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Agência de Jornalismo das periferias

Daniela Ferreira/Agência Mural

Por: Daniela Ferreira

Notícia

Publicado em 07.11.2025 | 17:19 | Alterado em 07.11.2025 | 17:29

Tempo de leitura: 3 min(s)

Resistência e fortalecimento. É assim que o fotógrafo Laerte de Souza Rodrigues, 36, o Sarará, morador do Jardim Irajá, em São Bernardo do Campo, define a exposição fotográfica “Breaking e Suas Expressões – Corpos Periféricos em Movimento”.

A mostra, realizada na Pinacoteca de São Bernardo até a próxima sexta-feira (14), é uma coletânea de fotos de dançarinos de Break do Grande ABC, registradas por Laerte ao longo de 15 anos.

“Ela nada mais é do que uma forma de resistência e fortalecimento da nossa cultura, em espaços centralizados e de difícil acesso para a população negra e periférica”, diz.

Sarará acredita que a fotografia é uma forma de eternizar as pessoas @Daniela Ferreira/Agência Mural

O fotógrafo procurou trazer dançarinos que tiveram um papel relevante no movimento da cultura hip hop na região, com destaque para a participação feminina.

O sonho de expor na Pinacoteca se tornou realidade em 2024, por meio de um edital da Lei Aldir Blanc. “As agendas eram sempre muito apertadas. Então foi uma alegria para mim quando finalmente consegui, era o meu sonho poder estar ocupando este espaço”, afirma.

Sarará enfatiza que ocupar esses ambientes é um ato político e relata sobre as dificuldades de se encontrar incentivo para produções culturais.

‘Minha exposição é um lembrete de que é possível ‘hackear’ o sistema, de que dá para vencer a burocracia. Transmite esperança para outras pessoas, de que se consegui elas também conseguem’

Sarará, fotógrafo

Logo na entrada da exibição, um mural explicativo sobre o evento apresenta frases como “coragem e identidade”, “seus sonhos”, “de luta, arte e transformação social” e “continuam escrevendo o futuro”, que ajudam a destacar o foco da exposição.

As fotos são exibidas em tamanhos variados ao longo de um corredor. Nelas, dançarinos de diferentes idades e gêneros aparecem congelados em meio aos seus movimentos.

Os cenários também são diversificados, e vão desde ambientes fechados com luzes frenéticas até um chão de terra batida ao ar livre.

As fotos feitas ao longo dos 15 anos também registram conhecidos e amigos @Daniela Ferreira/Agência Mural

Além das fotografias, para Sarará, o ponto central da amostra é o livro “Breaking e Suas Expressões – O legado de São Bernardo do Campo”, escrito por ele.

A obra explora desde as raízes do hip hop até o impacto positivo que o movimento tem em diferentes campos da sociedade, como o feminismo, a educação, a psicologia e o combate ao racismo.

“Quis apresentar a história do hip hop através da minha perspectiva e honrar, ainda em vida, as pessoas que contribuíram e deixaram um legado para o nosso movimento”, afirma o artista.

Influências do break

A visão sobre a arte como um instrumento de ativismo político é algo que acompanha Sarará desde a juventude dele. Cria da periferia do bairro do Areião, em São Bernardo, ele foi influenciado pelo dançarino de breaking B-Boy Soul, e viu na dança e na cultura do hip hop um novo mundo de possibilidades.

Fotos com dançarinos de break do ABC @Daniela Ferreira/Agência Mural

“O Soul é uma figura muito importante para mim. Assim como eu, ele era um menino preto de periferia que fez da dança uma válvula de escape”, diz.

Aos 19 anos, enquanto cursava Educação Artística na faculdade, Laerte começou a se sentir atrasado em relação aos outros colegas. Por isso, ele acabou migrando para a área das artes visuais.

‘Gostava de dançar breaking, mas não me via ganhando dinheiro com ele. Então, comecei gradualmente a migrar para o grafite e vi a possibilidade de ser professor de artes’

Sarará

Foi só por volta do ano de 2011 que ele começou no mundo da fotografia. Incentivado por uma amiga que também fotografava, ele começou a tirar fotos em eventos de dança. Ali, percebeu que havia uma lacuna em São Bernardo e em todo o ABC para registrar os elementos do break.

“Acabei pegando gosto e vi que a fotografia é uma forma de mostrar a força e a resistência daqueles que acreditam na dança como um trabalho de transformação social e desenvolvimento humano.”

Pinacoteca de São Bernardo Campo

Endereço: Rua Kara, 105 – Jardim do Mar São Bernardo

A exposição termina dia 14/11: Segunda-feira até as sextas-feiras das 8h30 até 17h e aos sábados das 10h às 16h

Classificação livre: Gratuito

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Daniela Ferreira

Jornalista e fotojornalista. Apaixonada por histórias. Ama ler, tirar fotos e conhecer pessoas e lugares novos.

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