Por: Jacqueline Maria da Silva
Notícia
Publicado em 12.05.2025 | 17:40 | Alterado em 12.05.2025 | 17:41
Indígenas Guarani do território Jaraguá, na zona oeste de São Paulo, celebraram mais uma etapa na luta pela demarcação da terra indígena: em 8 de maio, um acordo firmado entre governo federal e estadual delimitou a área física da terra indígena e autorizou seu uso e gestão compartilhada com o Parque Estadual do Jaraguá.
Por ser uma área de conservação, a Fundação Florestal do Estado de São Paulo, a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e a comunidade Guarani do local farão a administração em conjunto. Com o acordo, os indígenas poderão fazer o manejo sustentável dos bens naturais do local. O governo federal ficará responsável por melhorias no território e por impedir invasões.
Uma placa na Funai instalada na aldeia garante o acordo. Agora, a área oficial da Terra Índigena abrange oito aldeias em 532 hectares, ou 760 campos de futebol.
Em festa, os moradores comemoram a conquista com rezas, cantos da comunidade, música e falas de representantes dos indígenas. “A gente já esperava por isso desde [o tempo dos] meus ancestrais”, comentou o indígena Ari Augusto, que vive na da terra indígena Jaraguá ao Justiça Federal.
A primeira aldeia do Jaraguá, Tekoa- Itu, começou a ser formada em 1960, com a chegada de Jandira Augusta Venício e seu marido, Joaquim Augusto Martins. Em 1987, a área foi demarcada com menos de 2 hectares, ou pouco menos de três campos de futebol – o que é pouco para que povos indígenas possam reproduzir seu modo de vida.
Em 2015, a área foi ampliada para 532 hectares e sua posse pelos povos indígenas foi oficialmente reconhecida pelo governo federal, por meio da portaria 581 de 2015, assinada pelo governo da então presidenta Dilma Rousseff (PT). Este foi considerado o primeiro passo para a demarcação de toda a área.
Porém, em 2017, o então presidente Michel Temer (MDB) anulou a portaria, justificando que parte do terreno (cerca de 200 hectares) pertencia ao Parque Estadual do Jaraguá e que o governo de São Paulo não havia participado do processo.
O Ministério Público, então, entrou com uma ação no mesmo ano para requerer o reconhecimento administrativo de que se tratava de uma terra de uso tradicional.
Em 2019, o processo foi encaminhado ao Gabinete de Conciliação do próprio Ministério e, em 2021, começaram tentativas para negociar uma solução consensual entre o governo federal e estadual.
Em outubro de 2024, uma portaria do Ministério da Justiça restaurou a posse dos 532 hectares perdidos no governo Temer. Com processo de demarcação em andamento, o governo de São Paulo renunciou às contestações feitas, abrindo caminho para o acordo inédito sobre uso e gestão da área.
Agora, os Guarani aguardam a finalização do processo de demarcação, com a homologação da presidência da República e os registros no cartório de imóveis e na Secretaria de Patrimônio da União (SPU). A demarcação dá maior segurança jurídica aos povos indígenas e delimita e protege seu território.
Fonte: Metrópoles, G1 e Justiça Federal
Jornalista, vencedora de prêmios de jornalismo como MOL, SEBRAE, SIP. Gosta de falar sobre temas diversos e acredita do jornalismo como ferramenta para tornar o planeta melhor.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.
Envie uma mensagem para [email protected]