Magno Borges/Agência Mural
Por: Jacqueline Maria da Silva | Jariza Rugiano
Notícia
Publicado em 20.04.2023 | 8:15 | Alterado em 27.02.2024 | 17:29
Luiza de Souza Parra, 8, aprende virtualmente, em casa, no bairro da Vila Clara, zona sul de São Paulo, sobre o budismo de Nichiren Daishonin, vertente religiosa fundada em 1960 no Brasil. Antes da pandemia, a criança frequentava as aulas em um templo no bairro da Liberdade, no centro da capital.
Além das aulas, ela se reúne todas as noites com a família para orar em frente ao altar que fica na sala, réplica do que existe no templo. A prática é feita com o juzu nas mãos, uma espécie de terço usado para trazer foco. O de Luiza é rosa e foi um presente de um amigo da família que trouxe do Japão.
A mãe, Marilza Parra, 44, explica que as bolinhas presentes no instrumento simulam a quantidade de ossos do corpo humano.
Luiza repete a oração budista em sânscrito lida pelos pais no pergaminho chamado Gohonzon. Em seguida eles entoam o mantra Nam-Myoho-Rengue-Kyo, que ela já decorou, mas não sabe o significado das palavras.
Mantra é uma palavra ou expressão pronunciada repetidamente. Para ela, a frase é usada para abençoar e dar alegria, sentimentos que manifesta quando realiza a prática. “O mantra ajuda a minha família. Costumo pedir para que a gente fique melhor e também já pedi uma boneca pra mim. Quando eu oro eu sinto que a tristeza vai embora”, descreve.
Com origem na Índia, o budismo é uma religião sem adoração de Deuses. Foi fundada por Buda, Siddharta Gautama (563-483 a.C.), e é definida por aceitar o sofrimento como uma parte fundamental da existência humana, que vem do apego aos desejos. A doutrina entende que a superação desses apegos garante uma condição de felicidade plena, conhecida como o nirvana.
Luiza evita tratar da religião com os colegas da escola. “Eu rezo por eles [colegas], mas eles não precisam saber que sou budista ”, acrescenta Luiza.
Em casa, ela tem dois livros sobre a religião. Um deles é o “Daigo”, que usa para pintar, e o outro é “Menino da Cerejeira”. Ela diz gostar de lê-lo porque ele traz um ensinamento sobre a família.
A história mostra um menino que sai de casa para procurar a mãe e se perde. Ao encontrar um idoso que cuida de uma cerejeira, ele o ajuda a manter a árvore, símbolo de coragem, enquanto ouve os ensinamentos do ancião.
O tempo passa e a cerejeira sobrevive, e a mãe encontra a criança. Para Luiza, ambos aprenderam um com o outro.
REPORTAGEM ESPECIAL
Luiza é uma das entrevistadas da série especial Religião na Infância, sobre como crianças lidam com a religião e o cenário de intolerância. Confira todas as histórias
Jornalista formada pela Uninove. Capricorniana raiz. Poetisa. Ama natureza e as pessoas. Adora passear. Quer mudar o mundo e tornar o planeta um lugar melhor por meio da comunicação. Correspondente de Cidade Ademar desde 2021. Em agosto de 2023, passou a fazer parte da Report For The World, programa desenvolvido pela The GroundTruth Project.
Jornalista. Gosta de andar por aí de bicicleta, encontrar os amigos, filmes, livros, shows e colecionar memes. Correspondente de São Bernardo do Campo desde 2017.
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