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Por: Isabela Manocchio
Notícia
Publicado em 28.07.2025 | 15:53 | Alterado em 28.07.2025 | 16:09
Estilistas, DJs e artesãs têm movimentado a economia local em diversas periferias de São Paulo. Na zona leste, exemplos de práticas criativas e de coletividade marcam a atuação dessas empreendedoras, que têm usado eventos para se fortalecer.
É o caso de Thamires Eduarda, 18, conhecida como Nega Queen. Fundadora da Street Queen, ela usa o talento como estilista para elevar a autoestima de mulheres por meio da moda.
Ela reformulou os padrões de tamanho das roupas, a fim de atender as necessidades de diversos corpos existentes e das minas das quebradas. “Percebi a dificuldade de mulheres fora do padrão em encontrar roupas que as representasse enquanto ainda estava no curso de alfaiataria e resolvi dar visibilidade para essas mulheres”, comenta a estilista.

Thamires, conhecida como Nega Queen criadora da grife Street queen, ressalta a importância da autoestima de mulheres periféricas @Arquivo pessoal/Divulgação
Moradora do Itaim Paulista, na zona leste de São Paulo, Tamires participou da primeira exposição em uma passarela, durante um evento promovido pelo coletivo Zurc Na Rua.
Criado em 2021, o grupo da Cohab II é formado majoritariamente por mulheres e tem como missão promover visibilidade, inclusão e valorização de jovens artistas pretos e LGBTQIAPN+ das periferias em espaços culturais.

Alucina Ribeiro e Aluany Souza são as modelos da Street Queen @Divulgação/ Street Queen
Lucas Zurc, 25, CEO do Projeto ZNR e morador da Cohab II, tem organizado a 2ª edição da feira que já conta com 76,7% de mulheres entre os 43 inscritos.
O primeiro encontro serviu como oportunidade para uma das principais barreiras enfrentadas por quem está começando.
Pâmella Medrado, 24, DJ, empreendedora, artesã e CEO da marca Medrado Bijus, também participou da primeira edição. Residente de Ferraz de Vasconcelos na Grande São Paulo, destaca a dificuldade em estar presente em lugares que valorizam apenas quem já possui uma visibilidade maior.
“As oportunidades aparecem mais para quem já está famoso, e quando somos iniciantes, quase ninguém bota fé que você vai fazer algo realmente ‘bom'”, afirma.
Lucas Zurc, criador do coletivo Zur Okupa @Arquivo pessoal/Divulgação
Pâmella, fundadora da marca Medrado Bijus @Arquivo pessoal/Divulgação
Fachada do evento Zurc na rua realizado pelo movimento Zurc Okupa
Exposição da marca Donna's no evento @Arquivo pessoal/Divulgação
Ela cita que a participação em eventos locais é a oportunidade de ser reconhecida por meio do seu estilo musical, o Dancehall, gênero musical popular originado da Jamaica nos anos 1970.
Como mulher transexual, ela vem conquistando novos espaços, por meio da singularidade dos brincos customizados em cores vibrantes, que não carregam um rótulo de gênero específico e são totalmente conectados ao estilo de música que ela produz.

Os brincos em formato de serpente da marca Medrado @Divulgação/Medrados Bijus
Para reforçar o poder da moda nas periferias, a estilista Ketlyn Fareda, 34, produtora de moda, social media e produtora audiovisual, está à frente da marca ETHUS há mais de sete anos.
Já Carolina Souza, 21, empreendedora da Donna’s Shop, também residente da Cohab II, na zona leste de São Paulo, criou a própria marca com o mesmo propósito: promover a diversidade.
A ETHUS aposta na pluralidade por meio de peças unissex com influência do punk rock, enquanto a Donna’s foca no cuidado e na autoestima de mulheres e homens negros, valorizando a cultura por meio da moda.

Exposição de marcas na segunda edição do Zurc na rua realizado pelo movimento Zurc Okupa @Arquivo pessoal/Divulgação
Ambas defendem a importância de ações sociais para networking ativo e a conexão com a comunidade onde moram. “Conhecer pessoas, artistas, se posicionar e estar aberto também é muito importante. As coisas chegam até nós”, afirma Carol.
Ketlyn enfatiza a importância do evento proporcionado pelo coletivo e como fortalece o empreendedorismo feminino. “Os coletivos fortalecem o empreendedorismo feminino porque criam redes de apoio, visibilidade e acesso. Mostrar que o seu talento pode virar negócio”, diz a estilista.
Estudante de Jornalismo, estagiária de comunicação na FSB holding, correspondente da agencia Mural. Criadora da Newsletter Manchetão. Jogadora de vôlei, adoro atividades ao ar livre, assistir séries, música e a noite. Taurina nata e gateira de carteirinha.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
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