis, Silvana Leite, 57, moradora da Cidade Ademar, que teve que recorrer ao atendimento no distrito vizinho.

“Ele era idoso e cadeirante, precisava ficar com um acompanhante (…). Tivemos que ficar no corredor para poder dar assistência a ele. Depois de alguns dias de muita insistência, conseguimos um leito digno, mas infelizmente ele veio a falecer”
Silvana Leite, corretora de imóveis

O distrito ainda enfrenta outras dificuldades na área da saúde. Segundo o mesmo levantamento, uma pessoa leva, em média, 48 dias para receber um atendimento com clínico geral, enquanto em Pinheiros, na zona oeste da capital, esse tempo cai para menos de um dia.

SEM HOSPITAL NA REGIÃO

Situação semelhante ocorre no distrito de Artur Alvim, na zona leste. A região também aparece com número de leitos zerado e com um dos maiores indicadores em tempo de espera para quem busca por atendimento com clínico geral.

Quem mora por lá chega a esperar 52 dias na fila para receber atendimento. O distrito ainda amarga a primeira posição no ranking de mortalidade infantil, com 27 mortes de crianças menores de um ano de idade em 2017, segundo aponta o Mapa da Desigualdade.

A analista de comunicação Talita Medeiros, 25, moradora de Artur Alvim, já teve que acompanhar a internação de um tio em um hospital do distrito vizinho, em Itaquera.

Ela conta que não há preocupação em implantar um hospital público na região e que, para a Prefeitura, os hospitais em bairros próximos têm que suportar a demanda oriunda da vizinhança.

“A própria população de Itaquera já é enorme. Cresce muito. Têm pessoas que precisam de um leito, ficarem internadas, mas muitas vezes morrem em macas sem atendimento”
Talita Medeiros, analista de comunicação

CONFIRA
Moradores de Itaquera reclamam da situação do Hospital Planalto

LEITOS HOSPITALARES EM OBRAS

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Leitos entregues no Hospital Municipal de Parelheiros, no extremo sul da capital paulista (Divulgação/PMSP/Cristiane Cibele Gonçalves)

Procurada, a Secretaria Municipal da Saúde respondeu em nota que a saúde pública concentra a disponibilização de vagas em áreas com maior presença de população dependente exclusivamente do SUS, e que, apesar de não haver leitos hospitalares nos distritos citados, para cada bairro existem unidades de referência sempre em regiões próximas.

Segundo a Secretaria, ao todo, o município conta com 17.274 leitos hospitalares cadastrados até outubro deste ano, e que está em fase de obras o Hospital Municipal de Brasilândia, com previsão de entrega para o segundo semestre de 2019, com 305 leitos operacionais.

Em Parelheiros, a pasta informa que está em fase de conclusão a obra do Hospital Municipal de Parelheiros e que a unidade já funciona parcialmente atendendo 2,5 milhões de pacientes.

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Em relação ao índice de mortalidade infantil em Artur Alvim, a Secretaria diz já realizar ações estratégicas para diminuir o índice, como captar precocemente as gestantes para iniciar o pré-natal até a 12ª semana de gestação; atualizar o Curso de Reanimação Neonatal para os profissionais das Unidades Neonatais, entre outras.

O órgão também informa que agirá em parceria com outras secretarias, como Educação e Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), para intervenção nas situações que se fizerem necessárias.

Confira os distritos que não contêm nenhum leito hospitalar:

Artur Alvim, Barra Funda, Cidade Ademar, Casa Verde, Socorro, Água Rasa, Brasilândia, Limão, República, Bom Retiro, Campo Belo, Perus, Vila Curuçá, Mandaqui, Marsilac, Parelheiros Raposo Tavares, Ponte Rasa, Anhanguera, Pedreira, Vila Sônia, Cangaíba, Campo Limpo, Cidade Líder, São Lucas, Alto de Pinheiros, Aricanduva, Vila Guilherme e Jaguaré.

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Moradores do Capão Redondo gastam até 2h para chegar ao hospital mais próximo

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