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Prevista para 2019, ponte Pirituba-Lapa não tem data para sair do papel

Obra depende de orçamento ainda não captado; empreendimentos imobiliários pressionam por solução no trânsito da região noroeste de SP

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Por: Redação

Publicado em 29.04.2019 | 14:52 | Alterado em 29.04.2019 | 14:52

Tempo de leitura: 3 min(s)
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Av. Raimundo Pereira de Magalhães, altura 2050 sentido centro, rumo ao Shopping Tietê Plaza (Ira Romão/32xSP)

Basta sair de casa para que o supervisor operacional Claudio Araujo, 51, enfrente o congestionamento logo na via onde mora: a avenida Raimundo Pereira de Magalhães, em Pirituba, na zona noroeste de São Paulo.

Além de pegar a avenida sempre lotada para deixar o bairro, o supervisor enfrenta um trecho da Marginal, sentido Ponte do Piqueri, ou Ponte Anhanguera. A avenida é cortada pelo Rio Tietê.

Para solucionar este gargalo, um projeto prevê a ligação entre os dois lados da via: a Ponte Pirituba-Lapa. Apesar de prometida para 2019 pelo ex-prefeito João Doria, a construção depende de recursos que ainda não foram arrecadados, sem data para sair.

A construção da Ponte Pirituba-Lapa é parte da Operação Urbana Consorciada Água Branca (Oucab), um conjunto de melhorias de infraestrutura na região oeste e norte da capital.

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Administrado pela São Paulo Urbanismo, a operação é financiada pelos Certificados de Potencial Adicional de Construção (CEPACs), comprados pelas empreiteiras em troca do direito de construir na região.

Os CEPACs, que custam entre R$ 1.400 e R$ 1.600 por metro quadrado, poderiam financiar a obra da ponte, mas não estão sendo vendidos, afirma a SMUL (Secretaria de Urbanismo e Licenciamento da Prefeitura de São Paulo).

“Por esse motivo, o Executivo encaminhou um projeto de Lei à Câmara Municipal para ajustar esses preços, atraindo os investidores e, consequentemente, viabilizando a execução de intervenções públicas”, afirma a Secretaria, em nota.

DE ONDE VEM O DINHEIRO

A proposta da Prefeitura é que os CEPACs passem de até R$ 1.600 para até R$ 800 por metro quadrado.

Segundo Cleto Vitor da Silva, 65, fundador do Movimento Ponte Pirituba Já, a mudança torna inviável a arrecadação suficiente para a construção da ponte.

Isso porque, além da diminuição do preço, a Operação também tem em seus planos obras de habitação e saúde que podem ter prioridade na hora de usar este recurso. O valor estimado da obra da ponte é de R$ 340 milhões.

“As prioridades das obras previstas são definidas pelo Grupo de Gestão da Operação Urbana, formado por representantes do poder público e da sociedade civil, e implementadas à medida que são realizados os leilões de CEPACs”, explica a SMUL.

De acordo com Cleto, a única forma de fazer com que a ponte saia do papel é a partir de outras fontes de financiamento. “Qualquer credor do Brasil e do mundo investiria dinheiro em São Paulo. Está mais do que claro. Falta planejamento e atitude política”, reclama.

Segundo a SPObras, responsável pela execução da ponte, outros recursos estão sendo avaliados. Por causa da magnitude do empreendimento, a verba deve vir, prioritariamente, da Operação Água Branca.

COMO SERÁ A PONTE

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Construção prevê retirada de cerca de 500 árvores e 45 desapropriações de imóveis (Reprodução)

Morador da avenida Raimundo Pereira de Magalhães, Claudio Araújo acredita que a ponte vai beneficiar tanto moradores de Pirituba quanto da Lapa.

O projeto do empreendimento prevê uma ligação entre os dois lados da avenida, com duas faixas de carros e uma de ônibus em cada sentido, além de ciclovia e passagem de pedestre.

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A ponte também terá duas alças de acesso à Marginal Tietê: uma delas no lado da Lapa e outra no lado de Pirituba.

Esses acessos foram adicionados após demanda, em audiências pública, de moradores da Lapa. Eles temiam o alto número de carros despejados em ruas do bairro. Na região, a avenida Raimundo Pereira de Magalhães será alargada e ganhará faixa de ônibus até o Terminal Lapa.

CRESCIMENTO DE PIRITUBA

Há 50 anos, existia uma ponte que ligava os dois lados da Raimundo. Ela foi destruída em 1970 para construção das Marginais.

“Era uma ponte de madeira, passava um ônibus de cada vez. Naquela época, não houve necessidade de reconstruí-la, já que eram poucos veículos que transitavam nas marginais”, relembra Cleto.

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Ponte de madeira que ligava os dois bairros pela Avenida Raimundo, em 1969

Em 1991, o Movimento Ponte de Pirituba Já foi criado, ainda na gestão da ex-prefeita Luiza Erundina.

De lá para cá, a avenida Raimundo Pereira de Magalhães só ganhou moradores. Além do condomínio Projeto Bandeirante, com suas 27 torres, em Pirituba, foram lançados pelo menos mais 25 prédios no trecho da via, do número 1.720 ao 3.000.

Além disso, a MRV Engenharia está finalizando as obras de um condomínio de grande porte no número 2.000, o Grand Reserva Paulista. Ele terá 7 mil apartamentos, podendo abrigar cerca de 20 mil moradores.

“Se a ponte não for construída, vamos ficar ilhados. A solução é construção dela, não tem outra alternativa”, reforça Cleto.

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