Palco do famoso grito pela independência brasileira, proclamado por D. Pedro I, em 1822, o Parque da Independência enfrenta dias difíceis. Todo o patrimônio histórico do lugar tem sido castigado pela falta de estrutura e pela insegurança, o que tem impactado os hábitos dos frequentadores.
Por: Redação
Publicado em 30.05.2017 | 14:16 | Alterado em 30.05.2017 | 14:16
Palco do famoso grito pela independência brasileira, proclamado por D. Pedro I, em 1822, o Parque da Independência enfrenta dias difíceis. Todo o patrimônio histórico do lugar tem sido castigado pela falta de estrutura e pela insegurança, o que tem impactado os hábitos dos frequentadores.
É o caso do engenheiro Fernando Soto, 26. Morador do bairro Cambuci, no centro, ele treina no parque durante o período noturno desde janeiro deste ano, mas por considerar a região muito escura, decidiu estacionar o carro em uma rua próxima. Mesmo com a medida de precaução, foi surpreendido com o roubo das duas rodas do veículo.
“Depois que veicularam uma matéria, há aproximadamente dois meses, vi duas rondas policiais. Dentro do parque durante à noite, a vigilância só aparece na hora de fechar”, comenta Soto, que teve um prejuízo de quase R$ 2.000. Atualmente, ele estaciona o seu carro na casa de um primo e pega uma carona para os treinos, alterando assim a sua rotina e a do familiar. Segundo ele, um dos maiores problemas é a má iluminação e a falta de policiamento, tanto dentro do parque, quanto nos arredores.
Uma pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope, que mede a satisfação dos paulistanos com a qualidade de vida na cidade, revelou que a avaliação quanto à iluminação pública na região Sul 1 – onde o bairro, o distrito e a Prefeitura Regional do Ipiranga estão inseridos – alcançou 4,2, considerada uma das notas mais baixas se comparada às outras regiões.
A falta de vigilância combinada à iluminação precária também preocupa o educador físico, Bruno Filoni, 32. Ele é professor e dá treinos funcionais dois dias de manhã e dois à noite no Parque da Independência. “Antigamente tinha vigilância à noite andando. Hoje, durante o dia, até tem policiamento, mas depois, na parte da tarde não tem mais nada”, afirma Filoni, que também se sente inseguro nos arredores do local.
Moradora do bairro do Ipiranga há mais de 20 anos, a assistente de seguros Thais Yokokura, 24, parou de frequentar o parque desde que o contrato com a vigilância se encerrou. “Lembro que passeava com a minha família, com a minha cachorra e um dia, quando chegamos de carro, não podia parar no estacionamento tradicional. Também não havia mais segurança na porta. Então achamos melhor não ir”, afirma a moradora, que frequentava o parque desde criança.
Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria do Verde e Meio Ambiente diz que o contrato de vigilância foi encerrado em outubro do ano passado, mas há o suporte da GCM (Guarda Civil Metropolitana), e que, atualmente, aguarda a finalização do processo licitatório da nova equipe.
Quanto ao estacionamento, a Secretaria afirma que “há um do lado interno do parque porém, com o rompimento dos contratos de vigilância, a administração do local não está permitindo que os usuários o utilizem. Com o quadro de vigilantes completo, será possível reabrir o estacionamento para os frequentadores.” Até o fechamento da reportagem, o 32xSP não recebeu um posicionamento da GCM a respeito das ocorrências dentro do parque.
Com mais de 160.000 m², o Parque da Independência abriga a Casa do Grito, o Monumento da Independência e o Museu Paulista – este último está fechado para reforma desde 2013 e tem previsão de reabertura apenas em 2022. Atualmente, a prefeitura tem planos de conceder o parque ao setor privado ou a ONGs. Enquanto isso, os frequentadores mudam os seus hábitos e se afastam de mais um espaço público de lazer da cidade.
Foto principal: Laiza Lopes
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