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Da sobremesa ao sustento: como o bolo virou negócio promissor em Paraisópolis

Empreendedoras da comunidade abriram mão dos seus antigos empregos para investir neste doce

Por: Ellie Sasi

Notícia

Publicado em 09.07.2025 | 8:12 | Alterado em 09.07.2025 | 17:04

Tempo de leitura: 3 min(s)

Quem já passou pela rua Pasquale Gallupi, uma das mais movimentadas de Paraisópolis, já deve ter reparado: há muitas lojas de bolos lado a lado, ocupando espaços pequenos, mas cheios de movimento. Só nos cerca de 2 km desta via da maior favela de São Paulo, existem sete lojas de bolo, mesmo número de farmácias.

Essa presença se repete em outras ruas importantes, como a Herbert Spencer e a Rudolf Lotze, que têm cinco e quatro estabelecimentos dedicados à confeitaria, respectivamente.

Entre as pessoas que têm apostado no bolo como forma de renda, está Jocilene Paixão, ou simplesmente Jô, 45. Após quase duas décadas trabalhando como empregada doméstica, ela decidiu mudar de área e hoje está à frente da própria loja: a ‘Bolos da Jô’, inaugurada há dois meses na comunidade.

“Eu comecei a trabalhar com bolos porque gosto muito e para fazer uma renda extra. Procurei um ponto estratégico, aluguei e comecei o negócio”, conta.

Jô Paixão em sua loja, no Paraisópolis @Léu Britto/Agência Mural

“Foi corrido, mas agora tô muito feliz. Me sinto mais independente, posso viajar e voltar quando quiser, sem correria, sem pressa pra ver meus pais, e isso é muito gratificante”, completa.

Apesar da satisfação com o negócio, a confeiteira não esconde os desafios que têm enfrentado neste início. Antes, ela já fazia bolos em casa para vender, mas buscou cursos gratuitos (online e presencial) para aprender sobre o negócio. Também teve de juntar dinheiro para começar.

“As maiores dificuldades para mim, por enquanto, é fazer as contas, fazer a precificação para eu poder ter lucro. É mexer com a matemática”, ressalta.

Bolos da Jô em Paraisópolis é uma das lojas abertas na principal via do bairro
Bolos da Jô em Paraisópolis é uma das lojas abertas na principal via do bairro
Bolos da Jô em Paraisópolis é uma das lojas abertas na principal via do bairro
Bolos da Jô em Paraisópolis é uma das lojas abertas na principal via do bairro
Bolos da Jô em Paraisópolis é uma das lojas abertas na principal via do bairro
 Jô Paixão em sua loja, no Paraisópolis

Bolos da Jô em Paraisópolis é uma das lojas abertas na principal via do bairro @Léu Britto/Agência Mural

Bolos da Jô em Paraisópolis é uma das lojas abertas na principal via do bairro @Léu Britto/Agência Mural

Bolos da Jô em Paraisópolis é uma das lojas abertas na principal via do bairro @Léu Britto/Agência Mural

Bolos da Jô em Paraisópolis é uma das lojas abertas na principal via do bairro @Léu Britto/Agência Mural

Bolos da Jô em Paraisópolis é uma das lojas abertas na principal via do bairro @Léu Britto/Agência Mural

Jô Paixão em sua loja, no Paraisópolis @Léu Britto/Agência Mural

Jô faz parte de um grupo de confeiteiros de Paraisópolis, chamado ‘confeiteiros em ação’, com mais de 50 pessoas que se conversam pelo WhatsApp.

“A gente compartilha as informações quando tem promoção de insumos em algum mercado, aí tira foto, manda no grupo. Todas as novidades sobre confeitaria. A gente compartilha conhecimento, é muito legal”, afirma.

No mesmo ritmo, Caroline Canto, 26, comanda a ‘Docinho Doce’. A jovem trabalha com bolos e confeitaria em geral há cerca de 5 anos e, segundo ela, o negócio começou de forma espontânea, com os complementos de doces para bolos que a mãe fazia.

“Os clientes começaram a gostar tanto que passaram a consumir mais, não só nas festas. Aí começamos a vender porções menores e oferecemos delivery para facilitar o acesso”, explica Carol.

Carol Canto separando pacote de doce para entrega @Léu Britto/Agência Mural

Antes de abrir a loja, a confeiteira cursava pós-gradução em fisioterapia e trabalhava em clínicas. Decidiu mudar de área. Diz que sentia falta de doces gostosos perto de casa e resolveu suprir essa necessidade dentro de Paraisópolis.

Recentemente, com o objetivo de atrair novos clientes, a jovem doceira aproveitou a época junina para criar uma nova versão da maçã do amor: o morango do amor. Durante uma visita da equipe da Mural, a cada oito pessoas, sete pediam pela releitura da maçã do amor.

Para ela, empreender na comunidade tem um diferencial importante: a proximidade com os clientes e a confiança construída no dia a dia. “Aqui as relações são muito próximas, então a boca a boca é muito forte, nossos clientes vêm muito por indicação e a confiança é a chave”, destaca.

‘Começa com o que você tem, não espera o cenário ideal. Aprende a ouvir os clientes e melhora aos poucos’

Caroline Canto, proprietária da Docinho Doce

Carol Canto e Douglas trabalhando na Docinho Doce @Léu Britto/Agência Mural

Precisa planejar

Janice Azevedo trabalhava como cuidadora de idosos e iniciou na confeitaria em 2008, após um período de desemprego. Com a marca “Trufas Jane”, a doceira já teve duas lojas físicas na comunidade e agora se prepara para o formato online.

“Se a pessoa realmente quer trabalhar e ter uma renda extra, precisa ter força de vontade, planejamento e organização. É fundamental saber quanto vai gastar, definir o tipo de cliente que quer atingir e acreditar no próprio talento”, aconselha.

Já Valquíria Cruz começou a trabalhar com bolos em casa, em 2014, e hoje possui um espaço dedicado para atender à crescente demanda. A empreendedora destaca que o mercado de bolos em Paraisópolis é promissor.

“Quem gosta de trabalhar com confeitaria e quer começar, vai encontrar cliente e demanda para o que fizer,” afirma. “Tem espaço para todo mundo.”

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Ellie Sasi

Jornalista formada pela Universidade Anhembi Morumbi e cofundadora do coletivo Quilombarte. É redatora, apresentadora e roteirista. Ama contar histórias através da escrita e do audiovisual

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