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Mar de esgoto e escuridão prejudicam comunidade da zona norte de SP

Há 16 anos, a sede de uma fábrica falida, a Filtros Sallus, se transformou no lar de centenas de famílias na Vila Guilherme

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Por: Redação

Publicado em 09.04.2018 | 15:10 | Alterado em 09.04.2018 | 15:10

Tempo de leitura: 3 min(s)
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Entrada principal da comunidade, que tem mais de dois mil moradores. (Sidney Pereira/32xSP)

Há 16 anos, a sede de uma fábrica falida, a Filtros Sallus, se transformou no lar de centenas de famílias na Vila Guilherme, na zona norte da capital paulista. Os primeiros a chegar foram os antigos funcionários da empresa, revoltados com o não pagamento das dívidas trabalhistas.

A ocupação cresceu e, com a retirada de maquinários, telhados e muros, dezenas de moradias foram construídas no terreno de 5.000 m². Nascia a comunidade Sallus, que hoje abriga mais de 2.000 pessoas e enfrenta sérios problemas estruturais.

Além da luta pela regularização fundiária da área, os constantes alagamentos de uma mistura fétida de água de chuva e esgoto tomam as vielas do local, problema agravado pela falta de iluminação pública.

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O comerciante Helio Ferreira, 39, é um dos pioneiros da comunidade. “Eu era motorista de uma confecção aqui perto e fui um dos primeiros a entrar. Os antigos funcionários da Sallus ocuparam os escritórios e atrás veio muita gente. O pessoal tirou montes de entulho com mais de seis metros de altura da fábrica”, diz.

Daquela época até hoje, ele garante que muita coisa melhorou, mas os problemas crônicos permanecem. “A inundação dessa água podre é o pior problema. Ontem (20/03) andei com água pelo joelho”, desabafa. A falta de iluminação na comunidade também prejudica o comerciante. “É escuro demais. Tem até poste e fiação puxada, mas nada foi ligado até agora”, reitera.

A costureira Marilene Andrade, 35, participa da Associação de Moradores e diz que o trecho em que fica sua casa é um dos mais prejudicados pelas enchentes. Segundo ela, o problema acontece em toda a comunidade e há pouca colaboração dos vizinhos para desentupir a improvisada canalização. “A gente pede a colaboração de cinco reais para pagar o serviço, mas muita gente acha ruim, diz que não tem”, afirma.

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Frequentes inundações de água e esgoto ocorrem na comunidade (Marilene Andrade/ Associação de Moradores)

Em 2009, o Poder Judiciário emitiu um mandado de reintegração de posse, requerido pela massa falida da indústria Sallus, mas a comunidade, apoiada pelo Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, conseguiu permanecer na área. A situação continua indefinida, no entanto as casas já têm ligação de água, e a energia elétrica chegou em novembro do ano passado.

Com a luz, vieram também as contas e reclamações generalizadas sobre o “alto valor”, comenta a presidente da associação, Rosilda Silva. “Tem o caso de um rapaz que mora sozinho em um quarto e banheiro, só vem pra dormir, e paga 150 reais”, diz. Ela também comenta que nas contas estaria sendo incluída, indevidamente, a taxa de iluminação pública (COSIP).

A falta de regularização fundiária é entrave para a implantação da rede de iluminação pública. Segundo o Ilume, o terreno da comunidade consta como particular e, por força de lei, não pode receber a instalação, “que somente é permitida em vias e logradouros públicos”.

Como primeiro passo, o órgão orienta que os moradores se dirijam à prefeitura regional para a “oficialização da comunidade”. Sobre a cobrança nas contas da Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP), o Ilume afirma que é necessário fazer o pedido de impugnação na Secretaria da Fazenda.

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Já o problema crítico de alagamentos na Sallus poderá ter solução mais rápida. A Sabesp informa que “o estudo de viabilidade técnica e o projeto de instalação de redes coletoras de esgoto foram finalizados” e prevê que as obras comecem no primeiro semestre deste ano. Ao custo de R$ 252 mil, serão feitas 470 ligações de esgoto.

Ainda segundo a companhia, “até a conclusão dos serviços, a lei determina que os moradores providenciem soluções individuais. A falta de manutenção e o lançamento irregular de águas pluviais costumam causar o retorno do esgoto para dentro dos imóveis e nas ruas”, justifica.

A reportagem questionou a Eletropaulo sobre o valor das contas de luz e enviou duas delas para análise. A concessionária alega que “técnicos estiveram em uma das casas, analisaram o medidor e não constataram qualquer anomalia”. Já o morador do segundo imóvel fez “recente cadastro na Tarifa Social de Energia Elétrica e passará a ter o benefício considerado na próxima fatura”, promete a empresa.

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