Daniel Santana/Agência Mural
Por: Daniel Santana
Notícia
Publicado em 15.09.2023 | 15:43 | Alterado em 15.09.2023 | 15:43
Todos os dias, a estudante de nutrição Daniele Garcia, 21, sai do Jardim São Luís até a região do Ipiranga em um trajeto que deveria levar aproximadamente 1 hora e 10 minutos. Mas a situação mudou nos últimos meses. “O trajeto até o Terminal João Dias foi de 15 para 40 minutos”, destaca sobre o começo do caminho no bairro da zona sul de São Paulo.
O motivo da demora é uma obra que vem sendo realizada em duas avenidas de grande fluxo na região: a Avenida Geraldo Fraga de Oliveira e a Avenida Maria Coelho de Aguiar. Parte dos trabalhos já deveria ter sido concluída, mas surgiram buracos no asfalto e afundamento no solo que complicaram novamente a situação.
Desde fevereiro deste ano, está em curso a requalificação do sistema de drenagem, calçadas e a substituição da tubulação de águas pluviais em uma extensão de 414 metros no bairro.
Um dos “shafts” abertos na avenida Maria Coelho de Aguiar para a realização das obras pluviais @Daniel Santana/Agência Mural
A obra, que é de responsabilidade da Siurb (Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras), da Subprefeitura do M’Boi Mirim e da SPObras, tem um custo aproximado de R$ 78,1 milhões e abrange a região do córrego São Luís.
O objetivo principal é minimizar os impactos de possíveis alagamentos causados por fortes chuvas nas vias, especialmente em pontos críticos das avenidas.
Quanto aos prazos, são duas entregas. No caso das obras na Maria Coelho, a previsão é que as reformas sejam concluídas no início de 2024. Já os reparos na Geraldo Fraga foram finalizados em junho, onde problemas surgiram após a conclusão.
“Afundou o piso porque foi mal feito. Os buracos abriram porque o serviço não foi bem feito, nem choveu e abriu vários buracos.”, afirma Telma Oliveira, 49, que trabalha na área de serviços gerais.
Intervenções levaram a bloqueio de faixas na região @Daniel Santana/Agência Mural
Devido ao problema, foram necessárias interdições pontuais. Em alguns dias, linhas de ônibus tiveram mudanças no trajeto sem aviso prévio à população.
“A população deveria ser avisada previamente se os ônibus irão passar ou não, até por questões de atualização das pessoas, já que de manhã a avenida está aberta e a tarde pode estar fechada”, afirma o estudante Pablo Barbosa, 16.
No início das obras, um total de dez linhas de ônibus tiveram os trajetos modificados. Isso causou congestionamentos na Avenida Maria Coelho e também nas ruas adjacentes do Jardim São Luís, Jardim Ibirapuera e Vila das Belezas – muitos motoristas as utilizavam como rota alternativa para acessar a Avenida João Dias, a Estrada de Itapecerica e a Marginal Pinheiros.
Um dos informes alertando a população sobre a mudança de rota de uma das linhas. Segundo entrevistados, esses avisos não são encontrados em outras avenidas que faziam parte da rota @Daniel Santana/Agência Mural
Com a falta de informação por parte do poder público, moradores têm se atualizado por meio das redes sociais do bairro. Daniele afirma ser necessário mais informações sobre as alterações de rotas nos pontos de ônibus de ruas e avenidas próximas às obras.
“Recentemente, eu vi em um ponto a placa informando a mudança de rota do Capão Redondo (Linha 6836-10), mas só vi lá na avenida Geraldo Fraga. Em outras (avenidas) não existem esses avisos”, destaca.
Coordenador do programa de mobilidade urbana do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Rafael Calabria afirma ser um problema grave uma obra precisar de cuidados com recapeamento logo após ser entregue.
Ele ainda destaca que a pressa na conclusão pode ter sido um dos motivos para o surgimento de novos problemas.
O especialista define como “pressa política” como um dos motivos dessas e de outras obras que vem surgindo pela cidade: “Essa quantidade de obras paralelas junto é um pouco da ‘pressão’ que a prefeitura está tendo, porque estamos próximos de um período eleitoral e eles querem mostrar serviço e a obra poderia ter sido escalonada”, avalia.
Ponto de ônibus em frente a um dos canteiros de obras na Avenida Maria Coelho Aguiar @Daniel Santana/Agência Mural
Questionados, a Subprefeitura do M’Boi Mirim, a SPObras e a SPTrans enviaram uma nota conjunta em que afirmam que os reparos no asfalto da Avenida Geraldo Fraga de Oliveira estão na fase final de pavimentação e devem ser concluídos ainda em setembro.
Os órgãos também afirmam que houve um planejamento para a realização dessa intervenção decorrente das obras, e a SPTrans foi acionada para realizar o remanejamento das linhas de ônibus, enquanto a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) ficou responsável pelo direcionamento do tráfego local através de faixas informativas sobre as alterações nas vias.
No que diz respeito à alteração e às mudanças nas linhas de ônibus, a SPTrans diz que recebeu várias solicitações dos moradores do Jardim Monte Azul para que a linha 6836/10 (Capão Redondo – Term. João Dias) mantivesse o percurso pela Avenida João Fernandes Camisa Nova Jr. em caráter definitivo, sem passar pela Geraldo Fraga, o que foi implementado em 29 de julho.
Jornalista, apaixonado por livros, samba e carnaval. Corintiano, vivo o futebol de domingo a domingo. Adoro contar histórias através do jornalismo.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.
Envie uma mensagem para [email protected]
Grupo de rock negro leva Candomblé e ancestralidade para letras
‘Merecemos mais dignidade que a escala 6X1’, diz trabalhadora negra periférica
‘Quero retratar corpos que não são vistos como belo’, diz artista do Grajaú
Narrando cotidiano das periferias, escritor atípico de Itaquera denuncia desigualdade
Agência Mural celebra 14 anos e lança pesquisa sobre comunidades de apoiadores no jornalismo
Grupo de rock negro leva Candomblé e ancestralidade para letras
‘Merecemos mais dignidade que a escala 6X1’, diz trabalhadora negra periférica
‘Quero retratar corpos que não são vistos como belo’, diz artista do Grajaú
Narrando cotidiano das periferias, escritor atípico de Itaquera denuncia desigualdade
Agência Mural celebra 14 anos e lança pesquisa sobre comunidades de apoiadores no jornalismo
