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Agência de Jornalismo das periferias

Léu Britto/Agência Mural

Por: Paulo Talarico

Notícia

Publicado em 02.11.2022 | 10:44 | Alterado em 02.11.2022 | 10:44

Tempo de leitura: 3 min(s)

A diferença de votos entre o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual Jair Bolsonaro (PL) foi de pouco mais de 2 milhões de eleitores no Brasil. Esse cenário só foi possível após uma grande migração de votos nas periferias de São Paulo e em outras cidades brasileiras.

Para além da votação na região Nordeste, onde o petista foi o vencedor em todos os estados e chegou perto de 70% dos votos, Lula conseguiu avançar em toda a cidade de São Paulo, e também nos municípios da região metropolitana, inclusive onde foi menos votado que o atual presidente, mostra levantamento da Agência Mural.

Em números gerais, Lula teve 6,3 milhões de votos na região metropolitana, ante 5,9 milhões de Bolsonaro, vantagem de 51,8% a 48,2%. Apesar de o resultado parecer apertado, quando se olha a migração de votos é possível ter a dimensão da perda do capital político do bolsonarismo na região.

Quatro anos antes, Bolsonaro teve 6,5 milhões, quando obteve 61% dos votos, ou seja, perdeu 685 mil eleitores. Do outro lado, o PT era representado por Fernando Haddad no segundo turno de 2018, e recebeu 4 milhões de votos na Grande São Paulo – Lula teve 2 milhões a mais.

Em uma eleição marcada pelo preconceito nas declarações de Bolsonaro, vinculando moradores de favelas a traficantes, a votação nas periferias de São Paulo teve papel relevante nessa derrota.

Quando se leva em conta apenas a capital paulista, Bolsonaro teve 500 mil votos a menos, enquanto Lula recebeu 1,2 milhão de eleitores a mais do que o PT há quatro anos.

Só no Rio Pequeno, zona eleitoral da zona oeste de São Paulo onde há favelas como a São Remo, Sapé e 1001, o petista obteve 40 mil votos a mais do que Haddad na época. Por ali, Bolsonaro, que havia recebido 94 mil votos em 2018, viu o eleitorado ser reduzido para 81 mil (12 mil votos a menos).

Em Piraporinha, zona eleitoral que reúne o Jardim Ângela e o Jardim São Luís, Lula teve a maior votação com 140 mil eleitores, e também houve o convencimento de 39 mil pessoas que não votaram no PT em 2018. Em Parelheiros, foram outras 34 mil pessoas a mais, seguido de Perdizes (33 mil), São Mateus (32 mil), Brasilândia (31 mil) e Perus (29 mil novos eleitores), na zona norte.

CRESCIMENTO DO NÚMERO DE ELEITORES:

São Paulo tem 9,3 milhões de eleitores, 3% a mais do que em 2018. Lula teve aumento de até 80% nos bairros

Soma-se a essas regiões algumas áreas onde Lula já era bem votado, como a Cidade Tiradentes, na zona leste, e o Grajaú, na zona sul, que juntos garantiram mais 200 mil votos ao petista.

A votação maior de Lula em Perdizes, distrito da zona oeste que não é periférico, refletiu também a perda de votos do bolsonarismo nas regiões centrais da cidade. O candidato do PL teve menos votos em todas as zonas eleitorais da capital, mesmo ficando à frente de Lula em 23 regiões.

Proporcionalmente, Lula teve o maior avanço em Indianópolis (bairro entre os distritos de Moema e Saúde) e no Jardim Paulista, mesmo sendo regiões onde foi superado por Bolsonaro. Nelas teve 80% mais votos do que o PT em 2018, o que em votos significou 25 mil e 18 mil eleitores a mais, respectivamente.

Na Bela Vista, quase 20 mil eleitores que escolheram o capitão em 2018 não votaram nele este ano, o que levou Lula a ter 63% dos votos por ali.

Cidades divididas

Lula teve vantagem em 23 cidades e menos votos do que Bolsonaro em outras 16. Contudo, o PT viu o número de votos crescer em todas elas. Já Bolsonaro perdeu votos em 35 municípios. As exceções foram Barueri e Santana de Parnaíba, na região oeste, onde recebeu 774 e 1.824 votos a mais, respectivamente, cidades que votaram mais no atual presidente.

Bolsonaro também obteve crescimento em duas cidades conde Lula foi mais votado: Taboão da Serra (21 mil eleitores a mais) e Francisco Morato (18 mil). Por outro lado, ele perdeu cerca de 30 mil eleitores em Osasco, São Bernardo do Campo e Santo André.

Quando se exclui a capital paulista da conta, Bolsonaro teve uma pequena vantagem, de 2,7 milhões a 2,6 mi (cerca de 35 mil votos). O resultado em Guarulhos, segunda maior cidade do estado, teve peso nessa conta.

O município deu 391 mil votos a Bolsonaro, ante 334 mil para Lula. Apesar da vantagem, houve uma redução de pouco mais de 6.000 votos de bolsonaristas, enquanto Lula teve 134 mil votos a mais do que Haddad em 2018.

Também pesou contra Bolsonaro que as maiores votações dele foram em cidades com menor número de eleitores, em especial na região do Alto Tietê, onde o PL tem maior presença no comando das prefeituras – Guararema, por exemplo, deu 63% dos votos ao candidato, o que representou 12 mil votos.

No caso de Lula, a maior vantagem veio em Diadema, onde ele obteve 60% do eleitorado, com 154 mil votos.

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Paulo Talarico

Diretor de Treinamento e Dados e cofundador, faz parte da Agência Mural desde 2011. É também formado em História pela USP, tem pós-graduação em jornalismo esportivo e curso técnico em locução para rádio e TV.

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