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Agência de Jornalismo das periferias

Felipe Barbosa/Agência Mural

Por: Carol Lima | Felipe Barbosa | Simony Maia | Thila Moura

Notícia

Publicado em 31.07.2024 | 10:39 | Alterado em 31.07.2024 | 10:49

Tempo de leitura: 5 min(s)

Moradora do bairro Engenho Velho, em Embu das Artes, a diarista Miriam dos Santos, 29, utiliza o ônibus há mais de 20 anos. Ela diz que os intervalos irregulares se tornaram constantes desde o período da pandemia de Covid-19. “Acho que nunca mais voltou a ter uma circulação como antes. Antes saía ônibus de 20 a 25 minutos, no máximo meia hora.”

A Agência Mural foi até o Terminal Vila Sônia acompanhar o fluxo da linha 033 em duas datas, 31 de maio e 14 de junho. No primeiro dia, chegamos às 16h16 e o ônibus chegou às 17h31 – mais de uma hora, enquanto a tabela oficial indica que o coletivo passa a cada 20 minutos.

No segundo dia, a espera foi mais dentro do previsto: esperamos das 18h09 até 18h35. Nos dois dias havia uma fila de espera grande, perto de atravessar a parte de outro ônibus.

Passageiros aguardam o ônibus da linha 033 no Terminal Vila Sônia, em Embu das Artes @Felipe Barbosa/Agência Mural

“Cheguei a ficar aqui duas horas esperando”, revela a administradora hospitalar Rihanna Medeiros, 34. A moradora do Jardim de Lourdes costuma esperar mais de uma hora na fila da linha de ônibus 033.

Esse tipo de reclamação é a realidade vivida em várias partes da Grande São Paulo. Enquanto se discute a implantação de tarifa zero, os ônibus intermunicipais, com preços que superam os R$ 7, costumam ser a única opção para moradores que trabalham em municípios vizinhos da capital.

Tarifa alta

As queixas sobre o serviço são várias, mostram correspondentes da Agência Mural em várias partes da região metropolitana. Além do tempo de espera, o valor da passagem que sofreu aumento de 13% no começo do ano estão entre os problemas.

“É um valor exorbitante para um trecho muito curto. Agora, não sei se por questão de trânsito ou se é um ajuste do horário que eles fizeram para encaixar certinho para vim até o Vila Sonia, demora muito. É muito mais caro e a qualidade é bem inferior”, conta Miriam sobre a tarifa de R$ 6,40.

Quando falamos de passageiros PCD’s (Pessoas com Deficiência), a dificuldade dobra. Muitas vezes sendo necessário esperar vários ônibus, estando sujeito a perder os compromissos.

O aposentado Valdeci Silva, 50, vive em Diadema, no ABC Paulista, há 30 anos, por onde as linhas 446, 359 e 050 fazem o trajeto para quem quer sair da cidade em direção a São Paulo ou a São Bernardo do Campo.

Usuário de cadeira de rodas, ele enfrenta dificuldades para embarcar e, muitas vezes, os motoristas se recusam a levá-lo. “Eles querem culpar a gente pelo tempo que fica parado. Alguns passam reto, não querem atender, já fizeram muito isso comigo”, conta o aposentado.

Longas filas e ônibus lotados impedem que passageiros preferenciais consigam entrar no transporte @Simony Maia/Agência Mural

Valdeci relata ter sofrido problemas por causa da PEV (Plataforma Elevatória Veicular), como o motorista não ter o controle de funcionamento. “Já aconteceu de eu chegar no ponto de ônibus e o elevador estar quebrado e eu ter que esperar 40 minutos para pegar outro”, relata o passageiro.

Uma outra queixa do diademense em relação a linha de transporte, é a demora e a lotação.

‘Já cheguei muito tarde em casa porque o ônibus estava muito cheio e não tinha como entrar. E é sempre aquela desculpa do motorista: ‘pega o próximo’

Valdeci, aposentado que usa cadeira de rodas

Em Itapevi, na região oeste da Grande São Paulo, a bacharel em direito Semara do Prado Silveira Queiroz, 34, enfrenta superlotação todos os dias ao pegar as linhas de ônibus 468 – Vila Velha e 468 – BI1 para chegar em Alphaville, na cidade de Barueri.

“Sou asmática, já passei mal do percurso até em casa”, conta a moradora. As passagens das linhas que vão de Itapevi para Alphaville custam em torno de R$7,55 a R$ 8,65 por viagem, considerada uma das mais caras da região.

“Acredito que para melhoria da linha seria necessário mais ônibus saindo do Shopping Iguatemi, porque na Rodovia Castello Branco tem muitas empresas, e o ônibus não suporta tamanha demanda”, comenta a passageira.

A copeira Iracema Ferreira, 55, trabalha em Alphaville, e pega de segunda a sexta às 6h45 os ônibus 821 ( Barueri – 18 do Forte ), 468 ou 468 Bl1. “As pessoas às vezes até machucam a gente para dar espaço, tem muita confusão dentro do ônibus, é de segunda a sexta um pique doido, e a gente vai levando a vida assim”, desabafa.

Ônibus de Itapevi sentido Aphaville com superlotação @Carol Lima/Agência Mural

Na cidade de Itapecerica da Serra, duas linhas importantes para o trajeto são 34 –São Marcos, 806 –Jardim Montezano. No entanto, os atrasos costumam fazer os usuários buscarem outras opções. Há também a linha municipal da Viação Bela Sintra.

“Um dia estava indo trabalhar, peguei o micro-ônibus 2101 (Viação Bela Sintra) e após 20 minutos de ter pegado ele quebrou; resultado: peguei o próximo com 40 minutos de espera e pedi para um funcionário do meu trabalho me buscar pois tinha perdido o fretado da empresa”, diz a analista administrativa Cintia Inez Gomes, 26, moradora de Itapecerica da Serra.

Ela reclama das opções dos ônibus intermunicipais por conta da demora. “São ônibus velhos e com capacidade reduzida de passageiros”, afirma.

“A superlotação é um grande problema no horário de pico, nos horários onde a maior população sai do trabalho, uma medida que poderia ser incluída é mais ônibus no horário onde o fluxo é maior”, opina a assistente administrativa Jeniffer Vieira Araújo Carneiro, 30.

O que diz a EMTU?

A EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), responsável pelas linhas intermunicipais, respondeu aos questionamentos da reportagem. Sobre Embu das Artes, a empresa afirmou que serão programados acompanhamentos operacionais para verificação do cumprimento da programação horária estipulada e verificação de possíveis ajustes.

Os horários das partidas podem ser consultados no site da EMTU ou no app EMTU Oficial.

Sobre as reclamações do passageiro de Diadema, a empresa afirma que não houve redução das frotas das linhas 446, 359 e 050, nos últimos dois anos.

Ainda, de acordo com a empresa, todo veículo cadastrado no sistema metropolitano é submetido à inspeção técnica veicular, baseada no manual da EMTU, onde são verificados mais de 900 itens, incluindo o equipamento de acessibilidade.

Segundo a empresa EMTU, atualmente existem 15 linhas metropolitanas que ligam Itapevi a Barueri. A EMTU diz que as viagens são adequadas conforme a demanda de passageiros, e existem monitoramentos diários.

Também afirma que fiscalizações são realizadas para garantir a qualidade do serviço. “A linha continuará sendo monitorada para que ajustes sejam feitos, para melhor atender os passageiros”, ressalta a empresa.

Sobre as linhas de Itapecerica da Serra, a empresa declarou em nota que as linhas 034 e 806 não tiveram redução de frota nos últimos dois anos. A linha 806, inclusive, teve aumento de um veículo na operação a partir de fevereiro de 2024. Os dois serviços cumprem o mesmo trajeto em 75% do itinerário, o que proporciona mais opções de mobilidade aos passageiros.

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Carol Lima

Jornalista e digital influencer, amo contar histórias. Mãe de dois meninos, atualmente produzo conteúdo sobre maternidade e lifestyle nas redes sociais

Felipe Barbosa

Jornalista e social media, motivado por boas histórias e ideias. Jovem de espírito sonhador, com um pé na área cultural. Correspondente de Embu das Artes desde 2023

Simony Maia

Jornalista que se aventura pelo universo das redes sociais falando sobre política, cultura e entretenimento. Em busca de sempre vivenciar novas trocas para contar boas histórias. Correspondente de Diadema desde 2023.

Thila Moura

Estudante e apaixonada por fotojornalismo. Jornalista é reportar histórias, fatos e corroborar com questões sociais. É ter sede da comunicação. Correspondente de Itapecerica da Serra desde 2023.

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