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"Narra Várzea" tem humor e rap em transmissões esportivas

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Por André Santos | 20.06.2018

Publicado em 20.06.2018 | 14:08 | Alterado em 22.11.2021 | 15:43

Tempo de leitura: 3 min(s)

“Não tô nem aí pra FIFA, aqui é Cooperifa”, diz o narrador enquanto a bola rola no gramado artificial do Centro de Convivência do Jardim Mituzi, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.

Em uma tarde de céu nublado com momentos de garoa no sábado (16), as torcidas faziam o som com baterias. Havia DJ e, ao lado da quadra, um grupo formado por músicos e um escritor tinha a missão de narrar os jogos do Festival de Várzea Poética. 

“Tarde fria, mas com corações quentes, quebrada”, completa Allan da Rosa, escritor e um dos integrantes do projeto “Narra Várzea”.

Com quatro partidas entre equipes das periferias da capital e da Grande São Paulo, o festival foi realizado pela Cooperifa, movimento cultural da região que completa 17 anos em 2018, e pelo time Unidos do Morro, do próprio Jardim Mituzi. A ideia em período de Copa do Mundo era unir os jogos com poesia e clássicos do soul, funk e hip hop nacional e internacional. 

“O “Narra Várzea” surge em 2013 aqui no Taboão, mas esse bonde se juntou mesmo em 2014, na Cracolândia”, conta Alex Barcellos um dos narradores e criador do projeto. 

Eles cobriram  a Copa do Mundo de Futebol de Rua, realizada em 2014 no bairro dos Campos Elíseos, onde fica a região conhecida como Cracolândia, na capital. Na ocasião, narraram os jogos que reuniram mais de 300 participantes de 24 países. Atualmente, narram quando recebem convites, como o caso da Cooperifa. 

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Da esquerda para a direita, Eduardo Brechó, Alex Barcellos, Preto Win, Akins Kintê, Fino do Rap, William Samurai (artilheiro do família R12) e Allan da Rosa (de gorro amarelo) (Divulgação)

O time de narradores é composto por sete componentes: Alex Barcellos, Eduardo Brechó, Preto Win, Akins Kintê, Fino do Rap e Allan da Rosa se dividem entre narrações e comentários, ao lado do DJ Tano. “Quem comanda as picapes normalmente é o DJ Tano, que é do Z´àfrica Brasil (grupo de hip-hop paulistano), mas hoje especialmente estamos aí com o DJ Kula”, explica Barcellos.

Eles se dividiram em duplas em cada jogo. Rimas, poesias e tiradas humorísticas ficam por conta dos dois integrantesOs apelidos dos jogadores, por exemplo, são um prato cheio: Barriga, Boca, Chupeta, Pinga e o goleiro Marciano do CDHU do Jardim São Luís, na zona sul. “Esse é um dos melhores jogos da galáxia, que diga o goleiro Marciano”. “Dispararam um foguete na direção do Marciano”.

“DJ Kula, aquele que o disco não pula”, emenda Eduardo Brechó, narrador, vocalista e diretor musical da banda paulistana Aláfia.

Viola, jogador do Sem Querer, fez o gol da vitória sobre o CDHU. Toda vez que ele pegava na bola os narradores cantavam trechos de músicas que continham em suas letras a palavra ‘viola’. Já o centroavante William Samurai, 26, do time Família R12 fez três gols no primeiro tempo da partida contra o Canab’s e pode pedir música no intervalo. No segundo tempo, o inspirado atacante fez mais três. “Pode pedir outra música, se três vale uma, seis vale duas”. O rapaz pediu Zeca Pagodinho.

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Escalações das equipes na folha de caderno para a transmissão (André Santos/Agência Mural)

Em sua página no Facebook o projeto diz que a missão é “inserir e levar cultura, lazer, literatura, poesia e informação para o esporte”. E é preciso fôlego. Foram quatro jogos no dia, 14 gols narrados, sem deixar a bola cair. “Estamos aqui hoje para colaborar com a Cooperifa, que é nossa parceira. Sempre que eles precisarem, estaremos aqui”, completou Alex Barcellos. 

Em campo, o Fundão bateu o Unidos do Morro por 2 a 1, o R12 goleou o Canab’s por 6 a 0, o Fut de Quinta venceu o Jardim Letícia, por 2 a 0, e o Sem Querer fez 2 a 1 sobre o CDHU.

André Santos é correspondente do Jardim Fontális
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