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Agência de Jornalismo das periferias

Isabelle India

Por: Cleberson Santos

Notícia

Publicado em 05.04.2023 | 18:14 | Alterado em 05.04.2023 | 18:14

Tempo de leitura: 2 min(s)

Lançado em dezembro de 1997, o álbum “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais MC’s, é considerado um dos mais importantes na história da música brasileira, é conteúdo obrigatório no vestibular da Unicamp e, agora, serviu de inspiração para uma exposição fotográfica na zona sul de São Paulo.

Levando o mesmo nome do álbum, a exposição “Sobrevivendo no Inferno” é o novo projeto da fotógrafa Fernanda Souza, 28, conhecida artisticamente como Correrua

Fernanda Souza é referência em fotografia da cena funk em São Paulo @Isabelle India

Famosa pelos registros de bailes funks, Fernanda chegou a ter uma exposição no CCSP (Centro Cultural São Paulo) no ano passado. Desta vez, o trabalho está disponível no próprio bairro onde a fotógrafa cresceu, o Grajaú.

“As pessoas tentam desconectar ou subverter nossa genialidade, levando a gente para as partes centrais, sendo que aqui na quebrada a gente não tem tanto esse movimento. E quando tem não dialoga com o funk”

Fernanda conta que quer, por meio dessa exposição, inverter o fluxo cultural, fazendo com que as pessoas do centro se desloquem para a periferia para ver a arte dela. “Estou tentando democratizar. É aqui, não é na Vergueiro ou em Pinheiros. Essa é a Correrua na sua essência, na rua, essa sou eu.”

Local da mostra é na quebrada onde mora Fernanda @Aninha Campos

O local escolhido para a fotógrafa é ainda mais simbólico, o escadão onde fica a casa dela. “Aqui na minha quebrada tem muito escadão, é um lugar aberto para as pessoas passarem, ver um trampo. Além disso, os escadões são espaços deteriorados, e eu quero trazer uma beleza para esse lugar”, comenta.

Entre as fotos presentes na exposição está a “começo de tudo”, primeira fotografia feita pela Correrua em um baile, em 2015.

Primeiro registro de um baile funk, em 2015 @Aninha Campos

De acordo com Fernanda, a exposição nasceu do “luto e renascimento”. A artista passou por um momento de isolamento, mas voltou a ver sentido no seu trabalho a partir de conversas com outras jovens que conheceu e fotografou nos bailes, e que a viam como referência ou apoio.

“Entrei numa crise existencial violenta e não ia mais trabalhar com isso, mas essas conversas me fizeram me olhar no espelho, dar uma reviravolta, buscar de novo meus equipamentos, que cheguei a vender, e fazer essa exposição”, conta.

Exposição tem visitação guiada com a própria artista @Aninha Campos

Ao trazer o nome “Sobrevivendo no Inferno”, a fotógrafa buscou resgatar um dos principais apoios que teve nos momentos difíceis da sua adolescência, mas também trazer feminilidade ao álbum clássico dos Racionais.

“O eu-lírico das músicas parece masculino, mas se encaixa muito comigo e com a minha vivência. Este é um álbum que tem muitas referências espirituais e eu, por ser do candomblé, também me conecto muito com isso.”

Além de fotógrafa, Fernanda também já trabalhou como jornalista, pesquisadora, stylist e professora de língua portuguesa, que é a sua área de formação acadêmica.

As fotos da exposição “Sobrevivendo no Inferno” estão abertas ao público, com direito a visita guiada com a própria Correrua.

Exposição Sobrevivendo no Inferno

Endereço: Avenida Chão de Estrela, 234, Grajaú – SP

Horário: Até 10/4, domingos e segundas, das 13h às 17h

Preço: Gratuito

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Cleberson Santos

Correspondente do Capão Redondo desde 2019. Do jornalismo esportivo, apesar de não saber chutar uma bola. Ama playlists aleatórias e tenta ser nerd, apesar das visitas aos streamings e livros estarem cada vez mais raras.

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