Arquivo Pessoal
Por: Bruna Nascimento
Notícia
Publicado em 26.07.2023 | 15:38 | Alterado em 27.07.2023 | 9:52
Moradora de Suzano, na Grande São Paulo, Ione Nunes, 32, é confeiteira e mãe do Ian, 2. Como ela trabalha em casa e o marido fora, precisa conciliar as duas ocupações ao mesmo tempo, principalmente nos dias de recesso da creche do filho.
Fora do período de férias, a rotina de Ione começa quando ela deixa o filho na creche de manhã e aproveita para treinar em uma academia próxima antes de começar o dia de trabalho. Os serviços de casa e encomendas de bolos e doces são realizados no horário em que o filho está na escola.
“Já nas férias está um pouco mais complicado. Não estou indo para academia e os trabalhos vou tentando conciliar durante o dia conforme o humor dele”, explica Ione.
Algumas coisas ela deixa para quando o marido chega do trabalho e pode cuidar do garoto. Em último caso, pede ajuda para o sogro e para a sogra.
“O maior desafio é ele querer atenção, brincar e às vezes aparecer um ou outro trabalho de última hora. Dependendo do que for, infelizmente não posso aceitar e acabo perdendo uma encomenda”, completa ela.
Além de ter que abrir mão de trabalhos e sacrificar temporariamente a rotina de autocuidado na academia, as encomendas de Ione ganharam episódios agitados durante as férias do filho. Um dos ovos que seria usado em um bolo apareceu quebrado no chão do quarto e os recheios precisam passar pela degustação do pequeno Ian.
“Mas como vantagem, não há nada melhor que estar presente e acompanhando cada descoberta, cada coisa nova e todo o desenvolvimento dele. O amor que recebo de volta dinheiro nenhum paga”, declara a mãe e confeiteira.
As experiências da maternidade durante o recesso escolar variam de acordo com as diferentes realidades familiares, mas uma coisa é certa: a mudança de rotina.
Para Lara Cristina, 8, que mora na cidade de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, o recesso escolar é um momento em que ela pode se desligar da escola e não precisa fazer lição. “Posso ficar indo pra casa das minhas amigas, posso acordar e dormir mais tarde, ficar brincando com a minha irmã, ficar mais com minha família e a gente já combinou que quando meu pai estiver em casa a gente vai passear”, conta ela.
Outra atividade que Lara gosta de se dedicar nas férias é ajudar a cuidar e passar mais tempo com os animais de estimação: um gato, um cachorro, uma calopsita, uma tartaruga, um peixe e até um pato. Brincadeiras e atividades diferentes como plantação e penteados com a irmã caçula, de 2 anos, também fazem parte do dia a dia com mais intensidade nesse período.
“A rotina muda, ela acorda mais tarde e não tem tantas preocupações com tarefas da escola, sendo assim, acaba ganhando responsabilidades no lar, como ajudar na organização para que todas nós possamos ficar mais tempo juntas”
Ingrid Asevedo, 26, mãe de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo
Ingrid é dona de casa e pode aproveitar mais tempo com as filhas, além de oferecer uma variedade de atividades. Mas mesmo com o cenário favorável, existem desafios e autocobranças.
A mãe conta que ainda assim, existem momentos em que a filha fica no tédio. Outra questão que pesa é saber que muitas amigas viajam e passam dias fora de casa durante o mês de julho, uma realidade que não é possível para a família por conta do trabalho do marido.
“Fico pensando em quando voltar às aulas e ela [a Lara] não ter nada tão “uau” pra contar […] A comparação acontece muito, ainda mais com crianças. A gente quer dar o melhor pra eles e nem sempre consegue”, reflete Ingrid.
Mayla Oliveira, 36, é moradora de Carapicuíba, na região oeste da Grande São Paulo, e trabalha como consultora de beleza, além de voluntária em duas ONGs (Organizações Não Governamentais) que apoiam famílias em situação de vulnerabilidade e famílias PCD.
Para ela, a mudança de rotina das férias é bem-vinda, pois traz mais tranquilidade para a casa onde mora com os filhos Vynicius, 14, que tem Trissomia do cromossomo 21, e Vyctor Hugo, 16.
Com aulas e terapias, os três normalmente têm uma rotina com horários a cumprir. Já nas férias, os dias ficam menos corridos. Mas quando precisa, Mayla recorre ao apoio do pai das crianças ou dos avós maternos e paternos.
“Meu trabalho de consultora me dá a liberdade de trabalhar em casa. Já meu trabalho voluntário não. Quando preciso sair para o trabalho, sempre preciso de uma rede de apoio para poder ficar com os meninos quando eles não querem ou não podem ir comigo”, conta Mayla.
Também moradora de Carapicuíba, Pâmela Laíssa, 30, mora com as filhas Lorena, 8, e Laura, 6, e trabalha em home office na área administrativa comercial.
A mãe conta que uma das vantagens do trabalho home office durante as férias de julho é trabalhar em lugares diferentes para elas brincarem, como casa de parente ou amigas que têm criança. Além de conseguir adaptar a rotina, não precisar pagar alguém para cuidar das filhas e acompanhar o crescimento delas enquanto trabalha.
“O desafio maior em estar trabalhando enquanto elas estão de férias é conseguir dar atenção para elas ou fazer atividades na semana. Confesso que é muito difícil, eu gostaria muito de passear mais, mas tem dias que não dá”, diz Pâmela.
Fotojornalista, sonhadora, observadora e ouvinte de 'causos' profissional. Corinthiana maloqueira e sofredora (graças a Deus), boa sujeita, pois gosta de samba e tal qual Candeia na voz de Cartola, precisa se encontrar e vai por aí a procurar. Correspondente de Suzano desde 2019.
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