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Agência de Jornalismo das periferias

Arquivo pessoal/Divulgação

Por: Ellie Sasi

Notícia

Publicado em 04.12.2025 | 15:49 | Alterado em 04.12.2025 | 16:42

Tempo de leitura: 3 min(s)

Quando o assunto é festa em Paraisópolis, todos costumam lembrar do famoso baile da DZ7, um dos eventos de funk mais famosos de São Paulo. Mas, na favela localizada na zona sul de São Paulo, há outros rolês de música tão legais quanto esse, que movimentam o território e celebram a cultura de outras formas.

É o caso do Baile Black Skin, uma festa que busca cultuar e exaltar a cultura negra de Paraisópolis, por meio de ritmos como rap, black music, jazz, reggae, soul e hip-hop.

Fundada em 2019 por Jeymison Fernandes, 32, mais conhecido como DJ Big Jay, em parceria com o DJ Dih Diamond, o espaço se tornou uma das referências da cultura negra na região.

‘A gente teve a ideia de trazer um baile black para a comunidade porque não tinha. E a ideia foi justamente essa: a inclusão, a socialização através da música e através da arte’

Big Jay, DJ

DJ Big Jay, fundador da Baile Black Skin, no próprio estúdio @Ellie Sasi/Agência Mural

Desde então, o evento, que existe há mais de seis anos, é realizado toda semana em um espaço fechado, na rua Pasquale Gallupi, 1.369, e se tornou referência entre quem busca um rolê voltado à cultura preta.

As festas costumam rolar às sextas ou sábados, a partir das 23h30, e o ingresso custa apenas R$ 5. “Às vezes, quando tem feriado no meio da semana, a gente faz uma edição extra, mas é sempre de praxe: tem festa ao menos uma vez por semana”.

Organizar um evento desse porte nas periferias não é tão simples. Big Jay conta que a equipe enfrenta dificuldades com infraestrutura e apoio financeiro. A festa é feita de forma colaborativa e com recursos próprios.

Apresentação do músico no baile Black Skin @Arquivo pessoal/Divulgação

“Nunca nos inscrevemos em nenhum projeto social ou cultural, mas pretendemos. Estamos estudando essas possibilidades para também poder obter recursos, porque é algo que é direcionado justamente para aquilo que a gente já faz: movimentar cultura”.

Apesar dos obstáculos, Big Jay tem conseguido transformar o baile na principal fonte de renda. Ele também se divide com o trabalho de motoboy. “Já foi diferente antes: o motoboy era meu salário principal e a Black Skin complementava. Hoje é a moto que complementa. Já é um grande passo.”

Um rolê que une gerações e estilos

Mais que um baile, a Black Skin virou ponto de encontro de quem quer se divertir e se reconhecer na cultura preta. Big Jay diz que a mistura de ritmos e o foco na inclusão é o que dá identidade ao evento.

“Trabalhamos com a cultura periférica, com músicas que são construídas em todas as quebradas. Vai do rap, do trap, do dancehall, do funk… a gente traz um mix de gêneros e eu acho que isso é o que faz a identidade do rolê”.

Essa mistura também reflete nos convidados. O baile já recebeu artistas independentes de toda São Paulo, além de nomes já conhecidos na mídia.

DJ Dih Diamond tocando no baile black @Arquivo pessoal/Divulgação

“A gente busca fazer conexões com artistas locais e de fora. A DJ Sophia foi a primeira artista que já tem um alcance maior na cena a participar. Também tivemos Ajuliacosta, no aniversário de quatro anos da Black Skin”.

O sonho de Big Jay é expandir o baile para outras regiões e continuar fortalecendo o legado cultural de Paraisópolis.

“Nosso objetivo principal é continuar florindo, continuar proporcionando cultura e resistindo com o espaço. Manter esse território, expandir a cultura hip-hop, a cultura periférica. A ideia é expansão”.

No entanto, ele reforça que o baile só existe por causa dos moradores de Paraisópolis. “Você que é morador da região ou de lugares próximos, fica o convite. Sintam-se à vontade para conhecer e apoiar esse projeto, porque não é fácil”, convida o DJ.

Ele explica que alguns espaços culturais na região não sobreviveram no passado por falta de apoio, caso do Batucão, onde ocorria festas de rap e funk.

“Já tivemos muitos pontos culturais na quebrada que, infelizmente, não resistiram. Então, com a ajuda de vocês, a gente vai conseguir manter esse rolê vivo.”

Black Skin

Endereço: rua Pasquale Gallupi, 1369, Paraisópolis

Horário de funcionamento: sextas ou sábados a partir das 23h30

Preço: Ingresso: R$ 5

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Ellie Sasi

Jornalista formada pela Universidade Anhembi Morumbi e cofundadora do coletivo Quilombarte. É redatora, apresentadora e roteirista. Ama contar histórias através da escrita e do audiovisual

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