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Por: Egberto Santana | Isabela Alves
Notícia
Publicado em 07.03.2024 | 17:11 | Alterado em 07.03.2024 | 20:23
O Oscar 2024, principal premiação cinematográfica americana, será no próximo domingo (10 de março). Quem acompanha, costuma fazer uma maratona para assistir os filmes e palpitar sobre os vencedores. Mas e quanto ao audiovisual das nossas quebradas? Quais os destaques e lançamentos que foram gravados nas periferias de São Paulo?
Com o intuito de reunir os principais nomes do audiovisual dos territórios periféricos, a Agência Mural selecionou 7 filmes que passaram por festivais e mostras de cinema para você fazer a lista e conhecer.
Gravado em Cidade Tiradentes, Fluxo – O Filme conta a história de Fábio, um jovem de 22 anos que, após o término do relacionamento, vai em um fluxo de funk com amigos. No caminho, enfrenta dilemas, conflitos internos e externos que atravessam desde a juventude até as relações pessoais.
O curta-metragem traça uma jornada de memória e homenagem à vivência da juventude dentro dos bailes funk, entre o lazer e a violência policial presente nas periferias.
A pré-estreia aconteceu em 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, reunindo cerca de mil pessoas no Vão do Anhangabaú para a exibição. No mesmo mês, passou pelo Lift-Off Filmmaker Sessions, em Londres, mostra dedicada à exibição de filmes independentes de novas vozes ao redor do mundo.
A equipe também planeja um lançamento oficial em 21 de abril, dia do aniversário da Cidade Tiradentes, para que a galera da quebrada possa assistir o filme gravado no próprio território.
Por enquanto, o filme segue em cartaz online até o dia 14 de março na Mostra Competitiva Na Tela da Quebrada.
Dirigido por GG Albuquerque e Felipe Larozza, respectivamente, de Recife e São Paulo, Terror Mandelão é um documentário sobre a cena do mandelão, um dos estilos de funk paulista mais populares nas quebradas da capital, principalmente no baile do Helipa, em Heliópolis, na zona sul da capital.
É lá onde o personagem principal do filme, DJ K, de São Bernardo do Campo, realiza shows para milhares de jovens de todos os cantos do Brasil.
O longa acompanha a vida de DJ K, mas, principalmente, o trabalho musical do artista: o corre para chegar a tempo nos shows, a produção em estúdio e o convite internacional para fazer um disco e uma turnê pela Europa. O filme também conta a mudança de vida do MC Zero K, que acompanha o DJ nos shows e canta algumas das faixas produzidas por ele.
O documentário também experimenta com efeitos visuais dentro dos bailes funk, com riscos na tela e distorções que combinam com a sensação caótica da própria música, composta por graves e agudos agressivos. Terror Mandelão estreou na 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes e promete circular por mais festivais ao longo do ano.
Nas ruas de Itaquaquecetuba, Anderson, um jovem negro de 17 anos, rouba uma moto, anda a mil pela noite, tromba antigos amigos e termina o dia na delegacia, com a testa cortada. Quem o busca é o pai, tão distante quanto os amigos. Se a bravura o domina com a moto, é a partir do encontro na delegacia que ele irá lidar com os sentimentos.
A narrativa é econômica e possui apenas 10 minutos, que permite explorar os gestos, olhares e aproximações entre os dois personagens, com mágoas e ressentimentos um pelo outro.
Dirigido por Fábio Rodrigo, também de Itaquá, Engole o Choro estreou no Festival do Rio de 2023 e segue passando pelos festivais e mostras de cinema.
O roteiro do curta vai se transformar em um longa-metragem, depois de passar pelo Brlab, laboratório com foco em filmes em projetos audiovisuais em desenvolvimento, e ter sido selecionado pela incubadora do Projeto Paradiso, projeto de investimento em formação profissional do setor audiovisual.
O documentário da cineasta estreante, Kerexu Martim, celebra a retomada do plantio de variedades do milho tradicional do povo Guarani M’bya na aldeia Kalipety, localizada no bairro da Barragem, em Parelheiros, extremo sul de São Paulo.
Protagonizado pela ativista e liderança indígena Jera Guarani, o filme retrata a luta de uma década para recuperar as áreas secas e degradadas da região.
O milho é considerado um alimento divino para a população indígena, portanto, o plantio passa por rituais e bênçãos até o momento da colheita e quando a aldeia se reúne para alimentar o corpo e espírito.
Como reconhecimento pelo curta, a diretora recebeu o Prêmio Helena Ignez de Destaque Feminino, na 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes.
Dirigido por Roney Freitas, o curta-metragem foi realizado em parceria com o grupo de rap indígena Oz Guaraní e os artistas Guarani Mbyá das aldeias Itakupé e Pyau, localizadas no Jaraguá, bairro da zona norte de São Paulo.
Em Mborairapé, os protagonistas revelam a conexão com a natureza e ancestralidade através da música, por meio das canções, com rimas poéticas que trazem o contexto social, político e cultural da aldeia do Jaraguá.
O filme já passou por importantes festivais brasileiros, como a 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes, o 34º Curta Kinofórum, e foi premiado como melhor curta no IV Jornada de Estudos do Documentário (PE).
Dirigido por Ubirajara Gonçalves Filho, nesta animação de ficção científica, composta por diversos estilos, como o 2D, 3D, montagens digitais e fotografias, conhecemos a história de luta dos motoboys kamikazes, que se unem contra a Kung Food, em um retrato lúdico que denuncia a violência policial e a uberização do trabalho.
A empresa de delivery prega a filosofia de que esses homens e mulheres são empreendedores, quando na verdade o grupo está sendo explorado por menos de um salário mínimo. Liderados por Grilo, eles lutam por melhores condições de trabalho.
O longa-metragem dirigido pelo paraibano Tiago A. Neves retrata a vida e obra de Edson Aquino, um dramaturgo underground da cena em Diadema, município do Grande ABC, em São Paulo.
O filme foge da linguagem tradicional sobre como retratar a trajetória épica de um artista e apresenta o protagonista sob a ótica de um humor sarcástico e irônico.
Ao completar 35 anos de carreira, dois documentaristas estrangeiros decidem registrar a carreira de Edson, o que leva o dramaturgo a questionar sobre a fama e ir em busca da sua própria autenticidade.
O filme recebeu uma menção honrosa na Mostra Autora da 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes.
Jornalista, também é crítico de cinema e redator. Sempre ouvindo ou assistindo alguma coisa, do novo ao velho, do longa-metragem ao reels do Instagram ou Tik Tok. Correspondente de Poá desde 2021.
Graduada em jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi (UAM) e pós graduanda em Mídia, Informação e Cultura pelo Celacc/USP. Homenageada no 1° Prêmio Neusa Maria de Jornalismo. Correspondente do Grajaú desde 2021.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
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