Ingrid Barros/Divulgação
Por: Glória Maria
Notícia
Publicado em 19.10.2024 | 0:41 | Alterado em 19.10.2024 | 0:42
Em Paraisópolis, a segunda maior favela de São Paulo, faltam áreas verdes, diferente de bairros ricos ao redor. A situação agrava ainda mais o impacto das ondas de calor que têm se tornado mais frequentes, com as mudanças no clima.
“Aqui, falta muita coisa, especialmente a área verde, que é o tema que estamos discutindo. O aquecimento global é uma realidade que está afetando nosso dia a dia”, afirma Renata Alves, 43, cofundadora do Legado Paraisópolis, um hub de impacto social localizado dentro da favela.
Apesar de serem tão afetadas pelo problema, os debates sobre esse problema têm ouvido as favelas? Em geral, não. Um grupo de 15 organizações tem buscado mudar esse cenário.
No sábado (28), Paraisópolis foi palco de um evento promovido pela Confluência das Favelas, uma união de organizações periféricas em busca de justiça social, climática e participação efetiva em políticas públicas.
A confluência é formada por organizações a nível nacional e tem como objetivo realizar encontros periódicos em diferentes partes do país.
Até o momento, cinco encontros foram realizados em estados como Pará, Amapá, Amazonas e São Paulo, e a meta é expandir esses debates para outras regiões, trazendo à tona a necessidade de políticas públicas que contemplem, de forma efetiva, as comunidades periféricas.
O encontro em Paraisópolis, por exemplo, foi parte de um diálogo e construção coletiva que abordou o financiamento de tecnologias e saberes periféricos, a interação entre o G20 (bloco das 20 maiores economias do mundo e que terá uma reunião neste ano no Rio) e as periferias e a importância do diálogo entre fóruns internacionais e territórios vulneráveis.
A programação incluiu ainda discussões sobre soluções baseadas na natureza e no conhecimento local como ferramentas essenciais para o enfrentamento da crise climática, que afeta desproporcionalmente as comunidades periféricas.
“A temática foi proposital. Se queremos falar de favela, precisamos pisar na favela, vivenciar a favela. Estamos aqui em um dos prédios mais altos, porque se deseja discutir a favela, é preciso estar presente”, afirma Renata Alves, 43, cofundadora do Legado Paraisópolis, um hub de impacto social localizado dentro da favela.
A necessidade de que as discussões sobre as favelas se desenrolem dentro delas, e não em fóruns distantes, que muitas vezes ignoram a realidade local.
A mesa também contou com a participação de Mariana Galdino, 25, cofundadora do Instituto Decodifica, que enfatizou a urgência de trazer para o centro do debate as realidades e necessidades das comunidades que historicamente têm sido marginalizadas. Além disso, aponta que os saberes periféricos podem ser fundamentais para as soluções.
“Discutir a importância das organizações sociais em fóruns internacionais é essencial, pois é nesse espaço que podemos trazer as vozes e as realidades das nossas comunidades, que muitas vezes ficam invisibilizadas”, diz Galdino.
Secretário executivo da Confluência das Favelas, Mateus Fernandes, 24, atua no ativismo climático e é empreendedor social. Ele tem atuado para incluir as periferias nos espaços de decisão globais como o G20 e a COP30.
“Queremos que nossa participação nesses espaços traga efetividade para nossos territórios. Não faz sentido apenas marcar presença sem que haja um retorno concreto para as favelas”, afirma Mateus, sublinhando a necessidade de ações que realmente impactem a vida dos moradores das favelas.
Moradora de Paraisópolis, jornalista, produtora audiovisual e co-fundadora do estúdio 7 Notas, espaço que acolhe artistas locais e movimentando artes
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