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Casos de HIV caem em SP, e SUS passa a oferecer pílula que previne vírus

Na capital paulista, inicialmente, serão disponibilizados 560 tratamentos pré-exposição (PrEP). Sé é região que concentra maior número de casos do vírus

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Por: Redação

Publicado em 29.01.2018 | 12:56 | Alterado em 29.01.2018 | 12:56

Tempo de leitura: 4 min(s)
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A Sé, no centro da capital, é a região que concentra os novos casos do vírus (Flickr/CCBY)

“Há mais ou menos um ano, eu era profissional do sexo. Me expus ao HIV quando a camisinha estourou. Imediatamente fui para um posto de saúde aqui no meu bairro e relatei o que tinha acontecido. Fui muito bem orientada. Na hora, sem muitos questionamentos, me deram 28 comprimidos para tomar todos os dias. Era a PEP, indicada para casos quando já houve uma exposição ao risco. Pediram para eu voltar quando terminasse a medicação, para fazer o teste”, explica Sandra, (nome fictício), 26, moradora da zona sul de São Paulo. Um mês depois, de volta à UBS, o resultado deu negativo.

Sigla de profilaxia pós-exposição, também conhecida como “pílula do dia seguinte do HIV”, a PEP é um tratamento que combina três medicamentos que o paciente precisa tomar, no máximo, 72 horas após a exposição, mas preferencialmente nas duas primeiras horas. A PEP está disponível em 16 serviços de saúde da capital, que funcionam de segunda a sexta, das 7h às 19h, e em 32 unidades que estão abertas 24 horas.

SAIBA ONDE ADQUIRIR O PEP NA CIDADE DE SÃO PAULO

No último dia 18, outra possibilidade de prevenção foi anunciada pelo Ministério da Saúde, a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), também chamada de Truvada, é uma pílula antiviral que deve ser tomada todos os dias, sem interrupção, antes de um possível contato com o HIV.

Apesar de oferecida só agora, a medicação já vinha sendo testada no Brasil desde 2013 por meio de estudos realizados pela USP e Fiocruz.

O tratamento promete diminuir, de maneira significativa, as chances de contrair a doença em caso de exposição, fazendo com que o vírus não se estabeleça e não se espalhe pelo organismo.

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, mais de 1.000 pessoas receberão a profilaxia pré-exposição em serviços de saúde estaduais e municipais de sete cidades paulistas.

Na capital, inicialmente, serão disponibilizados 560 tratamentos (caixas com dois comprimidos) a 280 pessoas, para o período de dois meses, nos serviços municipais da capital. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o uso não é restrito.

O PrEP está sendo oferecido nos seguintes locais: no CTA de Santo Amaro, na zona sul, nos Serviços de Assistência Especializada (SAEs) Butantã, na zona Oeste, de Fidélis Ribeiro, na zona leste, e no Ceci, também na zona sul. Em fevereiro, a PREP chega ao CTA Pirituba, na região norte.

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Outras três unidades estaduais de saúde presentes na capital também vão ofertar a profilaxia pré-exposição: o Serviço de Extensão ao Atendimento de Pacientes HIV/AIDS (SEAP) – Casa da Aids – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o Ambulatório de HIV/Aids da Escola Paulista de Medicina (EPM)/ Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e o Centro de Referência e Treinamento (CRT) em DST/Aids.

Para a prevenção da doença, a Secretaria Municipal de São Paulo, por meio do Programa Municipal de DST/Aids, conta com uma rede de 26 unidades especializadas em infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)/Aids que trabalham integradas. A pasta realiza trabalhos de prevenção às ISTs desde testagem, orientação até na distribuição de insumos a tratamentos das infecções.

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A Truvada é uma pílula antiviral que deve ser tomada todos os dias, sem interrupção, antes de um possível contato com o HIV (Aguilar Abecassis/SECOM)

CONFIRA A RELAÇÃO DOS SERVIÇOS QUE OFERECEM PREP

REDUÇÃO DE CASOS COM HIV

O Instituto de Infectologia Emílio Ribas, localizado na região central, é um dos primeiros a tratar casos de HIV no país. Entre janeiro e outubro de 2017, 3.300 pessoas fizeram tratamento no local.

Umas delas foi Maria (nome fictício), 50, que convive com o HIV há 21 anos. “Desde o início meu tratamento é feito no Hospital Emílio Ribas. No começo eu tomava cerca de sete comprimidos por dia e passava muito mal. Com o tempo a medicação foi diminuindo e hoje tomo apenas um, que, segundo a médica, contém mais duas medicações”, afirma a moradora da zona sul da capital.

“Lá, a gente não tem só apoio de medicação e, sim, psicológico, que é tão importante quanto. Nunca mais parei de me cuidar”, completa.

A cidade de São Paulo tem apresentado queda nos casos de HIV nos últimos cinco anos, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) – Centro de Controle de Doenças (CCD)/ Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) e Fundação Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados).

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Em 2016, a capital paulistana apresentou 2.042 registros da doença, uma redução de 17,4% em relação a 2010, quando na época foram constatados 2.043 casos. Em 2015, somou 2.190 pessoas com Aids, tendo uma queda de 6,7%.

“Faz três anos que tenho a doença. Sou motorista e vivo na estrada. Então é difícil manter uma rotina e horários, mas não deixo de tomar a medicação. Tomo dois comprimidos por dia”, relata o paulistano Antônio (nome fictício), 50, que retira a medicação para o tratamento da doença na rede pública para o mês inteiro.

REGIÃO MAIS AFETADA

Segundo o Programa Municipal DST/Aids, em todas as prefeituras regionais da cidade houve queda no número de casos da doença entre 2012 e 2016. A Sé, no centro da capital, é a região que concentra os novos casos do vírus — local onde vivem e convivem grande parte das populações mais vulneráveis ao HIV/Aids: profissionais do sexo, mulheres em situação de vulnerabilidade, jovens, usuários de drogas, gays e outros homens que fazem sexo com homens.  

Do total de casos de HIV/Aids, 80,9% foram no sexo masculino e 19,1% no sexo feminino. A razão de sexo em Aids está em três casos masculinos para um caso feminino desde 2010. Já no HIV, são cinco casos masculinos para cada caso feminino desde 2015.

Em relação à faixa etária, a maior proporção de casos de Aids em mulheres foi entre 35 e 39 anos, com 15,7% e nos homens, de 25 a 29 anos, com 19,4%. No HIV, o maior número de notificações, tanto em homens como em mulheres aconteceu na faixa etária entre 25 e 29 anos com, respectivamente, 25,6% e 16,7%.

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