Há um mês no cargo, Jamil Yatim encara o desafio de administrar quatro grandes distritos e promete maior agilidade no atendimento de solicitações da população
Por: Redação
Publicado em 27.08.2018 | 13:59 | Alterado em 27.08.2018 | 13:59
No extremo leste da capital paulista, Itaquera é sinônimo de desafio para qualquer subprefeito. A região é composta por aproximadamente 570 mil habitantes, distribuídos por quatro distritos: Itaquera, Cidade Líder, Parque do Carmo e José Bonifácio.
Há um mês à frente da administração local, o subprefeito Jamil Yatim, 57, ocupou a vaga de Jacinto Reyes, que comandava a região desde a gestão do ex-prefeito João Doria (PSDB).
Antes de aceitar o convite de Bruno Covas (PSDB), Yatim atuava como diretor-presidente do Departamento de Água e Esgoto (DAE) de Jundiaí, cidade de pouco mais de 400 mil habitantes a 57 km da capital paulista.
Questionado sobre quais são os maiores desafios que a atual gestão tem pela frente, o subprefeito se limita a declarar que eles e suas demandas “pertencem a toda a cidade”.
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De acordo com ele, Itaquera conta atualmente com quatro equipes dedicadas aos serviços de zeladoria — antes a sede possuía apenas uma, para dar conta de uma área de mais de 54 km².
“No último bimestre, registramos aproximadamente 520 mil m² de área roçada. Estamos, sem dúvida, ampliando o atendimento aos pedidos dessa natureza”, conta.
Apesar do número significativo, o serviço não chegou ao Jardim Brasília, onde mora o casal Vera Lúcia da Costa, 59, e Antenor Campos da Silva, 63.
Segundo eles, na praça Malandro (localizada na rua Pedro Luís de Sousa), os moradores precisaram fazer uma “vaquinha” para arrecadar dinheiro e, assim, realizar a limpeza do local.
A região tem mais de 150 praças oficiais. Yatim afirma que a subprefeitura adotou mais treze. Essa adoção, explica ele, acontece por meio do programa “Adote uma Praça”.
A iniciativa foi criada e sancionada por João Doria com o propósito de revitalizar praças pelas empresas, permitindo a elas o uso da publicidade – conforme as exigências da Lei Cidade Limpa.
CRÍTICAS À ZELADORIA
A ausência de lixeiras – geralmente queimadas ou quebradas – em vias públicas é outra queixa comum quando o assunto é zeladoria urbana.
O designer de animação Bruno Farias, 23, morador da Cidade Líder, diz desconhecer o novo subprefeito e reclama dos problemas ligados à ausência de infraestrutura e serviços.
“O bairro está caótico. Algumas obras que, em teoria, eram para a Copa do Mundo de 2014 perduram até hoje, atrapalhando o trânsito local e aumentando o tempo de deslocamento dos moradores para qualquer lugar”, afirma.
“Esse tipo de serviço demora a acontecer. A falta de conservação de áreas verdes no bairro inibe até mesmo os moradores de usar esses espaços”, comenta Farias.
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Yatim acredita ser natural que nem todos saibam dessas mudanças. “Mas estou aberto ao diálogo com os munícipes”, pondera ele, reiterando estar convicto de que administrar a região “não será um trabalho simples”.
Sem especificar como, o subprefeito esclarece estar elaborando uma programação para minimizar as queixas de demora nos serviços de limpeza e revitalização das praças.
BURACO E FALTA DE SINALIZAÇÃO
Apesar das obras de recapeamento nas avenidas Itaquera e Caititu, no bairro Cidade A. E. Carvalho, e Afonso Pena, no Parque do Carmo, o programa Asfalto Novo (iniciado durante a gestão de Doria na Prefeitura de São Paulo) tem sido alvo de críticas.
Ruas no Jardim Marília, Jardim Brasília e Jardim Ipanema têm buracos enormes. Obras de recapeamento costumam ser feitas pela prefeitura nos locais, mas em pouco tempo tornam a abrir e ser um contratempo para motoristas e pedestres.
Há também o transtorno com sinalizações que não são refeitas depois dos asfaltos serem restaurados, tampouco quando ficam gastas com o passar do tempo. E casos de feiras livres que não são fechadas para carros, a exemplo do que acontece na rua Pedro Luís de Sousa.
“A gente vai para a feira e não fica sossegada, pois os carros passam por dentro dela”, explica a moradora Vera Lucia. “Não deveria ter carro. A gente vai fazer compras e eles quase nos atropelam”, completa.
O subprefeito afirma resolver esses problemas com a ajuda da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e demais órgãos responsáveis.
“A cidade de São Paulo é enorme e tem muitos problemas, mas estamos com nossas equipes nas ruas para atender as demandas com a maior agilidade possível”, promete.
LAZER
Com opções de cultura concentradas na Oficina Cultural Alfredo Volpi, próxima à avenida Jacu Pêssego, no CEU Azul da Cor do Mar, em Cidade A. E. Carvalho, e na Casa de Cultura Raul Seixas, no distrito de José Bonifácio, as atrações não atendem toda a população.
Neste sentido, tanto o casal Vera e Antenor quanto o designer Bruno afirmam desconhecer quaisquer atividades ou projetos de lazer e cultura em seus bairros ou nos arredores. Se existem, são pouco divulgados.
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O subprefeito contesta e informa que o quadro é outro. “Aqui [na subprefeitura] temos aula de tai chi e lian gong, técnicas marciais e terapêuticas chinesas, com professoras voluntárias. Também temos um projeto para receber alunos das escolas municipais em nossa sala de cinema”, ressalta.
A sala fica localizada na sede da subprefeitura, mas não está funcionando. Yatim promete soluçar o problema “em breve”.
Além disso, o administrador também explica que há oficinas gratuitas na Casa da Memória, onde também são oferecidas aulas de balé, capoeira, fotografia, entre outras atividades.
“Também apoiamos os eventos realizados pelas associações do bairro sempre que há alguma ação social ou lazer gratuito. Abrimos espaço em nosso site e redes sociais para a divulgação de atividades culturais de outras secretarias para manter os munícipes informados sobre as opções bacanas e gratuitas perto da casa deles”, finaliza.
http://32xsp.org.br/2017/01/04/da-copa-do-mundo-ao-campo-de-terra-os-dois-lados-do-esporte-em-itaquera/
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