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Para ex-detento, não há aprendizado técnico na cadeia

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Por Lucas Veloso | 07.04.2016

Publicado em 07.04.2016 | 21:45 | Alterado em 27.02.2024 | 21:39

Tempo de leitura: 2 min(s)

“Na penitenciária não havia nada que desenvolvesse minhas habilidades técnicas”. Quem revela esse cenário é o supervisor de vendas e ex-presidiário, Rudy Travellini, 33, morador da região central de São Paulo.

Travellini é egresso do sistema prisional brasileiro, que possui a quarta maior população carcerária do mundo, segundo dados divulgados em junho de 2015 pelo Ministério da Justiça.

O supervisor foi preso há alguns anos (tempo não revelado por ele), após se envolver em um furto. Uma experiência da qual simplesmente deseja esquecer. Agora ele também realiza apresentações musicais para falar de sua trajetória.

Atualmente o Brasil registra a marca de 607.700 presos, atrás apenas de países como Rússia (673.800), China (1,6 milhão) e Estados Unidos (2,2 milhões).

Esta é também a realidade da maioria dos presídios nacionais, de acordo com dados do Depen (Departamento Penitenciário Nacional). Ao todo, 80% deles não oferecem nenhuma oficina de padaria ou marcenaria.“Eu fiquei [preso] o tempo suficiente para aprender que aquele lugar é desumano e não era pra mim”, afirma Travellini. “Não aprendi nenhuma profissão enquanto estive lá dentro”.

Conforme a lei 7.210, que rege a vida dos presos e egressos, é determinado no primeiro artigo que o objetivo fundamental da execução penal é “proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e internado”. A lei complementar de número 79, datada de janeiro de 1994, também aponta o valor de trabalho e da reinserção dos egressos no mercado de trabalho e prevê ações que podem ser tomadas para auxiliar esta população.

São Paulo lidera número de presos no Brasil

O estado de São Paulo é o primeiro na lista com mais encarceramentos. O número chega a mais 200 mil, segundo o Infopen. São quase 225 mil detentos, sendo que somente 56 mil deles encontram ocupação dentro dos presídios que estão alocados. A falta de ocupação e formação são os motivos que causam dificuldade na vida fora das grades, apontam os especialistas.

No caso de Travellini, não houve muita dificuldade na busca por emprego. Ele garante que a determinação própria foi crucial no processo de recolocação profissional.“Eu estava decidido a mudar de vida. Tive dificuldade por conta da falta de escolaridade, pois na vida do crime, larguei os estudos”, declara.

“Porém, muitos voltam para crime porque quando percebem que devem ‘ralar’ muito para ganhar um salário, lembram que, por muito menos sofrimento, podem ganhar muito mais. Jogam tudo para o alto e regressam ao crime. Mas quando uma pessoa é presa e sai decidida a mudar de vida, isso é possível”, finaliza Travellini.

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