Lançado em outubro de 2017 para marcação de consultas e exames, "Agenda Fácil" foi chamado de "Revolução na Saúde". População ainda desconhece tecnologia
Por: Redação
Publicado em 01.02.2018 | 14:06 | Alterado em 01.02.2018 | 14:06
Na época do lançamento, em outubro do ano passado, o aplicativo Agenda Fácil, para marcação de consultas e exames na rede municipal, foi anunciado pela Prefeitura de São Paulo como uma “Revolução na Saúde”. Três meses depois, a reportagem do 32xSP foi a cinco UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da zona norte da capital, sem se identificar, e constatou o desconhecimento da população sobre a nova ferramenta.
A reportagem ouviu atendentes relatando frequentes falhas técnicas no sistema e acompanhou a jornada frustrada de uma idosa interessada na novidade. Em todas as unidades de saúde visitadas, o 32xSP conversou com pacientes, mas a maioria disse desconhecer o Agenda Fácil.
Balanço da Secretaria Municipal da Saúde, de 24 de janeiro, mostra que, nas 34 unidades incluídas no sistema, até aquela data, o número de pessoas cadastradas chegou a 2.686, menos de 0,5% do público estimado em 680 mil. Em pouco mais de três meses, foram realizadas 3.600 operações.
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A reportagem perguntou aos funcionários das unidades sobre o funcionamento do aplicativo, e as opiniões foram negativas. Alguns comentários dos atendentes: “[O sistema] não está funcionando”; “Desde que saí de férias, em dezembro, já estava com problemas”; “O sistema está em fase de ajustes, pois já houve casos de agendamento em duplicidade”; “Enviamos e-mail para a área técnica, mas ainda não foi resolvido”; “Volte na próxima semana”.
Sem saber da existência do aplicativo, as pessoas necessariamente vão às unidades para agendar ou desmarcar serviços, aumentando as filas desses locais, já sobrecarregados com a alta demanda pela vacina contra a febre amarela.
Aguardando atendimento na UBS Vila Ede, o pedreiro Antonio Santos, 52, se espanta ao ser perguntado sobre o Agenda Fácil: “Nunca ouvi falar, mas parece ser bom, vou procurar saber”, diz, surpreso.
Com dificuldades de locomoção, a aposentada Iracema Lopes, 87, estava na UBS Isolina Mazzei para pegar o código de validação, exigido para o acesso inicial ao Agenda Fácil, mas teve a informação de que o sistema de emissão está “fora do ar há vários dias”.
Chateada com a recusa, a idosa conta o sacrifício que faz para ir à unidade. “Tenho artrose na coluna e nos joelhos. Venho sempre a pé ou pego táxi, quando estou com muita dor. Esse novo sistema ia facilitar minha vida. Meus netos ou minha filha poderiam marcar as consultas pelo celular. É uma pena”, desabafa.
Na página do app, no Google Play, usuários avaliam a experiência com a novidade. Na escala até cinco estrelas, o Agenda Fácil atingiu a média de 2,8. A maioria elogia a iniciativa, mas faz críticas ao funcionamento.
As principais reclamações recaem sobre falhas no cadastramento, impossibilidade de agendamento, fechamento repentino da tela, falta de suporte técnico e lentidão no “carregamento”.
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O site da Prodam, empresa de tecnologia responsável, informa que o aplicativo foi desenvolvido “em menos de dois meses”. No dia dois de janeiro, uma usuária reclamou: “Duas semanas que [o aplicativo] só fica carregando. Alguém pode me ajudar?”. No dia seguinte, a Prodam respondeu: “Entramos em contato com o suporte técnico do Agenda Fácil e logo corrigiremos essa falha”.
COMO USAR O AGENDA FÁCIL
O primeiro passo do interessado é retirar o código de acesso na UBS de registro. Após baixar o app, exclusivamente no Google Play, para Android, clicar em “primeiro acesso”, preencher os dados pessoais, código validador e senha.
Os serviços disponíveis no aplicativo são aqueles oferecidos pela UBS onde a pessoa está registrada, para consultas com clínico geral, pediatra ou ginecologista. Para outras especialidades, exames ou procedimentos, é possível agendar nas unidades ligadas à UBS de origem do usuário. O interessado também pode desmarcar os agendamentos. Confira abaixo um tutorial sobre o uso do app:
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, em alguns locais, “até 40% das vagas não são preenchidas”, pelo não comparecimento dos pacientes ou mesmo em razão de horários não reservados.
No último dia 29, o total de UBSs incluídas no sistema chegou a 90, nas zonas norte, oeste e sudeste, porém, como o aplicativo está passando por atualização, a relação de unidades na página inicial está incompleta. A Secretaria da Saúde orienta os interessados a procurar a UBS de registro para mais informações.
O APP, NA VISÃO DA PREFEITURA
Em nota, a Secretaria da Saúde reconhece que “o ritmo de adoção do aplicativo pelos pacientes está um pouco mais lento do que o estimado, mas segue crescendo continuamente”, e não comenta as falhas apontadas por usuários e funcionários das UBSs, alegando ser necessário “conhecê-las especificamente para responder”.
O órgão nega que haja indisponibilidade na emissão do código autorizador, mas alerta que “as unidades têm o poder de gerar ou não o código, e devem fazê-lo apenas para pacientes daquela unidade, por residência ou trabalho próximo”. Segundo a nota, não há possibilidade de duplicidade de agendamentos.
Sobre a falta de suporte técnico, a Secretaria justifica que o aplicativo, “como muitos outros, funciona sem apoio remoto ao usuário” e que as orientações são fornecidas pela UBS. Na avaliação do órgão, o Agenda Fácil “está sendo muito bem-sucedido, proveitoso para os pacientes e para a gestão das unidades, proporcionando mais transparência e poder ao cidadão”.
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http://32xsp.org.br/2018/01/16/prefeitos-regionais-usam-whatsapp-para-se-aproximar-de-moradores/
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